Prepare-se: você está prestes a ver mais anúncios em jogos eletrônicos

Crédito: Amal S/ Pawel Czerwinski/ Sam Pak/ Unsplash

Chris Morris 3 minutos de leitura

Não há nada que o mundo dos videogames ame mais do que uma boa discussão. O aumento do interesse em anúncios no PlayStation (e talvez no Xbox) pode ser a próxima tempestade da indústria em um bule de chá.

A Sony está trabalhando em um plano para colocar publicidade em títulos de sua plataforma, pegando emprestado muito do modelo que tem feito tanto sucesso no mundo dos jogos para celular. O objetivo da iniciativa, relata o Insider, é que os anúncios sejam integrados aos jogos, como os outdoors digitais em estádios.

A decisão de incluir propaganda, aparentemente, ficará a cargo das desenvolvedoras. Isso significa que é menos provável que você veja uma promoção para Mountain Dew ou Takis em grandes títulos AAA, como Call of Duty ou God of War. Mas jogos menores e independentes – especialmente aqueles que utilizam o modelo free-to-play – podem adotar os anúncios.

A publicidade nos games tem sido um assunto importante por mais de duas décadas. Em 2002, a Simon & Schuster Interactive publicou Darkened Skye, um jogo de fantasia de ação em 3D que apresentava muito do que os jogadores esperavam nessas obras na época: mundos antigos, inimigos nefastos e heroínas robustas. No entanto, também houve colocação flagrante de produto, fazendo com que os jogadores tivessem que coletar Skittles para ganhar mana. O jogo inteiro foi ambientado em mundos descritos nos comerciais da marca, na época.

Ainda mais surpreendente? Darkened Skye recebeu críticas decentes, apesar da descarada colocação do produto.

A decisão de incluir propaganda, aparentemente, ficará a cargo das desenvolvedoras.

Três anos depois, a Sony foi um pouco mais longe ao permitir que os jogadores de EverQuest II pedissem uma pizza (real) da Pizza Hut no jogo simplesmente digitando “/pizza”. Em 2010, o game de ação e aventura Alan Wake foi carregado com itens de marcas como Verizon, Ford, Duracell e Energizer, ganhando o desprezo dos jogadores, que achavam que as ligações dos produtos eram um pouco forçadas e óbvias demais.

Então, por que o atual ressurgimento do interesse na publicidade em games?

SIGA O DINHEIRO

Como não podia deixar de ser, tudo se resume a finanças.

Os jogos gratuitos geraram receita de US$ 98,4 bilhões em todo o mundo em 2020, de acordo com o relatório de análise do ano da SuperData. Desse total, US$ 73,8 bilhões foram para o mercado móvel. O mundo dos consoles viu apenas US$ 1,8 bilhão.

A Sony, diz a Insider, ainda não decidiu se vai cortar qualquer receita de anúncios. A Microsoft, no final do ano passado, adquiriu a empresa de adtech Xandr, da AT&T, que poderia permitir que ela também explorasse o espaço de publicidade no jogo, embora não tenha feito nenhum anúncio nessa frente.

Embora os jogadores geralmente tenham uma reação instintiva quando ouvem o termo “publicidade no jogo”, a prática provou ser bem-sucedida. Por exemplo, depois de lançar o mecanismo de busca Bing, em junho de 2009, a Microsoft promoveu o concorrente do Google em uma série de jogos, incluindo NBA 2K10 e DJ Hero.

O truque para evitar uma reação negativa do público se resume a duas coisas, moderação e posicionamento contextualizado.

Após a primeira exposição aos anúncios, a porcentagem de jogadores que visitaram e pesquisaram no Bing aumentou 108%, de acordo com a Microsoft na época. Na verdade, dois terços dos jogadores que visitaram o Bing depois de ver o anúncio o faziam pela primeira vez.

É claro que os puristas que insistem que a publicidade não tem lugar nos games provavelmente não percebem que muitos de seus títulos favoritos já a incluem. Marvel’s Spider-Man: Miles Morales foi o sexto jogo mais vendido de 2021. Contudo, por mais espetacular que seja, ainda é uma colaboração entre a Sony e a Disney para promover a franquia Homem-Aranha.

Fortnite teve um tremendo sucesso ao incorporar personagens da Marvel, bem como quando promoveu os de outras franquias – e levando jogadores a pagar pelas skins.

O truque para evitar uma reação negativa do público se resume a duas coisas: moderação e posicionamento contextualizado. Os anúncios têm que fazer sentido. Ver banners de produtos do mundo real em um estádio durante um jogo Madden não é tão diferente de uma partida ao vivo da NFL. No entanto, quem vai explorar um mundo misterioso em outra galáxia geralmente não quer se deparar com uma BR Mania.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais