Contra o atual cenário de vigilância e controle da web, Douglas Rushkoff evoca a estranheza

Em entrevista à Fast Company Brasil, o autor e teórico de mídia falou sobre a internet, o apocalipse e as alternativas para a humanidade

Crédito: Fast Company Brasil

Redação Fast Company Brasil 2 minutos de leitura

Douglas Rushkoff não é futurista. Ele não acredita que o mundo vai ser salvo por novas tecnologias, criadas por grandes empresas de tecnologia. Não mais.

O teórico de mídia e autor foi um dos entusiastas da internet e do digital nos anos 90. Nos palcos do South By Southwest (SXSW) e nessa entrevista, Rushkoff fala sobre um outro caminho, um que nunca precisou de hype: um jantar entre amigos, um abraço longo, desconhecidos dançando juntos. 

Escritor, professor de economia digital no Queens College e nomeado um dos pensadores mais influentes do mundo pela "MIT Technology Review", ele passou os últimos anos analisando como o digital foi de um espaço promissor de experimentação a uma máquina de controle, previsibilidade e extração de valor.

Em livros como "Team Human" e "Survival of the Richest", ele denuncia como o capitalismo de risco sequestrou a internet e como os bilionários da tecnologia já planejam seu próprio “plano de fuga” para escapar do mundo que ajudaram a criar. Sua apresentação foi um dos destaques do festival.

Douglas Rushkoff no palco do SXSW 2025
Crédito: Reprodução/ YouTube

Em meio a discussões sobre inteligência artificial e novas fronteiras da tecnologia, Douglas Rushkoff é direto: ele não vende promessas nem prevê o futuro. Sua crítica, afiada e provocativa, remonta aos primórdios da internet, quando fóruns como o Usenet abrigavam conversas “estranhas” e apaixonadas, quando o digital ainda era uma promessa de liberdade e não um shopping center vigiado por algoritmos. 

Nos bastidores, Douglas Rushkoff foi além. Falou sobre a urgência de se reconectar com o real e de recuperar a estranheza antes que o digital se torne uma máquina irreversível de controle. Ele acredita que, para isso, é preciso quebrar a ilusão de que só há progresso onde há crescimento.

"a única coisa que nos resta é olhar para as outras pessoas e cuidar delas."

“A maneira de incentivar a estranheza é encontrar formas, até mesmo nos negócios, de ser massivamente lucrativo sem depender do crescimento exponencial”, afirma.

O que está em jogo não é apenas a economia digital, é o jeito como escolhemos viver, o modo como decidimos nos relacionar. Rushkoff acredita que a resposta sempre esteve diante de nós: cuidar uns dos outros.

Parece simples. E é. Mas também exige um desvio radical da rota que seguimos. “No fim, a única coisa que nos resta é olhar para as outras pessoas e cuidar delas", conclui.

Um gesto pode conter uma revolução. Como pedir emprestado uma furadeira ao vizinho em vez de comprar uma nova. Esse pequeno ato de confiança, de conexão, pode iniciar uma cadeia de eventos capaz de transformar um bairro. Um bairro pode transformar uma cidade. E, de repente, talvez seja tarde demais para o apocalipse.

Confira a entrevista completa.


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