As inovações discutidas no SXSW 2024 que devem influenciar o futuro

A convergência de uma série de tecnologias vai promover uma enorme revolução na forma como as pessoas pensam, vivem, produzem e se relacionam

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Renata Fernandes 5 minutos de leitura

A futurista Amy Webb, uma das palestrantes mais esperadas nos palcos da South by Southwest, anunciou categoricamente: foi dada a largada para a era do superciclo tecnológico. A convergência de uma série de tecnologias vai promover uma enorme revolução na forma como as pessoas pensam, vivem, produzem e se relacionam. Tudo isso em espaços de tempo cada vez mais curtos. 

Ou seja, se você achava que estava difícil acompanhar todas as mudanças e novidades do mundo das transformações digitais, não deve ficar muito fácil na próxima década. Por isso, seguem algumas das inovações que devem ter grande influência nesse futuro que, aparentemente, já chegou.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL 

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Sim, a IA ainda vai encabeçar muitas listas de inovação nessa década. E, por mais que a gente sinta que o ChatGPT já faz parte da nossa família, a revolução ainda está só começando. 

A inteligência artificial generativa será a base para uma série de ferramentas e aplicações que vão nos permitir contar com ajuda em praticamente todas as atividades que exercemos no dia a dia. Em resumo: você nunca mais vai pensar sozinho.

Com a inteligência artificial em pleno uso, outras discussões – como ética, regulamentação, diversidade, responsabilização – se tornam urgentes e deverão estar em pauta ao longo dos próximos 12 meses. Chegou a hora de pararmos de ficar impressionados (ou apavorados) com os resultados de IA e começarmos a discutir as consequências dessa evolução.

COMPUTAÇÃO QUÂNTICA

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Se você nunca ouviu falar de qubit, talvez seja o momento de pesquisar sobre o termo. Enquanto os bits – que servem de base para o armazenamento e processamento de informações nos computadores atuais – são uma unidade binária de zero ou um, os qubits podem se sobrepor, o que resulta numa escalada exponencial de possibilidades.

Mas, na prática, o que isso quer dizer? Computadores superpoderosos, com uma enorme capacidade de processamento, e que serão capazes de responder diversas questões que hoje ainda são um mistério. 

A IBM e outras empresas já anunciaram um roadmap tecnológico que mostra enormes avanços até 2029 e projeções de investimento apontam que a computação quântica é um mercado que deve atingir US$ 1,5 bilhão já em 2026. 

E como isso deve mudar a nossa vida? Imagine ter toda a criptografia das suas transações bancárias quebrada em um curtíssimo espaço de tempo. A segurança cibernética é, segundo especialistas, uma das áreas que mais sofrerão transformações pela computação quântica, juntamente com química, indústria farmacêutica, biociência, setor automotivo e de energia.

BIOTECNOLOGIA 

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Essa deve ser uma década também revolucionária para a biotecnologia e a medicina. O descobrimento da cura de doenças que atormentam a humanidade há séculos está prometido para os próximos anos. 

A junção de IA com uma melhor capacidade de processamento de informação será capaz de gerar uma quantidade de descobertas sem precedentes. Atividades como codificar e programar computadores serão parte importante do currículo dos médicos do futuro. 

Já estão em desenvolvimento anticorpos capazes de se integrar ao nosso sistema imunológico, detectar e, algumas vezes, até curar, doenças em estágios sequer manifestados. Terapias genéticas com modificação do DNA e os avanços nos estudos de vacinas prometem uma completa transformação na medicina preventiva. 

Mas as nossas estruturas sociais estão prontas para um aumento significativo da expectativa de vida da população? Qual o limite da ética desses avanços? Como impedir que toda essa tecnologia seja usada como forma de manipulação ou discriminação em um futuro próximo? São algumas perguntas que não deveríamos terceirizar para inteligência artificial. 

REALIDADE ESTENDIDA 

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Uma década depois do lançamento do Google Glass, seguimos falando de realidade estendida. A Apple causou frisson com o seu Apple Vision Pro, a Meta segue investindo em novas versões do Quest e especula-se que o Google deve ter um novo dispositivo ainda em 2024. 

O próprio conceito evoluiu, primeiro com uma separação entre realidade aumentada e realidade virtual. A primeira é a sobreposição de elementos digitais a ambientes físicos e “reais”, enquanto a segunda é uma imersão em algum ambiente 100% criado digitalmente. A junção desses dois conceitos é o que se configurou chamar de realidade estendida. 

Mas estamos mesmo fadados ao futuro com pessoas imersas em seus óculos na rua? Sim e não. 

O uso de realidade estendida ancora uma tendência que, em inglês, está sendo chamada de mind machine merge, ou convergência entre mente e máquina. A mind machine merge propõe que os humanos terão no futuro uma “mãozinha” da tecnologia para ajudar na maior parte das atividades que a gente exerce hoje diariamente. 

Esse companheiro tecnológico poderá ser algum acessório atrelado ao nosso corpo – como os desejados ou odiados óculos de realidade virtual –, uma evolução dos smartphones ou então os próprios espaços no nosso entorno, que devem ficar cada vez mais conectados.

CÉREBRO HUMANO

Em uma das maiores feiras de tecnologia do planeta, o cérebro humano segue soberano na pauta. Muitos debates em torno das IAs trazem provocações sobre se elas ainda não deveriam estar sendo ensinadas também por seres humanos reais, e não apenas por dados catalogados. 

Já os estudos sobre psicodélicos mostraram importantes resultados em áreas ainda não exploradas da mente humana. No festival, muito se falou sobre neuroplasticidade e como o uso de algumas substâncias pode ser capaz de criar novos padrões de raciocínio, expandir a mente e levar a humanidade a níveis de consciência ainda não alcançados.

Possivelmente, a próxima fronteira de exploração está justamente dentro das nossas cabeças.


SOBRE A AUTORA

Renata Fernandes é diretora de produtos publicitários digitais da Globo. saiba mais