Novo jogo do Minecraft ensina crianças a se proteger do calor extremo
Os jogadores embarcam em uma viagem pelo mundo para aprender técnicas para se proteger do calor – e depois retornam para enfrentar um dragão
O calor extremo é um “assassino silencioso”. Enquanto outros desastres naturais, como furacões e incêndios florestais, são eventos claros para todos, o calor excessivo pode chegar sem chamar muita atenção e tirar a vida de dezenas de milhares de pessoas por ano. Mas em um novo game, o calor não é tão invisível assim. Ele assume a forma de um dragão que cospe fogo.
Este é o grande vilão de um novo jogo educativo baseado nas ondas de calor extremo, desenvolvido para o Minecraft. Ele foi criado para ensinar crianças sobre os perigos do calor e como se prevenir dos seus efeitos, desde se manter bem hidratado até criar espaços verdes.
Minecraft é um game do tipo sandbox, ou seja, dá aos jogadores a liberdade de criar e explorar. Eles se aventuram em mundos construídos com blocos e que abrigam comunidades e criaturas fantásticas. “Gosto de compará-lo a peças de Lego virtuais”, diz Shayne Hayes, diretor da iniciativa de videogames do Centro de Resiliência da Fundação Adrienne Arsht-Rockefeller (Arsht-Rock), uma organização sem fins lucrativos que pesquisa métodos de resiliência climática. “Vejo o Minecraft como uma plataforma para a criatividade, algo que os alunos podem tornar seu.”
Em Heat Wave Survival (Sobrevivente da Onda de Calor), os jogadores precisam derrotar um dragão – uma personificação do calor extremo. “Fizemos isso para dar a sensação de que é algo realmente tangível”, observa Hayes. Eles viajam pelo mundo e aprendem técnicas para se proteger do calor. Ao longo do caminho, aprendem a reconhecer os sintomas de exaustão e insolação.
Há paradas no Brasil, Grécia, Índia e Nigéria, onde os jogadores descobrem o que essas comunidades fazem para se manterem seguras. Eles aprendem formas de baixar a temperatura corporal, como compressas frias, ventiladores movidos a energia solar e borrifadores de água. Também aprendem sobre técnicas de resfriamento urbano, como espaços verdes, sombra de árvores e superfícies reflexivas e permeáveis.
Essas técnicas de resiliência são baseadas em recomendações da Arsht-Rock, que está na vanguarda da pesquisa sobre calor extremo. Os designers consultaram a diretora global de calor, Eleni Myrivili, enquanto desenvolviam o game.
A batalha contra o dragão é a versão de “sobrevivência” do jogo. Em outra, chamada Extreme Heat Series Build Challenge, os jogadores podem construir sua própria cidade usando as técnicas de resiliência que aprenderam. “Queríamos oferecer aos professores a oportunidade de escolher o que funciona melhor na sua sala de aula”, afirma Hayes.
As crianças podem jogar em casa, em seus consoles e computadores, mas o game foi feito para ser usado nas escolas. Ele foi desenvolvido para o Minecraft Education, versão educacional do jogo projetada especificamente para uso em sala de aula.
Essa versão já conta com muitas integrações, incluindo uma com o documentário “Planeta Terra”, da BBC, para proteger a biodiversidade. Em 2021, o rapper Big Sean e o banco norte-americano Ally Bank se uniram ao Minecraft para ensinar alunos sobre educação financeira.
Hayes diz que os jogos são uma ferramenta de aprendizagem eficaz porque envolvem engajamento ativo e podem abordar temas sérios de forma lúdica. E o Minecraft parecia a plataforma mais adequada para falar sobre a ameaça do calor extremo. Com 300 milhões de cópias vendidas ao longo de 15 anos, ele é o título de maior sucesso de venda da história.
“As crianças já são fãs de Minecraft”, diz Hayes. “Então, por que não aproveitar isso para ensiná-las sobre temas importantes como o calor extremo?”