Como o campeonato de LoL virou um dos grandes eventos esportivos do ano

Milhões de pessoas assistem todos os anos ao torneio de eSports da Riot Games, e o design da competição é essencial para o seu sucesso

Crédito: Marv Watson/ Riot Games

Sam Lubell 4 minutos de leitura

Responda rápido: qual esporte mais cresce no mundo? Basquete? Não. Futebol? Também não. Tênis? De jeito nenhum. Estamos falando de eSports. De acordo com a plataforma Statista, no ano passado, cerca de 270 milhões de espectadores acompanharam campeonatos de esportes eletrônicos, e espera-se que esse número suba para 323 milhões até 2025.

As competições de eSports são uma indústria de US$ 3 bilhões (sem mencionar o setor de jogos, que é um mercado de US$ 287 bilhões) e deverão crescer a uma taxa de 8,31% ao ano.

Existem inúmeras ligas, muitas delas centradas em títulos famosos como Fortnite, Call of Duty: Modern Warfare e World of Warcraft. Os vencedores ganham centenas de milhares de dólares em torneios, e, assim como nos esportes tradicionais, há contratos, trocas de jogadores e grandes patrocínios.

Atualmente, o indiscutível gigante dos eSports é o League of Legends, desenvolvido pela Riot Games – um jogo de estratégia inspirado em fantasia e o esporte eletrônico mais assistido do mundo. Além disso, o game possui sua própria série na Netflix, chamada “Arcane”, e uma base de fãs com cerca de 120 milhões de jogadores ativos.

Crédito: Netflix

A temporada competitiva dura o ano inteiro e culmina no Campeonato Mundial de LoL, um evento que, no ano passado, esgotou todos os 18 mil assentos do Chase Center, em São Francisco (EUA), em apenas três minutos e atraiu dezenas de milhões de espectadores virtuais ao redor do mundo, de acordo com a Riot.

Cada mundial é realizado em um lugar diferente. O torneio deste ano, que já começou e vai até 19 de novembro, está acontecendo em várias arenas na Coreia do Sul. A final será no estádio Gocheok Sky Dome, em Seul. É uma mistura frenética de esporte, narrativa baseada em jogos e entretenimento, que envolve uma ampla gama de expertise e tecnologia.

Cosplayers na final do campeonato mundial de 2022 (Crédito: Colin Young-Wolff/ Riot Games)

Carrie Dunn, diretora global de criação e eSports da Riot Games, afirma que a diversidade de talentos envolvidos – mais de duas mil pessoas – é o que torna tudo possível. A equipe inclui não apenas os jogadores, mas também a produção, os locutores (conhecidos como “casters”), designers de cenários, construtores, iluminação, motion graphics, projeção, música, figurinistas, coreógrafos, dançarinos, cantores e muito mais. Todos trabalham em um cronograma apertado, com a ajuda de componentes automatizados pré-programados.

Este ano, o tema é “The Grind. The Glory” (algo como “A Jornada. A Glória”), destacando os desafios de competir para alcançar a vitória. Para capturar a essência visceral do jogo, os cenários foram projetados para serem mais imersivos, desfazendo os limites entre o mundo físico e digital, entre esporte e fantasia.

Em 2022, o tema escolhido foi “One and Only” (“um só”), representando a união por meio de uma bandeira colorida que combinava os logotipos das 24 equipes concorrentes. O design de produção girava em torno de um palco central circular, colocando o foco nos jogadores, na própria competição e nos artistas.

O primeiro passo foi instalar uma enorme tela de LED composta por 1.344 painéis em volta do já imenso placar do Chase Center. A equipe complementou essa já extravagante ideia com um piso de LED, uma infinidade de holofotes móveis, além de telas de projeção holográfica envolvendo a borda, onde gráficos 3D realistas eram projetados de várias direções.

Durante a cerimônia de abertura, o placar foi abaixado até o chão, depois erguido em meio a flashes de relâmpagos e música empolgante, incluindo o hino do evento.

Dançarinos vestidos com trajes neon, morcegos demoníacos (representando o personagem do jogo, Chirean), um urso que controla raios (Volibear), uma representação de Kai’Sa, favorita do público, pulando a 24 metros de altura e pousando no palco, e artistas famosos, como Lil Nas X, levaram a multidão à loucura.

A competição em si – vencida pela equipe DRX, que levou para casa o troféu Summoner’s Cup de cerca de 32 quilos, além de quase US$ 500 mil em prêmios – contou com uma enorme tela principal, telas menores, locutores ao vivo e várias câmeras que se moviam ao redor dos jogadores, acima deles e até mesmo dentro do próprio jogo.

Desde que assumiu o cargo em 2020, Dunn mudou a estética do campeonato para um estilo mais moderno e centrado na competição, em contraste com o enfoque anterior, que era mais baseado em fantasia.

A ideia, segundo ela, é celebrar os competidores no mundo real, ao mesmo tempo em que dá destaque ao jogo e às suas várias histórias por meio do design e da tecnologia.

Mas a estética adotada em 2023 mostra que nada é definitivo. “Precisamos correr riscos, mudar a fórmula e surpreender os fãs, acompanhando os momentos culturais”, diz ela.

Independentemente da abordagem, o espetáculo sempre estará no centro desses eventos: a mistura de exuberância extravagante e narrativa que diferencia os eSports dos esportes tradicionais. “Não queremos que as pessoas apenas assistam a outras jogando em seus computadores”, afirma Dunn. “Precisamos surpreender.”


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