Michelle Obama fala sobre empatia e inclusão em tempos difíceis

"Eu me preocupo com as pessoas que estão sem trabalho e com a forma como pensamos sobre diversidade e inclusão", disse a ex-primeira-dama dos EUA

Crédito: Fast Company Brasil

Tania Haman 3 minutos de leitura

Tentar encontrar alegria de verdade em meio a uma realidade que nos bombardeia todo dia com más notícias parece como procurar uma agulha em um palheiro incrivelmente grande.

Mas, segundo Michelle Obama, isso é possível. O poder está em reconhecer a profundidade do desespero e da apatia, ao mesmo tempo em que se encontram razões para ter esperança.

No SXSW 2025, a ex-primeira-dama e seu irmão mais velho, Craig Robinson, diretor executivo da Associação Nacional de Treinadores de Basquete dos EUA, subiram ao palco para uma sessão ao vivo de seu novo podcast, IMO.

A dupla foi acompanhada por Laurie Santos, cientista cognitiva, professora de Yale responsável pelo curso mais popular da universidade até hoje, “A Ciência do Bem-Estar”, e apresentadora do podcast Laboratório da Felicidade, para discutir como cultivar uma mentalidade esperançosa diante do estado atual do mundo.

"Eu me preocupo com as pessoas que estão sem trabalho e com a forma como pensamos sobre diversidade e inclusão. Penso em como tratamos uns aos outros, nas vozes que ouvimos e no impacto que isso tem, no exemplo que estamos dando para a próxima geração", disse ela.

"Quem queremos ser como país?", continuou. "Tudo isso me tira o sono, e sei que muitas pessoas estão lidando com essas mesmas questões. Mas, nesses momentos, percebo que é melhor não tentar resolver tudo sozinho."

Os irmãos compartilharam histórias da infância para enfatizar vários temas – o valor das interações presenciais, a importância de limitar o consumo de redes sociais e como suas experiências quando crianças os ajudaram a desenvolver habilidades para enfrentar adversidades.

Laurie Santos incentivou o público a refletir sobre o impacto que o hábito de rolar a timeline tem sobre a mente.

Eles foram criados por pais que, como Michelle Obama destacou, tinham muitos motivos para se desesperar. Seu pai era um operário que cresceu em meio à segregação e foi diagnosticado com esclerose múltipla ainda jovem.

Eles falaram sobre como foi crescer com um pai cuja deficiência dominava sua vida, mas que raramente faltava ao trabalho e ainda conseguiu criar dois filhos bem-sucedidos.

"Para mim, para Craig e para nossas famílias, sempre tentamos sair da nossa solidão e conversar como família e comunidade para compartilhar essas preocupações", disse Michelle Obama. "Espero que nossos ouvintes sejam incentivados a fazer o mesmo."

SOBRE ENFRENTAR A APATIA E AS EMOÇÕES NEGATIVAS

Um membro da plateia perguntou aos palestrantes: "como podemos planejar um futuro que parece diferente daquele que nos foi prometido, sem nos sentirmos apáticos?"

Para Laurie Santos, um aspecto crucial é reconhecer que estes tempos não são normais e que, portanto, sentimentos de apatia e desconexão são normais.

Crédito: SXSW

"Muitas vezes caímos nessa armadilha da positividade tóxica, sentindo vergonha de estar tão chateados e tristes com o que está acontecendo no mundo. Mas devemos sentir isso! Emoções negativas são normais em um mundo anormal."

Os três concordaram que as redes sociais e a tecnologia desempenham um papel ativo na intensificação da infelicidade. Para combater isso, a cientista incentivou o público a refletir sobre o impacto que o hábito de rolar a timeline tem sobre a mente e ser mais intencional com o tempo gasto nessas plataformas.

"As empresas de redes sociais não teriam esses algoritmos se nossos olhos não estivessem sempre nas telas dos celulares. Na verdade, temos mais poder do que costumamos lembrar nessa luta", disse ela.

Para Laurie Santos, esperança não significa positividade tóxica ou apenas manter-se otimista. "Esperança significa que as coisas não estão bem, mas que consigo enxergar pelo menos alguns caminhos para que melhorem", disse ela.

Confira a cobertura completa do SXSW 2025.


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