Innovation Festival, dia 3: “devemos ter o direito de ficar mais espertos”, diz CEO da Netflix

Na programação do dia, conversas com Lin-Manuel Miranda, Ted Sarandos, José Andrés, Satya Nadella e Jennifer Doudna, entre outras atrações

Crédito: Shubham Dhage/ Unsplash

Anna-Louise Jackson 3 minutos de leitura

O Innovation Festival provou mais uma vez ser o evento que pessoas inovadoras aproveitam para fazer anúncios importantes.

Nesta quarta-feira (dia 18), terceiro dia do festival, o premiado compositor, ator, produtor e diretor Lin-Manuel Miranda anunciou no palco que a cantora vencedora do Grammy, Lauryn Hill, será a atração principal de seu novo álbum, “Warriors”.

Já o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, mostrou uma prévia de alguns números de streaming que serão divulgados em um relatório de engajamento semestral a ser divulgado hoje.

Esses momentos espontâneos têm animado o festival. E o terceiro dia de programação não decepcionou, com 40 sessões e recepções focadas em tecnologia, sustentabilidade, empreendedorismo, bem-estar e criatividade.

Aqui estão alguns destaques de quarta-feira:

94 BILHÕES DE HORAS ASSISTINDO A NETFLIX

Na última década e meia, a Netflix muitas vezes adotou uma postura ousada, dizendo que “nunca” faria coisas como programação original, publicidade ou esportes ao vivo, apenas para depois mudar de rumo.

O que aconteceu? Sarandos disse que a palavra “nunca” é uma maneira de focar, tanto no que está acontecendo de fato quanto no que não faz sentido em determinado momento.

“Nos piores momentos, o melhor da humanidade aparece.”

Mas negócio não é religião, ponderou. Deve ser sempre ágil e estar preparado para mudanças. “Acho que devemos sempre ter o direito de ficar mais espertos”, disse o executivo.

Mudar a programação, inclusive voltando atrás em algumas promessas, vai ajudar a gigante do streaming a continuar competitiva. Em um mercado cada vez mais concorrido, Sarandos desafiou os concorrentes a divulgarem seus números de audiência, como a Netflix planeja fazer hoje.

Ele deu uma prévia de um dado importante do relatório de engajamento: os espectadores passaram incríveis 94 bilhões de horas assistindo à Netflix nos primeiros seis meses do ano. “Isso é muito tempo.”

ADOTANDO UMA POSIÇÃO PROVOCATIVA

Faltando menos de 50 dias para as eleições presidenciais dos EUA, o cenário político atual tem sido um tema recorrente no festival. Embora a reforma da política de imigração seja urgentemente necessária, ela não deveria ser politizada.

No entanto, o mundialmente renomado chef José Andrés diz que a má gestão da questão da imigração é um subproduto da divisão entre os partidos que não está atendendo às necessidades dos cidadãos ou da economia.

José Andrés (Crédito: Eugene Gologursky)

“Nos piores momentos, o melhor da humanidade aparece, e você verá pessoas em uma cozinha ajudando a alimentar outras, não porque são republicanos ou democratas, mas porque são pessoas ajudando pessoas.”

É igualmente importante olhar além das guerras “woke” que estampam manchetes para ver o que está realmente acontecendo dentro das empresas, disse Elizabeth Gore, cofundadora e presidente da Hello Alice, em um dos painéis do dia. “O que você vê nas notícias não é o que você vê nas ruas de fato”, apontou.

ACELERAR VERSUS DESACELERAR

O festival destacou como diferentes inovadores encontram inspiração, com algumas pessoas se sentindo revigoradas pelas mais recentes tecnologias, enquanto outras preferem desacelerar o ritmo.

Talvez não surpreenda que Satya Nadella, CEO da Microsoft, esteja muito interessado em inteligência artificial. Na verdade, ele disse que uma ferramenta colaborativa de IA – o Copilot Pages, novo recurso lançado pela Microsoft no início da semana – já se tornou parte de seu hábito diário. “Quando a inovação encontra a colaboração, as possibilidades são infinitas.”

Lin-Manuel Miranda (Crédito: Eugene Gologursky)

Laureada com o Nobel, a bioquímica Jennifer Doudna, uma das responsáveis pela técnica CRISPR (a revolucionária tecnologia de edição genética), disse que sua criatividade flui sem tecnologia.

“Sempre raciocino melhor quando não estou no laboratório ou na mesa, mas sim quando estou ao ar livre, ou até mesmo no meu quintal arrancando ervas daninhas do jardim”, revelou.

Da mesma forma, Miranda disse que muitas vezes é tomado por ideias que não saem de sua cabeça enquanto passeia com o cachorro, toma banho ou dirige. “Minhas melhores ideias surgem quando não posso anotar nada”, brincou.


SOBRE A AUTORA

Anna-Louise Jackson é jornalista e editora freelance com mais de 15 anos de experiência na cobertura de economia, mercado financeiro e... saiba mais