Brasil é o 7º país do mundo com mais usuários em jogos NFT

Crédito: Fast Company Brasil

Ana Beatriz Camargo 3 minutos de leitura

Você já ouviu falar de um token chamado MANA? Se sim, é porque você já teve a oportunidade de navegar pela plataforma de realidade virtual Decentraland, criada pela Decentral Games. Gigantes como Coca-Cola e Atari já realizaram ativações e eventos virtuais dentro desse metaverso, cujo token próprio acumula uma valorização de mais de 1.000% ao ano. 

Em uma pesquisa recente feita pela dona da Decentraland e divulgada originalmente pela Bloomberg, o Brasil e sua vizinha Argentina ganharam posições de destaque – o que endossa o interesse do usuário digital brasileiro por esse tipo de transação. Segundo a pesquisa, nosso país é o sétimo do mundo em número de usuários em jogos NFT (Non-fungible token, ou token não-fungível). 

Metaverso Decentraland (Crédito: Decentral Games/ Divulgação)

Esse tipo de jogo difere dos demais por permitir que seus elementos se tornem peças únicas, do mesmo modo como áudios, vídeos e imagens podem ser convertidos em um NFT , tornando-se únicos – e negociados a altos preços. Essa característica atrai para essa categoria de games usuários interessados em conquistar as peças exclusivas e comercializá-las, fazendo do jogo um ambiente de entretenimento, mas também para especulação. Em lugar de ser, o jogador passa a ser conhecido por ter algo. 

A maioria dos títulos que envolvem NFT hoje disponíveis operam no modelo play-to-earn, no qual o jogador ganha tokens apenas jogando. Quanto mais se joga, mais se ganha. Ou seja, quanto melhor o jogador performa no game, mais raros são os itens que ele consegue coletar e maior seu catálogo de itens para negociar. 

No contexto latinoamericano, o Brasil perde apenas para a Argentina, que ocupa o primeiro posto na categoria de usuários em jogos play-to-earn. Em nível global, a Argentina ocupa a quinta posição, contabilizando 9,4 mil visitas ao metaverso da Decentral Games (até o momento). 

A pesquisa aponta a correlação entre essa debandada para esse tipo de jogo e o aumento da inflação que corrói o poder aquisitivo advindo da renda tradicional. Ou

A maioria dos games que envolvem NFT operam no modelo play-to-earn, no qual se ganha tokens apenas jogando.

seja, as moedas nacionais passam a perder valor e os mais jovens buscam nas criptomoedas uma saída para aumentar seu poder de consumo. Ambos os países enfrentam uma inflação de dois dígitos, atrás apenas da Venezuela. Nosso hermanos argentinos assistem os preços dos produtos crescerem a um ritmo superior a 50% ao ano enquanto o salário, como era de se imaginar, não acompanha o ritmo. No Brasil, a inflação dobrou em 2021, para mais de 10% ao ano.

Gabriel Mellace, chefe de relações com investidores da Decentral Games, responsável pela pesquisa, declarou à Bloomberg que acredita que o número de usuários continuará crescendo, uma vez que a tendência nos países latinos não aponta para um arrefecimento da inflação. 

Mas é importante salientar que, para entrar nesse tipo de mercado, é preciso mais do que informar um endereço de e-mail e um nome de usuário. Tanto o metaverso da Decentral Games quanto Axie Infinity e Sandbox exigem que seus usuários já sejam proprietários de algum token não-fungível.

Na Decetraland, por exemplo, os usuários precisam ter uma NFT no valor de US$ 5,2 mil para começar a jogar, o que é muito caro para argentinos e brasileiros. Isso tem gerado um contra movimento: norte-americanos e alemães alugam parte de seus NFTs para que usuários de outros países possam se cadastrar.  


SOBRE A AUTORA

Ana Beatriz Camargo é jornalista, heavy user de redes sociais e escreve sobre o mundo dos games. saiba mais