Brasil é destaque em desenvolvimento externo de games, aponta relatório internacional

Crédito: Javier Martínez/ Max Harlynking/ Unsplash

Ana Beatriz Camargo 3 minutos de leitura

Anualmente, os principais players da indústria de games se reúnem no Canadá para o maior evento global com foco exclusivo em external development, o XD Summit. O evento acontece no mês de setembro e, este ano, voltará a ser presencial, em Vancouver, de 7 a 9 de setembro. Para esquentar o assunto e prover tendências e informações sobre as preocupações mais significativas enfrentadas por todas as partes envolvidas na criação de um jogo, os organizadores divulgam um relatório com dados sobre o mercado.

External development (XD) pode ser explicado como um dos pilares da cadeia de produção de jogos. É a prática na qual desenvolvedores e publishers globais de games buscam estúdios mundo afora, com profissionais especializados em arte, animação, engenharia, efeitos visuais, realidade virtual e user experience (UX), por exemplo. Os dados do relatório foram obtidos a partir de mais de 200 contribuições anônimas de profissionais de todo o mundo, envolvidos no processo de criação de um jogo. 

Já mostramos aqui na Fast Company Games as tendências de exportação do mercado brasileiro para 2022. O relatório da XDS endossa esse movimento de destaque do mercado brasileiro frente aos olhos dos gigantes internacionais. Pela segunda vez consecutiva, o Brasil foi destaque entre os países emergentes como a região mais promissora para prestação de serviços para os grandes publishers. Em 2020, nosso país sequer aparecia no top 3, tendo desbancado os concorrentes Vietnã, Índia e Malásia. 

Rodrigo Terra, da Abragames (Crédito: Abragames/ Divulgação)

A explicação para essa virada estaria em fatores como criatividade, cultura aberta e flexível, capacidade de se adaptar e de se comunicar, o fuso horário equilibrado tanto para Estados Unidos quanto Europa e a aptidão técnica dos profissionais, como define Rodrigo Terra, presidente da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais) e cofundador do Arvore, estúdio focado em tecnologias imersivas.

“Quando falamos de XD, falamos de desenvolvimento de uma série de atividades, como arte, animação, cinemática, áudio, engenharia, portabilidade, captura de movimento, controle de qualidade, efeitos visuais, UX e UI (user interface), entre outras. Hoje, os estúdios brasileiros estão totalmente preparados para atender essas demandas com muita competência e comprometimento”, assegura Terra. 

O Brasil foi destaque entre os países emergentes para prestação de serviços para os grandes publishers.

Na retomada presencial do XD Summit, a Abragames e a ApexBrasil estarão presentes com uma delegação composta por estúdios nacionais que são referências exclusivamente no trabalho de external development e alguns que operam no modelo híbrido, fornecendo profissionais e desenvolvendo seus próprios jogos.

Dentre eles, podemos destacar a Puga Studios, de Recife, que desde 2017 opera com desenvolvimento externo e conta com projetos importantes no seu portfólio, como o jogo Looney Tunes World of Mayhem, feito em parceria com a Aquiris. 

A Puga é um dos estúdios brasileiros que viu a pandemia do novo coronavírus trazer um impacto positivo nas suas possibilidades de atuação: de 30 funcionários, em março de 2020, a empresa deu um salto para 140 pessoas trabalhando para a PUGA atualmente.

Os últimos anos trouxeram uma mudança de mentalidade que favoreceu os estúdios brasileiros, como explica Paulo Luis Santos, fundador da Flux Games, estúdio paulistano que atua com desenvolvimento externo desde antes da pandemia.

Paulo Santos, da Flux Games (Crédito: Abragames/ Divulgação)

“Tanto as pessoas quanto as companhias passaram a confiar mais no trabalho remoto. Grandes players estrangeiros têm buscado estúdios brasileiros sólidos e confiáveis para trabalhar em parte do desenvolvimento de seus jogos”, afirma Santos. Esse movimento resulta em capacitação dos estúdios, amadurecimento do mercado e evasão de talentos para outros países. 

Para Eliana Russi, diretora internacional da Abragames, é importantíssimo que profissionais brasileiros estejam engajados presencialmente no contato com os grandes publishers. “Sabemos que as parcerias para o desenvolvimento de um projeto AAA requerem uma relação de confiança entre as partes. As empresas brasileiras têm construído isso ao participarem de eventos globais, como a XDS”, afirma ela. Por isso, a expectativa para a XD Summit deste ano é das melhores possíveis.

Aqui você encontra a íntegra do relatório 2022 da XD.


SOBRE A AUTORA

Ana Beatriz Camargo é jornalista, heavy user de redes sociais e escreve sobre o mundo dos games. saiba mais