Artistas podem entrar em greve de novo – agora, os de videogames

Profissionais que trabalham para a indústria de games levantam a questão do uso abusivo de IA e dos salários defasados

Crédito: Brock Wegner/ Unsplash

Michael Grothaus 2 minutos de leitura

Foi dado mais um passo em direção a uma possível nova greve do sindicato dos artistas de rádio e TV dos EUA, além da histórica greve dos atores de Hollywood. O Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA) divulgou os resultados de uma votação realizada no início do mês.

A questão em votação era se eles deveriam entrar em greve caso as empresas de videogame não concordassem com novos termos aceitáveis nos futuros contratos do Acordo de Mídia Interativa (IMA). Dos 34.687 artistas de videogame do SAG-AFTRA que participaram da votação, 98% votaram a favor da autorização de greve.

Quem trabalha no setor de games enfrenta muitas das mesmas questões que aqueles que trabalham em cinema e televisão.

A categoria é formada por profissionais que realizam trabalho de captura de movimento, bem como outros atores e artistas que fazem trabalhos como dublagem ou atuam como dublês.

As principais questões pelas quais o sindicato está lutando são aumento de salário que acompanhe a inflação, medidas básicas de segurança e proteções contra o uso abusivo de inteligência artificial.

O SAG-AFTRA tem negociado com grandes empresas de games desde outubro do ano passado, entre elas Activision, Blindlight, Disney Character Voices, Electronic Arts, Formosa Interactive, Insomniac Games, Epic Games, Take 2 Productions, VoiceWorks Productions e WB Games. O sindicato afirma que, até agora, as empresas não concordaram com termos aceitáveis.

Atores fazem manifestação em frente ao escritório da Netflix, em apoio aos roteiristas em greve (Crédito: Mario Tama/ Getty Images)

“Entre os usos abusivos da IA e os salários defasados, aqueles que trabalham em videogames estão enfrentando muitas das mesmas questões que aqueles que trabalham em cinema e televisão", disse Ray Rodriguez, diretor de contratos do SAG-AFTRA, em um comunicado anunciando a autorização da greve.

"Devemos chegar a um acordo que compense de maneira justa esses talentosos artistas, que garanta medidas de segurança sensatas e que permita que eles trabalhem com dignidade. Os meios de subsistência de nossos associados dependem disso.”

o sindicato luta por aumento de salário, medidas básicas de segurança e proteções contra o uso abusivo de IA.

Embora os artistas de videogame do SAG-AFTRA tenham votado pela greve, a paralização ainda não é certa. Agora que ela foi autorizada, isso pode dar ao SAG-AFTRA mais poder nas negociações que devem ocorrer até o fim da semana.

Além disso, uma decisão de prosseguir com a greve não afetaria a paralização dos atores de Hollywood associados ao SAG-AFTRA.

Em outra frente, o Sindicato dos Roteiristas da América (WGA) e a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) finalmente chegaram a um acordo, o que encerra a greve iniciada em maio.

As principais preocupações que alimentam todas as três ações grevistas são salários dignos que acompanhem a inflação e o temor de que as empresas usem tecnologia de inteligência artificial para explorar ou substituir os trabalhadores.

O texto foi atualizado pela redação da Fast Company Brasil.


SOBRE O AUTOR

Michael Grothaus é escritor, jornalista, ex-roteirista e autor do romance "Epiphany Jones". saiba mais