Innovation Festival discute a relação entre propósito e conteúdo
Primeiro dia abordou também os desafios das empresas em encontrar propósito e como inovar no ambiente corporativo
A terceira edição do Innovation Festival começou hoje abordando o universo dos influenciadores digitais, o papel do propósito nas estratégias das empresas, presente e futuro da inteligência artificial generativa e, claro, inovação. O evento acontece nesta quarta e quinta-feira (dias 29 e 30), no Cubo Itaú, em São Paulo.
Para começar os trabalhos, o festival trouxe um debate sobre como usar o poder dos creators para falar sobre mudanças climáticas, aproximando as pessoas do tema. “Somos o país das redes sociais. Como dialogar com o público que está no TikTok e no Instagram?”, provocou Daniele Rodrigues, sócia do Instituto Oyá e gerente de comunicação da Creators Academy.
A ideia principal da Creators Academy é levar criadores de conteúdo não familiarizados com a pauta ambiental para uma vivência na floresta amazônica, interagindo com moradores da região. A partir disso, a semente da comunicação transformadora é plantada.
“Ela nasce da percepção de que quem sofre com a crise climática não faz parte da pauta. Uma coisa é ler uma matéria sobre o Marco Temporal, outra é ir em uma comunidade indígena que vive em risco diariamente”, disse Daniele.
“Você chega cheio de estereótipos. Acha que a Amazônia é só floresta, mas são as pessoas, as histórias”, apontou o articulador e pesquisador cultural Jairo Malta, que participou do projeto em 2022. “É um projeto que mostra como o conteúdo pode mudar nossa visão”, afirmou Malta, que é também cofundador da Corre, consultoria voltada para o crescimento e suporte de projetos e iniciativas socioculturais.
“A gente só cuida do que ama. E só ama o que a gente conhece”, disse Daniele. A Creators Academy terá uma nova experiência no Amapá em 2024 e no Pará em 2025 – quando Belém vai sediar a COP-30 (Conferência do Clima organizada pela ONU).
Continuando a pauta de trabalhar propósito, Ana Júlia Kiss, fundadora e CEO da Humora, e Juliana de Faria jornalista, escritora e fundadora do Estúdio Jules, falaram sobre como a questão da busca por tendências culturais em alta vem se esvaziando nos últimos anos, dando lugar a uma demanda por autenticidade.
“Hoje falamos muito mais em truehunting, a busca por um propósito verdadeiro, mais do que apenas seguir e navegar pelo que é tendência”, afirmou Juliana. “As tendências nem sempre estão ligadas à diversidade e segui-las, muitas vezes, está ligado à velocidade e não à profundidade.”
A dupla também falou sobre como as empresas podem cultivar seu propósito verdadeiro e entendê-lo como força de uma existência ativa. “Quando o propósito é novo, há ainda mais desafios, o que faz com que a gente seja mais criativo na busca por soluções”, disse Ana Júlia.
A Humora é uma startup que trabalha produtos à base de cannabis. Seu propósito é tornar esses produtos acessíveis para benefício da saúde em geral, e não apenas para tratamento de doenças específicas.
O caminho escolhido para lidar com esse propósito foi o do humor e do letramento do público. “Em tudo o que fazemos, sempre pensamos nos elementos do nosso propósito, dos quais não abrimos mão”, disse Júlia.
INOVAÇÃO E IA NA EXPERIÊNCIA DO CLIENTE
O palco do festival também abriu espaço para discussões e reflexões sobre inovação – e o tema inteligência artificial não poderia faltar. Pedro Borges, diretor de grupo de design da Work & Co, falou sobre o desafio de utilizar IA para projetar a nova geração de produtos digitais, tornando as experiências do cliente mais personalizadas e mais poderosas.
Para Borges, a IA generativa mudou a forma como as empresas pensam a criação de produtos digitais. Segundo ele, ela vai nos ajudar a comprar como se estivéssemos falando com um amigo, processando uma necessidade, conectando sua compreensão a sua base de conhecimento e oferecendo soluções contextuais. “IA é um decodificador de intenções de compra”, disse.
Como exemplos, o executivo citou a possibilidade de a pessoa conversar com um sistema alimentado por IA para escolher um produto, mesmo sem entender do assunto, e ainda assim receber indicações adequadas especializadas. Ou mesmo criar um pedido em um totem ou em um aplicativo usando voz, ou apps que reconhecem produtos que são mostrados em conteúdos – vídeos, imagens – nas redes sociais.
Já Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú, e Paulo Emediato, CMO e ecosystem engagement na Oxygea, falaram sobre o ecossistema de inovação brasileiro. “O entusiasmo é algo comum nas startups e empresas que conhecem o Cubo. Mas é a tenacidade que as mantém inovadoras”, disse Costa. “O líder do futuro é orquestrador de um ecossistema de talentos. Ele tem que ter a habilidade de construir, comprar e fazer parcerias no sentido de fomentar a inovação.”
A dupla discutiu estratégias para superar obstáculos inesperados e complexidades, destacando a importância da adaptabilidade e da resiliência, com casos reais para uma implementação eficaz da inovação no ambiente corporativo.
“Muitas empresas começam com uma agenda de inovação, tem contato com diferentes startups, mas logo desistem”, afirmou Emediato, que acredita que as organizações precisam estar constantemente alimentando esse funil de contatos com startups.