Alívio e celebração dos encontros na abertura do SXSW 2022

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 2 minutos de leitura

Hugh Forrest, que comanda a programação do festival em Austin, no Texas, abriu os trabalhos na sexta-feira (dia 11) comemorando a superação de dois anos dramáticos para o evento. Foram tempos repletos de incerteza, que trouxeram consequências desastrosas para negócios locais cuja sobrevivência depende em grande parte da presença adicional de cerca de 400 mil pessoas na cidade.

O alívio permeou suas palavras, mas também uma certa melancolia, fruto das polêmicas sanções do governador do estado do Texas, o republicano Greg Abbott, em 2021. A primeira restringiu o aborto, liberado em boa parte do país; a segunda, e mais recente, proibiu a participação de meninas transgênero em equipes de esportes femininas nas escolas públicas, provocando uma discussão acirrada em torno do tema, sobre o qual não há consenso nem no esporte, nem na ciência.

Não por acaso, são várias as conversas propostas em torno das duas temáticas – aborto e questões transgênero – no SXSW 2022. Uma edição que promete ser histórica e também catártica, ao promover o reencontro físico entre pessoas que passaram boa parte dos últimos dois anos restritas a uns poucos espaços e muitas telas.

Neste clima de euforia e sentimentos contraditórios, Hugh conversou com a especialista em encontros e resolução de conflitos Priya Parker, autora do livro “The Art of Gathering: How We Meet and Why it Matters” ( A arte de se reunir: como nos juntamos e por que Isso importa, em tradução livre). 

Pryia confessou ter “frequentado” diversos eventos no zoom – como casamentos – e percebeu que, mais do que nunca, é preciso refletir sobre o verdadeiro sentido dos encontros. Entre um exercício e outro, provocando a plateia, ficou claro o quanto estamos todos, de um jeito ou de outro, enferrujados no convívio presencial.

QUANTO MAIOR A COMPLEXIDADE E DEMANDA INTELECTUAL E EMOCIONAL DE UM TRABALHO, MAIOR A NECESSIDADE DO ENCONTRO PRESENCIAL.

A consultora tem ajudado algumas empresas a se ajustarem aos tempos atuais, ainda confusas com que rumo será mais eficiente – se presencial, híbrido ou 100% remoto.

“Costumo promover algumas reflexões e fazer algumas perguntas para ajudar as pessoas a refletir. Por exemplo: em que momento você desejou estar no mesmo ambiente que os colegas de trabalho? Ou ainda: do que sentiu ou não sentiu falta durante o período de home office? Também vale refletir sobre que tipo de novidade surgiu, ou que transformação aconteceu na sua vida nesse período. Tudo ajuda a pensar sobre a potência dos encontros. Costumo dizer que, quanto maior a complexidade e demanda intelectual e emocional de um trabalho, maior a necessidade do encontro presencial”, disse Priya.

Encontros exigem coragem, afirma. Agora, mais do que nunca.

Segundo ela, há um elemento importante, hoje, nas empresas, que precisa ser levado em consideração: a ascensão do ativismo. Que passa por promover o re-design organizacional. “Há uma enorme discussão sobre a necessária redistribuição de poder nas organizações. Qual o verdadeiro papel do RH, por exemplo? Como estabelecer e lidar com a cultura corporativa? Muitas pessoas resolveram deixar seus empregos por não concordarem com o sistema de crenças das empresas? São conversas que se fazem cada vez mais necessárias”, concluiu.


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais