I.N: Inteligência Natural para inspirar futuros desejáveis
Nos últimos meses parece estarmos vivendo uma alucinação coletiva sobre as maravilhas, mas também ameaças das inteligências artificiais generativas.
Aqui, no Web Summit Rio, talvez 70 ou 80% dos palestrantes tenham passado pelo tema em suas explorações otimistas ou apocalípticas. O fato é que parece que os riscos levantados e reverberados em milhares de artigos, podcasts e conversas de WhatsApp estão catalisando uma sensação de obsolescência do “humano”, de um verdadeiro desafio evolutivo para a nossa espécie.
Somam-se a isso uma guerra no centro da Europa, o final de uma pandemia, uma crise sistêmica do capitalismo – que só vem provendo ampliação de desigualdades – e a democracia falhando em garantir representatividade. Parece que uma tempestade perfeita, turbinada pelas mudanças climáticas, se aproxima no horizonte.
E aí? Para onde olhar e buscar inspirações para seguir?
Estamos diante de um gigantesco desafio criativo. Temos que olhar para a I.N – Inteligência Natural! A capacidade da natureza de resolver problemas complexos de forma criativa deve ser fonte infinita de inspiração para o desafio de nos reinventarmos como sociedade. Afinal, a “evolução” vem “entregando resultados” há mais de 3,8 bilhões de anos em soluções para problemas muito parecidos com os nossos, gerando um “ROI” inquestionável.
Definitivamente não somos os primeiros a termos que gerar energia de uma forma eficiente e limpa. As plantas fazem isso por meio da fotossíntese há pelo menos 2 bilhões de anos. Não somos os primeiros a ter que desenvolver processadores cada vez mais poderosos. Basta olhar o cérebro humano. E dá para seguir em uma lista infinita de oportunidades de benchmarks.
Trata-se de um gigantesco processo de P&D com a grande vantagem de ser completamente open source, pois Deus não cobra direito autoral. Podemos simplesmente nos apropriarmos das ideias geniais – aprimoradas em um sem-fim de experimentos por bilhões de anos – e usá-las para sairmos da sinuca de bico que nos metemos.
Essa é a lente da biomimética. Ciência que busca na natureza, em suas estratégias, formas, soluções e inspiração para qualquer área do conhecimento humano. Em minha palestra no Web Summit Rio, a provocação parte daí. Passo pelo papel das empresas e sua capacidade infinita de geração de inovação e como precisam assumir o papel de protagonistas na construção de um futuro desejável. Não por “bom mocismo”, mas para manterem sua própria relevância.
Concluo com exemplos de estratégias para engajarmos as pessoas a participarem do grande movimento de mudança de modelo mental que tanto precisamos para nos tornarmos sustentáveis no sentido mais literal do termo. Tudo isso buscando referências na lente criativa que emerge da “inteligência natural”.
Como a natureza faz negócios? Como a natureza se relaciona com as audiências e induz comportamentos desejáveis alcançando o verdadeiro engajamento orgânico?
A hora chegou! Temos que começar a desenhar futuros desejáveis sob o risco de sermos vítimas do nosso próprio pessimismo tão explícito em toda a ficção científica que temos produzido nos últimos tempos. O futuro foi e será sempre produto da nossa imaginação.