Innovation Festival 2023 discute o futuro da IA generativa

Convidados falaram sobre os impactos econômicos e sociais dos negócios das favelas e sobre o futuro das empresas com IA generativa

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Rafael Farias Teixeira 4 minutos de leitura

No primeiro dia da terceira edição do Innovation Festival, principal festival da Fast Company Brasil, uma mesa redonda moderada por Erlana Castro abordou a questão do ESG e do greenwashing.

“Precisamos de um nível de desconforto, precisamos dos ativistas. Mesmo que a custo de alguns negócios. Senão, morreremos fervidos”, enfatizou Erlana, que é especialista em estratégia criativa, pesquisadora independente e professora da Fundação Dom Cabral. “Precisamos fazer novas perguntas, perguntas potentes. Toda vez que alguma ideia chegar com a cara de ‘como era feito antigamente’, está na hora de parar e repensar”, afirmou.

O debate, que reuniu Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, e Fabiana Schaeffer, cofundadora da Netza&Co, tocou  na urgência de entender o atual panorama e identificar oportunidades reais de transformação, identificando ferramentas e ações necessárias para que as práticas cheias de boas intenções não caiam no greenwashing.

Erlana Castro (esq.), Marcelo Pimenta e Fabiana Schaeffer (Crédito: @monking.br)

“Hoje em dia, precisamos mostrar como usar dados para apoiar ações de ESG”, disse Pimenta, que mostrou um caso de uso de mapeamento por satélite para entender a evolução da ocupação de um território indígena. 

Outro ponto em discussão foi a prática, adotada por parte das empresas, de cair no greenwashing, muitas vezes, por medo de serem canceladas. “Estamos comunicando errado, por meio do medo, em curto prazo, quando deveríamos estar pensando em longo”, refletiu Fabiana.

O participantes lembraram, porém, que diferentes linguagens devem ser usadas para convencer as empresas da necessidade de inserir práticas de ESG em suas rotinas. “Nessa hora, é preciso provocar os tomadores de decisão pelo viés da gestão do risco, do desconforto. Temos que mudar a percepção das empresas, seja por convicção, conveniência ou constrangimento”, disse Erlana.

EMPREENDEDORISMO NAS PERIFERIAS

Pâmela Carvalho, coordenadora do Redes da Maré, não pôde comparecer presencialmente, devido a uma operação policial no conjunto das favelas da Maré, na região metropolitana do Rio de Janeiro, que acabou impedindo seu deslocamento.

Pâmela Carvalho participou por vídeo (Crédito: @monking.br)

Ainda assim, ela enviou um vídeo no qual falou sobre empreendedorismo e os novos negócios que emergem das margens. Pâmela traçou um panorama da atividade empreendedora a partir de uma nova perspectiva. “Estamos falando de um conjunto de 16 favelas, cada uma com sua história, sua organização”, disse a coordenadora.

Por estar localizo em uma região que liga as principais vias de acesso à capital fluminense, o conjunto da Maré é visto como um local apenas de passagem. “Mas também somos um local de proposição de ações, de ideias para a cidade”, disse.

Pedro Cruz apresentou o primeiro dia do festival (Crédito: @monking.br)

Em seu panorama, Pâmela mostrou como os negócios das favelas são fortes, compostos majoritariamente por pessoas negras, e essas iniciativas seguem e ditam tendências. Muitas práticas estéticas e culturais que surgem nesses locais estão pautando esses segmentos como um todo. 

Por fim, ela enfatizou uma característica que distingue os negócios desses espaços. “O empreendedor de favela surge não só com a ideia de crescimento próprio, mas também do seu entorno, da comunidade como um todo.”

TV 3.0 E A REVOLUÇÃO DA IA GENERATIVA

Em meio à ascensão vertiginosa das plataformas de streaming e à fragmentação das audiências, o Innovation Festival refletiu sobre as oportunidades da próxima geração de TV aberta.

Eduardo Ferreira, diretor de operações comerciais, dados e performance da Rede Globo, falou sobre a evolução na experiência de consumo de conteúdo e as possibilidades de novos modelos de negócio da TV 3.0. “Ela será uma combinação de diferentes atributos, com as forças do broadcast com o broadband“, previu.

Tiago Vargas (esq.) e Eduardo Ferreira (Crédito: @monking.br)

Segundo o executivo,  o novo cenário vai permitir ganho na relevância pela distribuição personalizada e na criação de meios de monetização para produtores e anunciantes. Tiago Vargas, CEO da Dentsu, também participou do painel e comentou como já é possível imaginar um futuro no qual será possível comprar tudo o que é visto em um programa de TV, em tempo real. 

Paula Englert (Crédito: @monking.br)

O primeiro dia do evento terminou com Paula Englert, CEO da Box 1824, falando sobre os impactos da IA generativa em nossas vidas pessoais e profissionais. A executiva trouxe para a discussão os macro impactos que podemos esperar para o futuro, tanto  para os negócios quanto para a sociedade.

“Uma revolução como essa causa deslumbramento e medo, mas o meio termo entre os dois é o conhecimento”, disse Paula. Segundo ela, vivemos hoje a Revolução das Ideias, na qual as companhias inteligentes prosperam. Nesse contexto, a IA generativa precisa ser usada para empoderar, e não substituir as pessoas.

A CEO da Box 1824 apontou que as empresas que querem crescer com esse tipo de tecnologia precisam ter quatro prioridades: aumentar e focar no letramento dos seus times; entender os riscos do seu uso, propondo políticas e regulamentações; mapear oportunidades, definindo prioridades; e planejar, criando uma infraestrutura sustentável para os times.


SOBRE O AUTOR

Rafael Teixeira Farias tem mais de 14 anos de carreira em jornalismo e marketing digital, além de sete livros de ficção já publicados. saiba mais