Estudo aponta as cinco principais tendências do varejo

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 7 minutos de leitura

Quais serão as novidades no varejo em 2022? De que forma a pandemia e a quarentena afetaram nossos hábitos de consumo? Como reagirá, este ano, o setor que movimenta quase 30% do PIB brasileiro?

O relatório “Tendências de varejo a serem observadas em 2022”, que leva a assinatura da consultoria americana Insider Intelligence, traz algumas destas respostas e revela boas perspectivas para o setor. Tecnologia, quick commerce (entrega do produto no mesmo dia da compra), retail media (compra através de uma plataforma própria do varejo), social commerce (comércio dentro de redes sociais) e, como não poderia faltar, sustentabilidade são as principais tendências apontadas para o segmento no próximo ano. 

Passamos – e ainda estamos passando –  por uma experiência que transformou a todos e acabou por criar tendências e novos hábitos de consumo. O chamado quick commerce, o social commerce ou o fortalecimento de modelos de negócios de revenda, hoje já são essenciais para o setor, são alguns deles. Quem quiser sobreviver no mercado, precisa se adaptar a estes novos modelos como forma de reter e fidelizar consumidores. 

De forma geral, o relatório aponta para alguns pontos-chave que nortearão o próximo ano no universo do varejo. A necessidade de inovação, o aumento da conveniência e da flexibilidade do processo de compra para o consumidor, a importância de uma presença omnichannel para as marcas, a diversificação dos fluxos de receita e uma atenção maior a todos os pontos de contato da marca com o consumidor são alguns dos destaques do relatório.

O documento da Insider Intelligence identifica cinco principais tendências para o próximo ano no setor. O primeiro deles é a tecnologia. Para a consultoria, a tecnologia irá impulsionar a ponte entre o digital e o ponto de venda físico e será cada vez mais forte a indefinição da fronteira entre o físico e o online.  A expectativa é de que consumidores, passada a pandemia e ao voltarem às lojas físicas em 2022, encontrem nas marcas ferramentas que conectem o digital com experiências de compras físicas, como opções de pagamento com QR code, ou outros recursos. Diversão, encantamento, entretenimento deverão conduzir as experiências: o uso de aumentada a realidade (AR) nas lojas e os provadores virtuais para quem está em casa são apenas alguns dos exemplos das muitas possibilidades que a tecnologia deverá oferecer para o próximo ano. 

Ainda dentro da tendência da tecnologia, o chamado “varejo-entretenimento” terá um papel central nas lojas como um estratégia para estimular o retorno dos consumidores às lojas. Marcas inteligentes criarão experiências únicas, sensoriais e divertidas, como voar na vassoura mágica do Harry Potter, ou jogar em uma simulação de campo de golfe, que só podem ser oferecidas na loja física para atrair consumidores – e estimular o seu retorno. 

Karina Israel (Crédito: divulgação)

Segundo Karina Israel, CEO da YDreams Global e presidente da XRBR, entidade que promove negócios e conhecimentos em realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e realidade mista (MR), este “varejo-entretenimento” deve ser mesmo uma tendência: ““as novas tecnologias de realidade aumentada para experimentar roupas e sapatos, por exemplo, já existem há anos no varejo, e vêm sendo melhoradas a cada ano em performance”. Além disso, a realidade virtual pode tornar a experiência da loja mais agradável e interessante para o consumidor: “temos testes que ajudam o varejista a organizar uma loja, a entender o posicionamento do produto, a determinar onde o consumidor olha primeiro e a identificar e posicionar o que tem mais relevância. A realidade virtual permite ainda colocar os consumidores dentro das lojas, como se estivessem na primeira fila dos grandes desfiles de moda”.

Outra tendência que se aponta para 2022 é o chamado “quick commerce” que nada mais é que a entrega do produto no mesmo dia da realização da compra. A pandemia parece ter mudado nossas expectativas sobre prazos de entrega: não queremos mais esperar dias até receber nossas encomendas e, especialmente na chamada “mercearia digital”, os prazos de entrega agora são de poucas horas. Aplicativos como Uber juntaram-se às marcas para garantir as entregas de compras feitas no mesmo dia. Nos Estados Unidos, a Walmart lançou este ano seu próprio serviço de entregas para garantir os prazos de delivery no mesmo dia para seus clientes. Com a pandemia parece que ficamos mais apressados e nosso sentido de urgência aguçado. 

