EA anuncia o substituto do FIFA, game de futebol mais famoso do mundo

Após o fim da parceria com a federação de futebol, o jogo FIFA passa a se chamar EA Sports FC. Mas será que terá o mesmo impacto cultural?

Crédito: EA Sports

Luke Plunkett 3 minutos de leitura

Em maio do ano passado, a desenvolvedora Electronic Arts anunciou uma mudança histórica em sua série de jogos de maior sucesso, conhecida simplesmente como FIFA. Uma disputa com a entidade máxima do futebol sobre os custos de licenciamento levou a EA a romper a parceria que, ao longo de mais de três décadas, havia produzido um dos títulos mais vendidos e lucrativos do mundo.

Segundo relatos, a federação havia pedido US$ 1 bilhão para continuar com o acordo, uma quantia que nenhuma desenvolvedora em sã consciência pagaria. Mas a decisão da EA de seguir caminhos separados ainda traz um grande risco. A FIFA pode ser responsável pela supervisão do futebol mundial, mas para gerações de fãs e gamers, ela também é sinônimo da série de jogos.

Crédito: EA Sports

FIFA (o game, não a federação) é mais do que apenas um jogo eletrônico. Graças ao marketing, ao foco em modos multiplayer e a acordos de licenciamento com ligas e times importantes, o game é hoje um fenômeno cultural. Em todo o mundo, faz parte da vida social de jovens, sendo citado tanto por influenciadores quanto por rappers.

Crédito: EA Sports

É uma série com o apelo – e o volume de vendas – que os concorrentes sonham em alcançar. Em 2021, última vez que a Electronic Arts divulgou números relacionados diretamente ao FIFA e suas vendas digitais, o game havia arrecadado mais de US$ 1,6 bilhão apenas com os cartões Ultimate Team.

Mas, para deixar claro: a série de jogos que conhecemos não vai acabar. Os mesmos desenvolvedores continuam trabalhando nela, os códigos são os mesmos e a EA Sports lançará um novo título ainda este ano com aparência e jogabilidade semelhantes à edição do ano passado.

Só que agora não se chamará mais FIFA, passará a se chamar EA Sports FC. Por mais que tenha sido uma marca de grande sucesso ao longo das décadas, a revelação do novo nome indica que a série terá uma batalha difícil pela frente.

Crédito: EA Sports

O jogo em si não estará nas prateleiras por meses, mas a EA mostrou pela primeira vez a nova “identidade de marca, logotipo e visão” com uma seleção de imagens e vídeos curtos. A empresa sugere que o nome completo do jogo, EA Sports FC, será mais comumente abreviado para EAFC, ou até mesmo apenas FC, se os fãs preferirem.

A nova marca, segundo a desenvolvedora, foi inspirada em triângulos, uma forma geométrica que tem um forte significado no futebol por seu uso em estratégias de passes, mas que também aparece nos games da empresa, mais notavelmente como o símbolo que indica o jogador que está sendo controlado.

Crédito: EA Sports

Na minha opinião, o novo logo está excelente. Eles acertam em cheio nas características específicas de design (os triângulos são importantes na linguagem de design do jogo) e estabeleceram uma forte conexão com o esporte.

Com as letras delimitadas em uma forma geométrica simples, a nova marca se assemelha aos escudos de clubes e ainda faz referência às estratégias de passe e exercícios de treinamento no futebol.

Como a Premier League inglesa demonstrou nos últimos anos, um esforço consistente de branding – que permanece o mesmo na TV, nos videogames e até mesmo nos episódios de “Ted Lasso” – pode fazer maravilhas para sua imagem. A decisão da EA de manter tudo simples provavelmente dará frutos nos próximos anos.

Mas e quanto ao futuro imediato? Mesmo que esses triângulos e o novo nome se tornem tão representativos da série quanto o acrônimo FIFA já foi um dia, há um longo caminho pela frente para informar o público gamer – muitos dos quais ainda estão alheios às mudanças – sobre o fim da parceria e fazê-lo se acostumar com transição.

Demorou 30 anos para que o nome FIFA se tornasse um fenômeno cultural. Pode levar tempo até que o EA Sports FC consiga fazer o mesmo.


SOBRE O AUTOR

Luke Plunkett é jornalista, baseado na Austrália, com trabalhos publicados na BBC, The Guardian e The New York Times, entre outros veí... saiba mais