SXSW 2023: Você tem FOMO de quê?

Mais um ano, mais um SXSW e o que mais a gente escuta é sobre FOMO, o fear of missing out, o medo de perder algo.

Crédito: Fast Company Brasil

Joana Mendes 1 minutos de leitura

É verdade que, com tantas palestras, ativações, happy hours, a gente fica pensando se não deveria estar em outro lugar, se deveria estar ali mesmo. Outro dia, ouvi alguém dizer que perdeu uma palestra e começou a chorar. 

Por isso, eu queria que a gente se perguntasse uma coisa, não só para quem está por aqui em Austin, mas de uma forma geral: a gente precisa estar em todos os lugares ao mesmo tempo, sempre? A gente precisa de tantas informações, ver tudo, saber tudo, estar em todas as filas? 

Para quem tem o privilégio de vir até um evento destes é natural não querer perder nada. Ao mesmo tempo, eu queria falar que, para quem conseguiu vir, a frase que Gilberto Gil falou lá nos anos 70 e que Buda já falava em algum momento, deveria ser o nosso mantra: o melhor lugar do mundo é aqui e agora.

A FOMO é uma grande ferramenta de uma sociedade do cansaço, uma sociedade acelerada, da produtividade máxima. É fruto de uma sociedade capitalista em que todos nós somos produtos e a melhor versão de nós mesmos sabe tudo. E se eu não souber, se eu não estiver lá, talvez eu seja um grande fracasso, talvez eu não tenha dado o melhor de mim. 

No livro A Sociedade do Cansaço do filósofo coreano Byung-Chul Han, ele afirma que “ser multitarefas é um retrocesso. A multitarefa está amplamente disseminada entre os animais em estado selvagem”. 

Muitos por aqui reclamam que estão exaustos, com dores nas costas, dores nas pernas, frustrados. 

Então, meu conselho para todos os novatos, e para os que já vieram outras vezes, é o que o Ian Black me deu ano passado: se a palestra tá ruim, saí. E, acrescento, se quer descansar, volte para sua hospedagem, se a fila tá grande, desista, se só tem amanhã, nem volte mais, se quer ver o pôr-do-sol, mas aquela palestra incrível vai acontecer, veja depois, pegue um resumo. 

O descanso, a contemplação, o ócio são as maiores ferramentas que podemos exercer como humanos. Por isso, espero que a gente se lembre disso, sem precisar de alguém num telão nos lembrando que a gente não está mais na selva. 


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