Innovation Festival termina com debates sobre gamers, podcasts, desinformação e futurismo
Inovação, reinvenção do modelo de trabalho, startups e empreendedorismo negro, cultura gamer e reflexões sobre o futuro deram o tom na reta final do Innovation Festival 2023, realizado nesta quarta e quinta-feira (dias 29 e 30) no Cubo Itaú, em São Paulo.
“Os gamers são de todas as gerações. O universo gamer se tornou mainstream, com muitos nichos e conectado com todas as indústrias”, disse Paulo Aguiar, sócio e CCO da 3C Gaming, no painel sobre a game creators economy.
A mesa contou com a participação de João Sampaio (conhecido no mundo gamer como Flakes Power), que é jogador, youtuber e fundador da equipe Hero Base e do estúdio de criação Hero Create; Nyvi Estephan, apresentadora gamer e streamer; e Marcio Milani, sócio responsável pela área de negócios da desenvolvedora de jogos Garena (entre eles, o Free Fire).
Moderador do painel, Paulo Aguiar, sócio da 3C Gaming, apresentou pontos importantes da indústria que conta com 3,2 bilhões de gamers no mundo (127 milhões só no Brasil) e gera uma receita de US$ 336 bilhões. Dentre os diversos pilares que sustentam esse ecossistema estão os publishers/desenvolvedoras, influenciadores/streamers e organizações de eSports.
Sampaio falou sobre sua carreira, que começou como produtor de conteúdo e evolui para o empreendedorismo, ao abrir suas duas empresas, a Hero Base e a Hero Create. Segundo ele, gamers e produtores de conteúdo desse universo têm uma grande gama de possibilidades para construir suas jornadas.
“Nós estamos vendo jovens que não querem largar os estudos ou seus hobbies, mas querem uma carreira de gamer profissional ou produtor de conteúdos sobre games”, disse Milani, da Garena.
O trio também falou sobre a importância de as marcas não-endêmicas(ou seja, que não fazem parte do universo gamer) entenderem o público-alvo que estão querendo atingir por meio de ações e parcerias.
“É preciso pensar se a ação e a comunicação fazem sentido com o público”, explicou Nyvi, ao contar que já rejeitou propostas que não pareciam autênticas ou que não combinavam com a comunidade na qual queria se inserir.
POR QUE PODCASTS FAZEM TANTO SUCESSO
O cenário dos podcasts no Brasil tem visto um crescimento significativo nos últimos anos. Alguns estudos mostram que o formato já ocupa a terceira colocação no ranking mundial em volume de consumo. De acordo com estimativa do Ibope, cerca de 8% da população do país é ouvinte de podcasts.
Cris Naumovs, consultora de criatividade e inovação e fundadora da Apego.Inc, conversou com três criadores reconhecidos desse mercado. Cris Bartis, contou como transformou a plataforma Mamilos de um projeto paralelo para seu trabalho e fonte de renda primária. “Construímos um podcast ligado a nossa identidade”, afirmou.
A cofundadora do Mamilos explicou que queria se manter fiel ao seu projeto editorial e não abrir mão do que acreditavam ser essência do projeto, o que fez com que muitas parcerias e ações publicitárias fossem rejeitadas. O podcast completou 10 anos, dos quais cinco contaram com dedicação exclusiva de Cris.
Já Camila Fremder, escritora, roteirista e podcaster do É Nóia Minha, começou de forma independente para depois fechar um contrato de exclusividade com o Spotify. Agora, o programa volta para seu formato independente, porque Camila queria cuida mais de toda a cadeia de produção e relacionamento com marcas.
Por fim, Theo Ruprecht criou o Ciência Suja para abordar temas científicos de forma crítica e conseguiu deslanchar por meio de editais focados em jornalismo, para tentar evitar conflitos com algumas parcerias publicitárias.
De acordo com estimativa do Ibope, cerca de 8% da população do país é ouvinte de podcasts.
O trio enfatizou a importância de criar uma comunidade de ouvintes que apoie os projetos. Afinal, é esse público que as marcas querem atingir com suas parcerias e ações. “A relação com essas pessoas ajuda a conhecê-las mais e melhora a negociação com as marcas”, afirma Cris.
É essa compreensão dos ouvintes que ajuda a criar conteúdo aderente e evitar que o podcast não esteja “falando para o vazio”.
A ECONOMIA DA DESINFORMAÇÃO
A máquina da desinformação envolve uma economia significativa que não só demanda enormes investimentos, como também gera lucros e causa prejuízos milionários.
Rose Marie Santini e Marcio Borges, do NetLab (laboratório vinculado à UFRJ que se dedica a estudos de internet e redes sociais) subiram ao palco para revelar o tamanho desse mercado e seus impactos na sociedade brasileira.
A micro segmentação ajuda a atingir as pessoas mais vulneráveis e mais suscetíveis a cair em armadilhas na internet.
“Hoje, links com todo o tipo de desinformação, que têm o interesse de manipular ou confundir determinados grupos, chegam ao celular de qualquer pessoa, a qualquer hora, e isso é um fenômeno sem precedentes”, afirmou Rose.
A dupla explicou que, com o acesso aos dados dos usuários possibilitado por meio dos diferente canais e redes sociais, é possível criar desinformação ainda mais personalizada e aumentar o número de golpes e fraudes publicitárias. “A microssegmentação ainda ajuda a atingir as pessoas mais vulneráveis e mais suscetíveis a cair nessas armadilhas”, alertou Borges.
COMO CORRIGIR O PRESENTE PENSANDO NO FUTURO
O segundo dia terminou com muita reflexão. O futurista Tiago Mattos, fundador da Aerolito, subiu ao palco para explicar por que é preciso criar uma rotina de futuros. Para o especialista, toda liderança precisa entender as Leis dos Futuros, uma das habilidades mais importantes de uma pessoa que ocupa esse lugar. São elas:
1. Um futuro imaginado não pode ser “desimaginado”.
2. Uma vez imaginado, ele influencia o presente.
3. Quanto mais você imagina futuros, mais se corrige o presente.
Levando em consideração cada contexto, ele acredita que é possível ir adaptando o presente para chegar em soluções cada vez mais inovadoras e eficientes. Também acredita na importância de usar essas leis para deixar um legado positivo.
Para Mattos, o propósito sem aplicação é “egotrip”. Ele prefere pensar no uso das Leis dos Futuros como ações que geram um legado. “Ajudar a sociedade a se corrigir no tempo é um grande legado”, afirmou.