NASA contribui para agricultura com tecnologia de coleta de dados

Satélites da agência espacial dos EUA reúnem mais de 30 anos de história do planeta e dão suporte à produção agrícola

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Fábio Cardo 3 minutos de leitura

Lawrence Friedl, diretor da NASA Earth Applied Sciences, juntou profissionais da empresa que atuam nas áreas de pesquisa sobre recursos de água e agricultura para explicar o trabalho de sensoriamento com satélites que a agência realiza há mais de três décadas.

Ser precursora na captação de dados da Terra há tanto tempo deixa a NASA em posição privilegiada em termos de conseguir mapear tendências e entregar informações valiosas para agricultores.

Atualmente com 24 satélites em órbita (e mais um a ser lançado nos próximos meses), a agência coleta dados para embasar a tomada de decisão sobre como atuar melhor no planeta. Terras, oceanos, fenômenos climáticos geram informações sobre as interações e impactos no clima, a serem aplicadas na agricultura.

Os satélites fornecem informações para orientar os agricultores sobre as melhores formas de produzir alimentos (quando e onde plantar), o quanto irrigar (com redução do uso de água) e as dosagens ideais de insumos para fertilização e defensivos agrícolas.

Crédito: NASA Earth Applied Sciences

No início, na década de 1970, a operação era feita com um pré-satélite, usado para mapear os fluxos de grãos por conta da grande demanda mundial. Todo o processo tinha boa fluência no mercado internacional em termos de quantidades e preços. Com o tempo, os satélites se tornaram instrumentos para captar dados e sugerir diretrizes para a produção de alimentos.

Boa parte dos casos de quebra de produção – que provoca alta nos custos e desequilíbrio no mercado internacional de grãos – poderia ser evitada se fossem usados satélites, afirma Mary Mitkish, da NASA Harvest Consortium.

Qualquer produtor pode compartilhar informações sobre o clima local e sobre suas plantações com a agência espacial.

Os satélites coletam dados relevantes, contando a história do presente e do passado e ajudando a programar o futuro. Eles conseguem antecipar tendências com duas a três semanas de antecedência. “Os dados apontam o que deve ocorrer e os produtores podem se planejar melhor”, explica Mitkish.

A segurança alimentar é fator crítico e os satélites podem ajudar a mitigar os problemas mundiais. “Eles são importantes, por exemplo, nos casos de áreas de guerra, onde há limitado acesso por terra às regiões produtoras”, diz Carl McClellan, hidrologista sênior da Navajo Nation Water.

“A informação ajuda a mapear o que está plantado, se poderá ser colhido e colocado à venda. As produções locais são críticas para a segurança alimentar nas comunidades”, complementa o cientista, ao reforçar a importância do apoio de satélites para avaliar o passado.

Crédito: NASA Harvest Consortium

McClellan destaca também a evolução tecnológica, que avança muito rapidamente. “É importante considerar todas as implicações no ecossistema e os impactos ambientais”, afirma.

Um dos casos citados que poderia gerar crise alimentar ocorreu durante os conflitos no Togo. O uso de satélites permitiu mapear onde estavam as culturas e orientar o governo sobre melhor forma de fazer com que os alimentos chegassem aos consumidores, evitando perdas.

A segurança alimentar é fator crítico e os satélites podem ajudar a mitigar os problemas mundiais.

Lawrence enfatiza que é importante avaliar todos os complexos dados do ecossistema para entender a saudabilidade do solo e das culturas. O melhor entendimento pode ajudar a ajustar as variáveis e se preparar para os desafios. As companhias de seguros e financeiras conseguem trabalhar com mais qualidade das garantias, enquanto produtores podem definir melhor o uso de defensivos e fertilizantes.

São chave no processo as parcerias entre produtores, entidades de classe, academia e empresas de tecnologia, bem como o networking, para troca de experiências e conhecimento, podendo contar com maior disponibilidade de recursos.

Os programas científicos estão disponíveis, de modo que qualquer produtor pode compartilhar informações sobre o clima local e suas plantações com a NASA para compor com os dados que já têm. Pequenos produtores têm acesso a treinamentos e cursos para que consigam aproveitar as informações em suas propriedades.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais