Quem é Reggie Fils-Aimé, ex-presidente da Nintendo e voz dos games

Crédito: Fast Company Brasil

Redação Fast Company 4 minutos de leitura

Você com certeza conhece muitas empresas que eram referências em seu setor, mas que, por não se adaptarem a novos tempos, tiveram problemas e acabaram por fechar as portas. Adicione a isso a resistência à mudança e o tradicionalismo oriental em sua fórmula de fazer negócios – o que, certamente, já mudou bastante nos últimos dez anos, porém ainda era verdade no início dos anos 2000. Para mudar a mente dos resistentes gênios da Nintendo, é preciso uma voz como a de Reggie Fils-Aimé.

Fundador e sócio-gerente da Brentwood Growth Partners, empresa de investimento e consultoria focada em ajudar organizações a crescer em ambientes altamente competitivos e disruptivos, ele será um dos participantes do SXSW 2022, em uma rodada de palestras que celebra a convergência das indústrias de tecnologia, cinema e música.

O empresário ficou bastante conhecido por ser o presidente e diretor de operações da Nintendo of America, a divisão norte-americana da empresa japonesa de videogames Nintendo, entre 2006 a 2019. Ele entrou na Big N em 2003 e, antes de sua promoção a presidente e COO, foi vice-presidente executivo de vendas e marketing. No entanto, o melhor sobre isso foi como conseguiu a vaga.

Na verdade,  ele foi recrutado para o cargo. Contudo, durante a entrevista, pediu para ver Satoru Iwata, o presidente da companhia. Por mais que isso fosse considerado altamente incomum, o pedido foi atendido e sua conversa com Iwata foi muito mais longa do que o planejado. O resultado foi algo que ajudou a estabelecer o relacionamento amigável que Fils-Aimé teve com Iwata por mais de uma década e que o ajudou a manter a comunicação mais aberta, além de ter entendimento para ajudar a Nintendo a melhorar como um negócio, principal objetivo de sua contratação.

Não é à toa que as apresentações mais importantes da Nintendo mudaram completamente de cara, sempre com a presença parceira dos dois em praticamente todas elas. Iwata era o presidente e a figura que abria as apresentações. Reggie era o cérebro, o marketing, o vendedor, aquele que mudou a cara do produto e encantava o público com seus discursos e oratória sobre as novidades da Big N. Em 2006, Fils-Aimé tornou-se presidente e diretor de operações da Nintendo of America – o primeiro norte-americano a ocupar esta posição.

VIRANDO O JOGO

O executivo foi determinante para transformar a Nintendo de dentro para fora. Contratado nos tempos do Nintendo Gamecube, ele teria o desafio de fazer a paixão pelos produtos da empresa ir além dos fãs da marca, em um período já dominado pelos consoles da Microsoft (o Xbox original) e Sony (PlayStation 2). A Nintendo também estava prestes a lançar uma nova propriedade intelectual completamente fora do foco de seus adversários, que investiam em jogos que tiravam o máximo proveito do poder de fogo dos seus aparelhos.

Havia ainda a necessidade de melhorar as apresentações da empresa, consideradas frias e secas pelo público e pela mídia especializada. Assim, sua decisão foi focar em trazer de volta a diversão que os jogos (e o novo aparelho da Nintendo) proporcionam, mensagem certamente recebida pela audiência graças às novas estratégias de marketing da Nintendo e habilidades e presença de Reggie.

Fils-Aimé liderou a conferência de 2004 da E3, sua primeira apresentação ao público. Ele começou sua palestra com o memorável, “Meu nome é Reggie. Meu negócio é arrasar, é trazer nomes, e faremos isso com jogos”. Considerada agressiva, a apresentação foi o ponto de virada que atacou diretamente as abordagens que a Microsoft e a Sony adotavam, sobre o conteúdo de videogame em seus consoles.  Suas travessuras mudaram a imagem conservadora da marca, trazendo ainda mais fãs logo depois, o que lhe rendeu o apelido de “Regginator“, uma brincadeira com o personagem do Exterminador do Futuro.

Fils-Aimé é considerado o responsável por renovar as relações públicas da Nintendo na América do Norte, além de levar muitos fãs e membros da imprensa a apelidaram sua chegada de “Reggielution” (“Revolution” era o codinome do Wii, antes de sua revelação).  Ele não apenas considerou os desafios em constante mudança do marketing para os jovens como continuou a abordar os jogadores mais velhos, que, em sua opinião, ainda eram um mercado importante para a Nintendo.

ELE DECIDIU FOCAR EM TRAZER DE VOLTA A DIVERSÃO QUE OS JOGOS (E OS APARELHOS DA NINTENDO) PROPORCIONAM.

Ainda antes de sua aposentadoria, ele foi responsável por mais apresentações fora da curva, memes (como o “meu corpo está pronto”, para falar dos lançamentos) e pelo Nintendo Online e Switch. Fils-Aimé anunciou sua renúncia como presidente e COO da empresa em fevereiro de 2019 e saiu em abril do mesmo ano, sendo substituído pelo então chefe de vendas, Doug Bowser.

Ele contou que começou a pensar na aposentadoria após a morte de Iwata, em 2015: “Isso também reforçou para mim o legado que ele construiu e criou para a empresa, legado que quero construir, que quero deixar”. O executivo esperou até sentir que a Nintendo of America tinha base sólida para um crescimento positivo, que ocorreu no início de 2019, para iniciar o processo de aposentadoria.

Sua decisão de se aposentar foi encorajada pelo sucesso do Nintendo Switch, um console de jogos híbrido que a empresa lançou em 2017 e que, no final de 2018, já havia atingido mais de 32 milhões de unidades vendidas. Ele acreditava que, com o Switch, “a empresa estaria em ótima forma por pelo menos alguns anos”. De quebra, chamou Iwata de seu mentor e também de “querido amigo”.


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