Em má fase, Ubisoft anuncia o fim de uma de suas principais apostas este ano
Desenvolvedora, que já foi referência na indústria de games, vive uma sequência de tropeços
Em outubro, rumores circulavam sobre o possível encerramento de XDefiant, o game de tiro gratuito da Ubisoft, que vinha enfrentando dificuldades. Na época, o produtor Mark Rubin usou as redes sociais para desmentir essas especulações.
Porém, na semana passada, ele voltou ao X/ Twitter para confirmar que o jogo realmente seria descontinuado. Lançado há seis meses, XDefiant terá seus servidores desligados em 3 de junho do ano que vem.
Embora não seja tão abrupto quanto o fim de Concord, da Sony, a curta trajetória do game é surpreendente. O título era visto como uma aposta da Ubisoft para gerar receitas recorrentes, mas acabou sendo mais um capítulo na longa série de tropeços que a empresa, que já foi uma gigante da indústria, vem enfrentando.
O início de XDefiant foi promissor, quebrando recordes internos da Ubisoft ao se tornar o game a atingir mais depressa a marca de cinco milhões de jogadores. No total, chegou aos 15 milhões.
Mas o entusiasmo inicial desapareceu rapidamente e o número de jogadores simultâneos caiu para menos de 20 mil, tornando sua continuidade insustentável. A decisão de encerrar o título poderá levar à demissão de até 277 funcionários.
A notícia, especialmente tão perto do cancelamento de Concord, evidencia os desafios do mercado de jogos como serviço. Quando somada às críticas ao lançamento de Star Wars Outlaws e ao adiamento do próximo título de Assassin’s Creed, ela reforça as dúvidas sobre a capacidade da Ubisoft de realizar grandes projetos e de se conectar com seu público.
O CEO da empresa, Yves Guillemot, reconheceu as dificuldades em um memorando interno e garantiu que está comprometido em resolver os problemas. “Quero que todos saibam que estou dedicando toda minha energia para encontrar soluções que nos conduzam por esses tempos difíceis”, escreveu Guillemot.
“Estou trabalhando incansavelmente com a minha equipe para identificar os melhores caminhos, para que possamos manter o controle de nosso futuro. Esta empresa – essa joia que construímos juntos ao longo dos últimos 38 anos – é tudo para mim. Ela faz parte de quem eu sou e farei o possível para nos ajudar a recuperar nosso ímpeto e manter a Ubisoft como protagonista da indústria.”
O primeiro passo para essa recuperação foi corrigir os problemas de Outlaws. Uma atualização lançada no mês passado trouxe melhorias que foram bem recebidas. Porém, ainda não está claro se isso será suficiente para atrair mais jogadores. Em outubro, a Ubisoft já havia reduzido pela metade as projeções de vendas e, até agora, não revisou essa estimativa.
Assassin’s Creed Shadows, seu maior lançamento em quatro anos, também enfrenta desafios. O adiamento do jogo e a inclusão de Yasuke, um samurai negro inspirado em fatos históricos, como um dos protagonistas, geraram reações negativas de uma parte da comunidade gamer.
XDefiant é mais um capítulo na longa série de tropeços que a empresa vem enfrentando.
Paralelamente a isso, vários executivos importantes deixaram a empresa nos últimos meses. Em julho, Davide Soliani, diretor criativo da franquia Mario + Rabbids, anunciou sua saída. Em outubro, foi a vez de Cameron Lee, vice-presidente da franquia Rainbow Six.
Esses problemas acontecem em meio a rumores de que a Ubisoft estaria avaliando a possibilidade de se tornar uma empresa de capital fechado, com os acionistas Tencent e a família Guillemot à frente desse movimento. A desenvolvedora afirmou que “revisa regularmente todas as suas opções estratégicas tendo em mente o interesse de seus stakeholders, e informará o mercado quando for apropriado”.
A Ubisoft já conseguiu superar crises e reconquistar a confiança dos jogadores no passado. Mas reverter a situação atual pode ser uma tarefa ainda mais complicada desta vez.
