Como o design de games cria beleza e significado na mente dos jogadores

Nos jogos, a essência fundamental do que significa ser humano é tratada de maneira estilizada, ritualizada e performática

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Next Big Idea Club 4 minutos de leitura

Há mais de duas décadas, Frank Lantz ensina design de jogos na Universidade de Nova York, onde ajudou a criar o NYU Game Center e foi o primeiro chefe do departamento até 2021. Em 2020, ele desenvolveu o jogo de tabuleiro “Hey Robot” em colaboração com sua esposa e filho.

A seguir, Lantz compartilha cinco ideias principais de seu novo livro, “The Beauty of Games” (A Beleza dos Games).

1. Trazendo os games para o debate

Apesar de consumirem muito do nosso tempo, atraírem a atenção de milhões de pessoas e terem se tornado um enorme mercado, os games não parecem estar muito presentes nas conversas sobre coisas importantes – como nos definimos, vemos o mundo e projetamos nosso futuro enquanto sociedade. Literatura, cinema, pintura, música; cada um deles tem sua própria forma de contribuir para o debate.

Os games, por outro lado, têm dificuldade em entrar na conversa. Eles podem ser tão complicados, envolventes e fascinantes que muitas vezes parecem ter seu próprio mundo separado.

"Arcane", minissérie baseada no jogo League of Legends (Crédito: Netflix)

Mas são mais do que apenas parte de uma cultura pop divertida. Assim como as outras formas de arte, eles têm ideias, conceitos, insights e perspectivas para oferecer. Têm muito a nos dizer sobre o mundo.

2. Os games são a arte do software

Muito antes de existirem computadores, os games já estavam aí, sonhando com eles. E assim que os trouxeram para o mundo, logo começaram a levantar questões fundamentais: para que servem os computadores? O que eles significam? O que queremos deles?

Com os games, relaxamos e deixamos nossos corações nos lembrarem de quem realmente somos.

Agora que a computação se tornou parte das nossas vidas, essas perguntas são mais importantes do que nunca. O que significa ver o mundo como um sistema, um espaço cheio de possibilidades definido por limites, recursos e objetivos?

Como um determinismo simples se transforma em complexidade irreversível? Onde as leis da matéria encontram a experiência da mente? O que faz esse botão?

Os games são a arte que conecta a máquina lógica de causa e efeito às maravilhas do desejo e do sonho.

3. Música, não cinema

Quando falamos sobre games como obras estéticas que têm algo a nos dizer sobre a vida e o mundo, geralmente é através da lente conceitual do cinema e da história. Como os videogames são visualmente espetaculares, tendemos a tratá-los como uma forma de cultura de tela. Mas focar apenas em seus aspectos visuais empobrece e esvazia o debate.

Compará-los com música é uma analogia muito mais apropriada. Assim como os games, a música tem uma relação mais leve, mais complementar com a representação, com a imitação da realidade e com a história.

Guitar Hero (Crédito: Activision)

Ela envolve participação, sincronia, canções que aprendemos, instrumentos que estudamos para tocar, ritmos que organizam e criam um padrão para a nossa percepção, bem como as diferentes partes da nossa atenção individual que se entrelaçam em rituais compartilhados de atividade coordenada.

Como a música, a beleza dos games pode ser difícil de enxergar. Às vezes, é preciso fechar os olhos e sentir.

4. Tornando o pensamento visível

Quando você joga, está aprendendo e se observando aprender. Nos jogos, a essência fundamental do que significa ser humano – ser um tipo particular de processo cognitivo, ser um agente no mundo, tomar decisões, resolver problemas, correr atrás de objetivos – é tratada de maneira estilizada, ritualizada e performática.

Através deles, conseguimos nos afastar um pouco da vida, olhá-la, apreciá-la e, ao mesmo tempo, mergulhar nela por algum tempo, nos entregar, escapar. É uma dança curiosa, às vezes desengonçada, na qual ficamos imersos no ato de pensar e agir.

5. Games e inteligência artificial

Os games não apenas têm a oportunidade, mas também a responsabilidade de ajudar a humanidade a entender e

Quando você joga, está aprendendo e se observando aprender.

navegar pelo momento histórico em que vivemos. O que são computadores? O que é pensamento? O que é conhecimento, resolução de problemas e criatividade? O que os computadores significam? O que queremos deles? O que há de bonito neles?

Com os games, relaxamos e deixamos nossos corações nos lembrarem de quem realmente somos. Precisamos fazer, jogar, pensar e falar sobre games com essas perguntas em mente.

Devemos usar nossas experiências com eles para encarar os problemas e promessas da inteligência artificial de uma maneira que nos ajude a moldar o futuro da melhor forma possível.

Este artigo foi publicado originalmente na revista "Next Big Idea Club" e reproduzido com permissão. Leia o artigo original.


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