Ninguém aguenta mais palestras sobre IA

No futuro, ter uma trilha de IA nos eventos fará tanto sentido quanto ter uma trilha de internet ou digital nos dias de hoje

Crédito: Fast Company Brasil

Paulo Aguiar 2 minutos de leitura

O Web Summit Rio 2024 terminou e, assim como em todos os eventos do último ano, o tema de maior destaque foi inteligência artificial.

Tive a oportunidade de falar com dezenas de colegas e fazer a clássica pergunta: “e aí, o que tá achando?”.  A maioria das respostas era algo como “muita IA, né?”. Alguns com uma visão positiva, mas a maioria expressava um cansaço claro sobre o tema.

Meu sentimento é que estamos em um looping de teorias, sejam elas apocalípticas ou utópicas, de discursos pouco práticos sobre o tema. E acredito que a causa é bem simples: IA não deveria ser o assunto, mas o que fazemos com ela.

Imagina o quão produtivo poderiam ser os painéis se, em vez de dar opinião sobre o futuro da IA e se ela vai acabar com o trabalho humano, os executivos dividissem aprendizados, resultados reais do que estão fazendo. Quantos painéis sobrariam? 

Meu sentimento é que estamos em um looping de teorias e discursos pouco práticos sobre o tema.

Tive  a oportunidade de acompanhar alguns que fizeram a diferença, entre eles “Separating hype from reality : the true potential of A.I” (Separando o hype da realidade: o verdadeiro potencial da IA), com falas potentes da Bianca Lopes; “How companies can navigate the GenAI revolution” (Como as empresas podem navegar na revolução da IA), com uma didático e relevante keynote de Laura Kroeff; e “Driving the GenAI-powered entreprise” (Direcionando a empresa empoderada pela IA), com a visão totalmente prática de Marcio Aguiar, da Nvidia.

Mas eles são exceções em um lugar onde o conteúdo transformador deveria ser a regra. 

Antes de continuar, preciso deixar claro que IA é, de longe, meu tema de maior interesse. No último ano, dediquei parte do meu tempo em estudar, experimentar e publicar projetos de conteúdo com inteligência artificial no meu instagram @paulofaguiar.

Ferramentas de IA como ChatGPT, Gemini, Midjourney, HeyGen, Tactiq são as que mais utilizo para trabalhar. Ainda assim, não me considero um especialista. Como ser um especialista em algo que muda todos os dias?

Crédito: Growtika/ Unsplash

E mais, a meu ver, não existe especialista em usar IA, até porque a gente usa a inteligência artificial para realizar alguma coisa, e é nessa coisa que podemos ser especialistas, ou não.

Gostaria de ver mais creators, fotógrafos, escritores, arquitetos, cientistas, engenheiros e gestores falando sobre como estão utilizando IA para ampliar seu trabalho, mostrando na prática essa combinação de humano/ máquina que sempre teorizamos, para baixar a ansiedade daqueles que estão mais preocupados em perder o emprego do que em aprender algo novo.

Seguiremos espremendo ao máximo o hype marqueteiro sobre o tema. Afinal de contas, está vendendo e lotando todos os eventos, e é claro que tem muita coisa boa e muitos aprendizados.

Mas uma coisa eu posso garantir: no futuro, ter uma trilha de “IA” nos eventos fará tanto sentido quanto ter uma trilha de “internet” ou “digital” nos dias de hoje.

Enquanto isso, nos vemos no próximo evento nos painéis de IA.

Até lá!


SOBRE O AUTOR

Paulo Aguiar é sócio e COO da 3C.gg e colaborador da Fast Company Brasil. saiba mais