Aqui no Brasil, a Mercado Livre já está atenta ao novo sentido de  urgência do consumidor: “o nosso propósito de democratizar o comércio se aplica também às entregas. Por isso, temos um esforço em garantir que as entregas cheguem o mais rápido possível, além de atuar como agente democratizador do comércio eletrônico, onde empreendedores podem construir e digitalizar seu negócio, e atuando com ferramentas competitivas”, diz a diretora comercial da empresa, Duda Cyreno. “Com a pandemia, o consumidor ficou ainda mais exigente e com uma expectativa ainda maior em receber as suas compras cada vez mais rápido. Neste cenário, promovemos uma otimização de processos em nossa logística própria para suprir a alta demanda, com melhora nos prazos e na penetração em território nacional”, completa a executiva.

Atualmente para entregas em Full, que é quando o Mercado Livre é responsável por todo o processo logístico, conseguimos fazer as entregas no mesmo dia para 50 cidades, cujos CEPs cobrem 20% das vendas. Em até 1 dia para 2,1 mil cidades, alcançando 75% das entregas e em até 2 dias para 4,7 mil cidades do Brasil, cobrindo 90% das entregas. A partir de tecnologias desenvolvidas, quase que integralmente in house, nos esforçamos continuamente para oferecer a melhor experiência de compra para todos os consumidores do Mercado Livre, e isso envolve a entrega mais rápida que pudermos oferecer, em todo o país.  

Outra tendência apontada pelo relatório da consultoria americana é a transformação das redes de varejo em mídia. Cada grande varejista agora tem sua própria rede de mídia. A tendência da mídia de varejo começou com a gigante Amazon – que atualmente domina o mercado com 77,7% das receitas de anúncios de mídia de varejo. Atrás dela, seguem várias redes atrás deste novo recurso. 

Como não podia faltar, as redes sociais aparecem como outra tendência forte para o varejo. O social commerce, ou seja, o comércio realizado através das redes sociais, deve crescer no próximo ano. O Tik Tok For you e o guia de compras do Instagram, que já têm uma presença forte no e-commerce, devem crescer mais, junto com outras novas soluções, apoiados pelos algoritmos que conseguem substituir até anúncios direcionados e o conteúdo produzido de forma orgânica por marcas e influenciadores. Para ter uma dimensão do fenômeno, a hashtag #TikTokMadeMeBuyIt (Tik Tok me fez comprar isto) já alcançou 7,8 bilhões de visualizações.

E finalmente, sustentabilidade. Como não podia deixar de ser, a preocupação com sustentabilidade é a quinta forte tendência do varejo apontada pela consultoria americana. Não mais apenas uma palavra da moda, mas um conceito a ser posto de fato em prática – e fundamental para marcas e varejistas demonstrarem que estão respondendo às expectativas do consumidor sobre a origem do produto, materiais de embalagem e formas não poluentes de entrega. Afinal de contas, sustentabilidade é o principal valor de marca percebido por consumidores das gerações Y e Z. Millennials agora representam US$ 600 bilhões em poder de compra, enquanto a Geração Z outros $ 140 bilhões. Com estes números, cresce cada vez mais a preocupação das marcas em ações de responsabilidade social e ambiental. E as marcas que não acompanharem esta tendência perderão espaço junto a este público. É este público também o mais interessado na economia circular e, para este target, o mercado de revenda também tem voltado seus olhares. A estimativa é de que o comércio de revenda de moda nos Estados Unidos cresça cerca de 46,6%, chegando a movimentar US $ 15,50 bilhões em 2022.

O relatório aponta que estamos todos mudando – ou sendo transformados pelas circunstâncias. E que o setor do varejo precisa estar antenado para isso. Para saber mais sobre o assunto, acompanhe a nossa cobertura exclusiva da NRF 2022. A partir de 15 de janeiro, será inaugurada em Nova York, a maior feira de varejo do mundo, a NRF 2022. 

Acompanhe a cobertura especial da Fast Company Brasil da NRF 2022. 


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais