Web Summit Rio 2023: Três lições de KondZilla com projetos que fracassaram – e suas próximas apostas

Crédito: Fast Company Brasil

Aline Scherer 4 minutos de leitura

Konrad Dantas, mais conhecido por KondZilla, nome da sua produtora audiovisual e selo musical, coleciona sucessos na indústria de entretenimento. Seu toque de midas chamou a atenção de marcas, que passaram a contratar sua produtora para a criação de projetos especiais. 

KondZilla tem 66.5 milhões de inscritos no Youtube – e seu canal na plataforma de vídeos já foi o terceiro maior do mundo. Muitas músicas de artistas de seu selo musical estão entre as mais ouvidas do Spotify. Sintonia, produzida por Kondzilla e patrocinada pela Netflix, é a série brasileira mais assistida da plataforma. Com sua quarta temporada prevista para sair ainda em 2023, a série se tornou importante para o crescimento da receita da Netflix na América Latina, já que milhares de fãs de Kondzilla viraram assinantes da plataforma. 

Mas nem todas as apostas do produtor musical viraram hit. Em sua apresentação no Web Summit Rio, ele contou o que aprendeu com os projetos que não tiveram o sucesso que ele esperava. E que está de olho no público 50+. Confira as três lições que KondZilla aprendeu:

1. Proeminência 

Conquistar um bom acordo com as plataformas de streaming faz toda a diferença. A Netflix apostou no sucesso de Sintonia, série assinada por KondZilla, e anunciou na home page, ajudando a torná-la a série brasileira mais assistida da plataforma. Para o empresário, os resultados em outras plataformas em que a produção audiovisual está presente deixaram a desejar porque Sintonia não foi divulgada na página principal. 

Além disso, a estratégia de lançamento provocou a Netflix a fazer algo inédito: veicular o episódio piloto de uma série fora da plataforma proprietária, exibindo primeiro no canal KondZilla no Youtube e não na própria Netflix. Assim, fãs do canal que queriam assistir a série e não eram assinantes acabaram se tornando clientes. “No final das contas todo mundo é vendedor, temos que converter nosso projeto em venda”, disse o empresário.

Entender como as plataformas funcionam, as semelhanças e diferenças entre elas, é essencial para fazer melhores acordos comerciais. “Passamos tanto tempo fazendo campanha para as pessoas se inscreverem no nosso canal do Youtube para que o Youtube sugerisse nossos vídeos aos usuários”, diz Konrad, sobre a dinâmica dos algoritmos de recomendação de conteúdo. 

2. Marketing e distribuição

Contratar um time de criadores que possui uma grande audiência pode fazer marqueteiros pensarem que não precisam destinar verbas de impulsionamento de conteúdo. Isso já aconteceu com a KondZilla e seu fundador resolveu colocar nos contratos da produtora a necessidade de clientes investirem em divulgação e marketing dos produtos criados em conjunto. Outro critério que a empresa adicionou é que o cliente precisa investir em uma plataforma que tenha participação de mercado relevante. “Não adianta ser o número 1 na plataforma número 1.000”, disse. 

Kondzilla ressalta que grandes criadores de conteúdo passaram a negociar diretamente com as marcas, mas muitos não perceberam que era preciso alinhar com parceiros já estabelecidos no mercado – as plataformas de streaming e as agências de publicidade. É por isso que os projetos da KondZilla passaram a ser construídos “a seis mãos”. “Quando usamos a plataforma para distribuir o conteúdo, mas ela não participa da receita isso vai limitar o alcance. Assim como as agências, porque o criador fechando direto com o cliente, elas não participam da administração da verba de marketing e mídia,” explicou. 

3. Diferenciação

Aprofundar-se em oportunidades que outros talvez não estejam olhando pode ser mais interessante do que tentar se posicionar bem em uma plataforma depois de já ter “perdido o bonde”. Enquanto muitas marcas estão estudando comprar projetos no TikTok, mas seus executivos não consomem a plataforma, nem deixam os filhos usarem, KondZilla está buscando diferenciação da concorrência, estudando diferentes públicos e as próximas tendências. “A geração que vai viver 100 anos já nasceu. Estou olhando para a audiência mais madura, que é jovem há mais tempo”, disse. “Estou trocando muitas referências com meu pai e meu sogro, para ver o que eles estão consumindo, estou focado no público 50+, mas não apenas”, disse. 

O interesse neste novo perfil de público surgiu quando KondZilla passou a participar do programa Papo de Segunda, no GNT, e estudou o perfil de audiência. O convite para participar do programa surgiu recentemente, depois que o empresário percebeu que sua marca ainda não tinha presença na televisão. Para ele, a jornada de consumo de conteúdo de entretenimento para música se dá a partir de vídeos curtos, música, videoclipe oficial, TV, publicidade, filmes e documentários. 

O sonho do empresário é unir em um produto as características das diferentes mídias: a velocidade da música, o compromisso com a atualidade da TV, a estética e qualidade do cinema.


SOBRE A AUTORA

Repórter Especial Fast Company Brasil saiba mais