Web Summit Rio e o fim da distopia

O protagonismo das marcas em criar futuros utópicos possíveis

Crédito: Fast Company Brasil

Carolina de Oliveira 2 minutos de leitura

Quem é fã de ficção científica conhece diversos dramas sobre sociedades fracassadas e opressivas, geralmente afetadas pelo descontrole de pessoas direcionadas pela ganância e poder. Destruição dos recursos naturais, guerras, distanciamento da concentração de renda, dominação da inteligência artificial, robôs humanóides tomando controle da Terra, violência e opressão. Tudo isso misturado, mas com uma dose de esperança por um mundo melhor. Apesar de cumprir com a função de crítica à sociedade, a distopia é um gênero literário um tanto perigoso. Muitas vezes, estas obras acabam se tornando uma profecia autorrealizável, algo gravado no subconsciente coletivo e, portanto, possível.

No entanto, felizmente estamos vivendo um momento em que a distopia vem perdendo força. Futuros utópicos possíveis estão sendo imaginados e também construídos, o que traz um certo alívio e positivismo. Afinal de contas, não temos mais muito tempo para o pessimismo, e isso foi debatido em diversos palcos do Web Summit Rio 2023. Vários palcos trouxeram reflexões sobre a necessidade urgente do envolvimento das empresas em desenvolver produtos e soluções focadas em resolver os problemas da sociedade. As empresas possuem a maior parte das competências necessárias para não apenas imaginar, mas criar futuros mais sustentáveis e inclusivos.

Diversos palcos trouxeram provocações e convocaram os designers, criativos, engenheiros e startups presentes a refletirem e se tornarem solucionistas, pessoas chave nas organizações engajadas a criarem produtos e soluções em benefício da sociedade e do meio ambiente. E este movimento está se tornando real. Por exemplo, a biomimética vem tomando mais força, uma área científica que envolve o estudo da estrutura, função e processos biológicos da natureza em busca de soluções inovadoras para problemas em diversas áreas, como engenharia, arquitetura, medicina, agricultura e robótica.

Diversas startups focadas em solucionar problemas reais focados na economia circular, reutilização de resíduos, geração de energias alternativas, descarbonização, materiais alternativos, logística reversa e soluções para cidades mais inteligentes, além de projetos importantes de inclusão social, ampliação da diversidade, combate à pobreza, redução das desigualdades sociais.

Ainda temos muito trabalho pela frente, mas ficou evidente no Web Summit Rio deste ano que este novo consciente coletivo está sendo criado e estamos finalmente indo para um caminho melhor, com a tecnologia a nosso favor com as empresas tomando o protagonismo na transformação. Pensamento muito utópico o meu? Prefiro seguir por este caminho.


SOBRE A AUTORA

Carolina de Oliveira é sócia-diretora de Private Enterprise da KPMG no Brasil. saiba mais