Veja alguns dos destaques da primeira edição do Web Summit Rio

Crédito: Fast Company Brasil

Aline Scherer 4 minutos de leitura

O Web Summit Rio chegou ao fim superando as expectativas de audiência para a primeira edição realizada fora da Europa. Ao todo 21.367 participantes de 91 países passaram pelos pavilhões do Riocentro entre 1 e 4 de maio. Os ingressos esgotaram um mês antes, alcançando a capacidade máxima mais rápido do que qualquer outra edição em 14 anos de Web Summit. Segundo dados da organização, as mulheres representaram 37% dos 400 painelistas. Uma ação garantiu 85% de desconto para mulheres que trabalham com tecnologia comprarem um par de ingressos. 

Com a vocação de ser um evento de negócios, o Web Summit Rio atraiu 506 investidores para promover conexões com representantes de 974 startups de 28 indústrias – sendo 21% delas fundadas por mulheres. O prefeito Eduardo Paes anunciou durante o evento a intenção de criar um fundo de investimentos para fomentar o setor local de tecnologias com soluções para ajudar a resolver os problemas sociais da cidade. Paes ressaltou também a parceria de 4 anos da prefeitura com o Web Summit. 

A próxima edição já tem data: de 15 e 18 de abril de 2024. “Ter uma presença internacional tão forte no primeiro ano do evento no Brasil é algo extraordinário, e esperamos crescer ainda mais”, disse Paddy Cosgrave, fundador e CEO do Web Summit.

Veja a seguir alguns destaques do evento em 2023: 

Regulação da Inteligência Artificial

O tema onipresente do Web Summit Rio foi geralmente citado junto com alertas de que o setor precisa de regulamentações específicas. O evento aconteceu na semana em que a PL das fake news foi adiada por pressão das big techs. 

Para seguir: 

Meredith Whittaker, pesquisadora de IA expulsa do Google em 2019 em parte por organizar funcionários contra o acordo da empresa com o Pentágono para construir tecnologia de visão de máquina para drones militares. Hoje ela preside o Signal, app de mensagens criptografadas, é membro do conselho de administração da Signal Foundation e conselheira chefe do AI Now Institute, que produz pesquisas sobre políticas relacionadas à concentração de poder na indústria de tecnologia.

Tecnologias mais responsáveis e seguras

Outro tema presente em algumas mesas: Como migrar de uma internet agressiva, hostil e cheia de desinformação para uma internet mais responsável e segura? Diante da falta de regulação mais rigorosa, empresas precisam colocar o interesse da sociedade no centro das decisões em debates como uso de dados, privacidade e anúncios nas plataformas.

Para seguir: 

Rebecca Parson, cientista da computação especialista em ética tecnológica, chefe de tecnologia da Thoughtworks, consultoria que publicou um manual de responsabilidade na tecnologia, com metodologias criadas por diferentes organizações. 


Antirracismo no ambiente de negócios

O momento é de cobrar as promessas que grandes empresas e fundos de investimento fizeram nos últimos dois anos de ter mais pessoas negras em seu quadro de colaboradores e parceiros de negócios. E também de checar se as políticas de inclusão criadas estão sendo efetivas para o combate ao racismo. 

Para seguir:  

Ayọ Tometi, empreendedora social, co-fundadora do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). O movimento ativista de reparação de injustiças raciais históricas foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2021, e completa uma década em 2023. 

Tecnologias para proteção da Amazônia

Há oportunidades no desenvolvimento de tecnologias e inovações para a proteção da Amazônia. Povos indígenas representam 5% da população mundial e protegem cerca de 80% da biodiversidade. Além de seus conhecimentos ancestrais sobre a floresta, utilizam satélites, GPS, drones, celulares e redes sociais para biomonitoramento. 

Para seguir:

Txai Suruí, porta-voz internacional dos povos indígenas brasileiros, palestrou na COP26 e na COP27 e é uma voz internacional pela preservação da Amazônia. Única indígena nos palcos do Web Summit Rio, Txai ressalta a necessidade de unir especialistas em inovação e tecnologia aos povos indígenas para desenvolver soluções em conjunto. 

Biomimética aplicada ao pensamento sistêmico

O pensamento sistêmico é uma das habilidades essenciais elencadas pelo Fórum Econômico Mundial para resolver os problemas globais. Inspirar-se na inteligência natural, a capacidade da natureza de resolver problemas complexos de forma criativa, pode ajudar as pessoas a criar soluções eficazes. 

Para seguir:

Fred Gelli, estudioso da biomimética, CEO da Tátil Design, agência de consultoria estratégica, que usa design e branding para criar conexões sustentáveis ​​entre pessoas e marcas.

ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança)

Inovações para reduzir o impacto das empresas no meio ambiente devem priorizar o design de tecnologias para neutralizar gases de efeito estufa, e rastrear demais aspectos ESG da cadeia de fornecedores, como direitos humanos. Outras oportunidades estão em softwares de gestão de pessoas, governança e compliance, e investimentos em educação e geração de oportunidades para todos.

Para seguir:

Monique Evelle, empresária, investidora-anjo e mentora, cofundadora da Inventivos, plataforma de formação de empreendedores que recém lançou um fundo de investimentos com foco em empreendedores negros.  


SOBRE A AUTORA

Repórter Especial Fast Company Brasil saiba mais