Como a inteligência artificial ajuda a acabar com os acordos “fio do bigode”

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Redação Fast Company Brasil 2 minutos de leitura

Temas legais não são pop: remetem a burocracia, usam termos de difícil entendimento, são restritos às conversas com advogados. E, o pior, costumam ser custosos. “Não existe democracia se o público não pode pagar um advogado que defenda seus direitos”, declara Charley Moore, fundador e CEO da legaltech Rocket Lawyer. O Brasil tem atualmente cerca de 130 milhões de pessoas que não têm acesso a serviços legais. Vigoram a confiança entre as pessoas, o aperto de mão, o olho no olho. 

No Web Summit Rio, Charley falou sobre como a tecnologia, incluindo o uso de inteligência artificial, está mudando rapidamente todo o cenário mundial de acesso e uso de serviços legais. É inegável que existe muita tecnologia evoluindo rapidamente, em um processo irreversível. Isso favorece muito a construção de relações mais justas e duradouras entre as pessoas e entre as empresas de todos os portes.

Formalizar as relações, mesmo para as questões mais simples, sempre foi um problema para as pessoas principalmente por dependerem da atuação de profissionais do Direito, que devem ser remunerados para tanto. E não é por falta de advogados no mercado: com mais de 713 mil inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) federal, o país está em terceiro lugar no ranking das nações que mais formam advogados no mundo.

De acordo com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), existem 1.210 cursos de Direito autorizados e reconhecidos no país e um total de 694 mil alunos matriculados nos cursos de Direito. Estamos formando hoje 243 bacharéis por dia e 10 por hora. Profissionais que entram no mercado de trabalho, com remunerações bem reduzidas e alta concorrência.

“Após ter atuado como advogado em diversas fusões e aquisições no Vale do Silício de grandes corporações, percebi que eu estava participando de um processo em que poucos ganhavam muito dinheiro. Muitas pessoas eram excluídas do acesso a serviços legais, se expondo a riscos, por serem dependentes da contratação de advogados que sempre foram bem custosos”, explica Charley. Por isso, em 2008, ele resolveu criar a empresa para democratizar o acesso do público aos serviços legais no mundo com uso de tecnologia, como forma de reduzir a informalidade nas relações.

O executivo percebeu que grande parte dos serviços não demandavam a contratação de advogados: bons modelos de documentos disponíveis online, com aplicação de inteligência artificial, seriam suficientes para organizar e formalizar relações básicas entre pessoas e empresas.

A expansão internacional da legaltech permitiu localizar as demandas específicas e as melhores competências profissionais oferecidas por cada país. “O Brasil oferece ótimos talentos técnicos, mentes criativas e relações amigáveis, qualidades reconhecidas internacionalmente. Confiar nas pessoas, fechar negócios com aperto de mão, sem mais formalizações por escrito, podem até dar certo, mas os riscos sempre existem”, reforça Charley.


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