Brené Brown defende liderança corajosa em tempos de mudanças e medo da IA

No Innovation Festival em Nova York, a autora defendeu que líderes se disponham a romper estruturas e priorizar a honestidade para conquistar confiança

Crédito: Fast Company Brasil

Shalene Gupta 2 minutos de leitura

Brené Brown, professora e pesquisadora da Universidade de Houston, tornou-se um ícone cultural depois de seu TED Talk de 2010 sobre o poder da vulnerabilidade, já visto quase 70 milhões de vezes. Desde então, 150 mil líderes do mundo todo passaram por seus workshops sobre liderança com coragem. Agora, ela lança o livro “Strong Ground“, em que reúne aprendizados dessas experiências.

Nesta quarta-feira (dia 17), durante o Innovation Festival 2025, em Nova York, ela conversou com o editor sênior da Fast Company Jon Gluck sobre por que precisamos de líderes fortes mais do que nunca. Eis os três principais insights que ela compartilhou no evento:

1. Estamos vivendo um ataque coletivo de pânico com a IA

Brené Brown afirmou que, quando se trata de inteligência artificial, muitos CEOs agem como crianças de cinco anos jogando futebol: chutando a bola para qualquer lado e gritando “o que queremos fazer? Não importa, só precisamos de uma estratégia”.

O problema é que essa pressa não está rendendo resultados. Segundo pesquisas do MIT, mais de 95% dos investimentos em IA não são lucrativos. As empresas estão falhando em alinhar seus aportes em tecnologia com sua estratégia de negócios.

“Precisamos segurar a bola, olhar o campo de forma estratégica, respirar fundo e só então passar a bola. Estamos indo rápido demais… estamos com medo”, disse Brown.

2. Transformação real exige romper estruturas

Para a autora e pesquisadora, estamos saturados de ouvir falar em “transformação” – só que, muitas vezes, mudanças incrementais são vendidas como revoluções. Para ela, uma transformação de fato, capaz de reinventar empresas, requer coragem para “quebrar coisas”.

“A parte mais difícil de uma transformação real é que você vai ter de quebrar algumas coisas. Vai ser preciso uma avaliação séria do que funciona na sua organização – sistemas, processos, pessoas – e também do que não funciona, e deixar isso para trás. Na transformação, algumas coisas terão que ser superadas”, afirmou.

a escritora e pesquisadora Brené Brown com o editor  da Fast Company Jon Gluck
Crédito: Eugene Gologursky

3. Se quer ser ouvido, esteja preparado e seja honesto

Brené Brown contou que muitas vezes lhe disseram que ela tem “presença executiva”, termo que, para ela, é “um jeito polido de criticar introvertidos e mulheres”. Na sua visão, o que outros interpretam como presença é, na verdade, preparação.

Antes de se reunir com executivos, ela dedica horas a ouvir conversas com investidores, pesquisar pontos que não entende e assistir entrevistas com o CEO, para então formular perguntas incisivas. “Tento estar preparada. Talvez isso venha de ser a única mulher em muitas salas durante minha carreira”, contou.

Mas a preparação não basta: a honestidade é igualmente essencial. “Tento não me importar se você gosta de mim ou não. Eu sou honesta. Tento ser muito verdadeira. Acho que, se as pessoas escutam o que digo, talvez seja porque confiam que vou falar a verdade. Se não posso fazer isso, prefiro ficar em silêncio.”


SOBRE A AUTORA

Shalene Gupta é jornalista e escritora, co-autora do livro "The Power of Trust: How Companies Build It, Lose It, Regain It". saiba mais