Política, cinema e tecnologia no último dia do Innovation Festival em NY

A 10ª edição do festival terminou nesta quinta-feira com sessões que contaram com a participação de Issa Rae, Lina Khan, Pat McGrath e Timbaland, entre outros

Crédito: Eugene Gologursky

Anna-Louise Jackson 3 minutos de leitura

Todas as coisas boas chegam ao fim e, após quatro dias de programação, o Innovation Festival 2024, da Fast Company, terminou nesta quinta-feira (dia 19) com uma animada festa de encerramento.

O evento celebrou a inovação contínua e apresentou a seleção das 10 pessoas mais inovadoras da última década. Esses líderes e realizadores, que estão moldando o futuro, deixaram aos participantes do festival muitas ideias provocativas para refletir sobre questões urgentes, que vão desde sustentabilidade até inteligência artificial.

A seguir, alguns destaques das mais de 30 sessões e recepções desse último dia.

“QUEREMOS ALGUM TIPO DE PROTEÇÃO?”

Lina Khan enfrentou sua cota de críticas desde que se tornou a presidente mais jovem da história da Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), mas conseguiu o que parecia impossível: apoio tanto dos democratas quanto dos republicanos para combater a concentração de poder e os monopólios.

“Ouço sempre de membros de ambos os lados [que] eles estão ouvindo de seus eleitores e comunidades sobre como corporações cada vez mais dominantes conseguem se safar apesar de todo tipo de práticas abusivas”, disse Khan. “E as pessoas não têm a quem recorrer porque não há muita concorrência no mercado.”

À medida que a tecnologia evolui, os riscos para os consumidores também podem aumentar. Khan mencionou a recente investigação da FTC sobre vigilância, por exemplo, ou precificação personalizada, na qual se cobram preços mais altos por produtos porque as empresas conhecem informações importantes sobre os clientes.

Indústrias criativas têm debatido como adotar ou rejeitar o poder transformador da inteligência artificial.

Ela ofereceu dois exemplos hipotéticos: uma empresa cobrando mais caro de uma família por barras de granola sem nozes porque sabe que uma das crianças tem alergia a nozes, ou uma companhia aérea cobrando uma tarifa mais alta por uma passagem porque sabe que a pessoa acabou de perder um ente querido.

“Não acho que queremos acordar um dia e perceber que isso agora é o novo normal”, disse ela. “Acho que queremos ser capazes de decidir se essa é realmente a economia e a sociedade em que queremos viver ou se queremos algum tipo de proteção.”

NAVEGANDO PELA INCERTEZA EM HOLLYWOOD

Issa Rae ganhou fama com a série “Awkward Black Girl”, no YouTube. Agora, ela entrou em uma “fase dourada”, com uma linha diversificada de negócios – entre eles, uma coleção de joias lançada esta semana, em colaboração com a Cast.

Mas encontrar maneiras divulgar histórias, especialmente aquelas escritas e estreladas por criadores negros, continua sendo difícil. Apesar do sucesso de “Insecure”, da HBO, Rae enfrentou o cancelamento de várias séries e disse ao público do festival que o cenário atual em Hollywood é muito desafiador.

Issa Rae (Crédito: Cast)

“Não há muito trabalho. É difícil, e é um grande, grande jogo de espera para descobrir o que vai acontecer com o setor.” Rae apontou que a maioria das redes de TV estão “presas a Wall Street” e a indústria está em modo de espera, dependendo do resultado da eleição presidencial.

Mas a escritora/ atriz/ produtora tem uma solução em potencial: controlar a distribuição. Rae lançou a Hoorae Media em 2020, embora suas aspirações não terminem aí. “É sobre garantir que estamos presentes em todas as partes do processo. E isso, com sorte, isso levará a um estúdio, seja uma rede, seja alguma forma de distribuição, que seja o objetivo final”, disse ela.

A OPINIÃO DE TIMBALAND SOBRE IA

Indústrias criativas têm debatido como adotar ou rejeitar o poder transformador da inteligência artificial. Esta semana, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, assinou várias leis sobre IA, incluindo duas que dizem respeito aos direitos dos atores quando estúdios têm a opção de usar uma versão gerada por IA de um ator em vez do original.

A indústria musical também está enfrentando um ajuste de contas, mas o produtor e artista vencedor do Grammy Timbaland incentivou os participantes do festival a manterem a perspectiva: IA não é algo novo, mas está evoluindo. Ele vê a tecnologia como “uma ferramenta para aprimorar a criatividade, não para diminuir a criatividade.”


SOBRE A AUTORA

Anna-Louise Jackson é jornalista e editora freelance com mais de 15 anos de experiência na cobertura de economia, mercado financeiro e... saiba mais