Retrospectiva: como foi o ano para o mercado de games

Crédito: Fast Company Brasil

Jeancarlos Mota 5 minutos de leitura

O ano de 2021 foi de retomadas e novidades que certamente servirão de norte na bússola da indústria dos jogos. O ano passado não foi apenas o tradicional primeiro ano de uma nova geração de consoles, mas também o ano de novidades inéditas, que podem ditar todo um comportamento no futuro. Plataformas de streaming de games, a entrada dos jogos no universo dos NFTs e até mesmo os metaversos são somente algumas das novas formas de consumo desse mercado, que se recusa sequer a pensar em freios.

Então, se você perdeu algum momento desse passeio de alta velocidade que foi o universo gamer em 2021, resumimos o que tivemos de mais importante para que você comece 2022 por dentro do que precisa ficar de olho:

UMA NOVA E PROMISSORA GERAÇÃO DE CONSOLES (E GPUS)

Como foi o primeiro ano de uma nova geração? (Crédito: IGN)

2021 marcou o primeiro ano de uma nova geração de consoles. Por mais que esse aniversário tenha sido marcado pelas complicações de uma pandemia global, ainda assim podemos afirmar que foi um início promissor. Os aparelhos não conseguem sequer parar nas prateleiras dos varejistas ao redor do mundo, e não ouvimos reclamações de problemas de fábricas como em lançamentos de gerações anteriores. Mas os efeitos colaterais resultantes da pandemia de Covid-19 certamente atingiram a fabricação e distribuição desses novos aparelhos, devido à escassez de chips, algo que só deve ver a luz de melhorias por volta de 2023. Então, se você ainda não tem seu Xbox Series X ou seu PlayStation 5, melhor ficar de olhos muito abertos nas reposições de lojas no Brasil, pois as renovações de estoques não costumam durar mais de 10 minutos.

Dentre jogos, tivemos uma interessante safra de títulos exclusivos para os dois aparelhos, como Forza Horizon 5, Psychonauts 2 e Halo Infinite do lado verde da força e Returnal, Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão e Deathloop. Isso sem entrar muito no assunto multiplataformas, como Resident Evil Village ou o vencedor do prêmio máximo do ano, It Takes Two

Concorrendo com as duas novas máquinas da geração, temos o Nintendo Switch e seus exclusivos apaixonantes, como Metroid Dread, e os entusiastas de PC e suas GPUs poderosas, como a série 30 da Nvidia RTX, que basicamente criou a tecnologia Ray Tracing — o que, em resumo, simula os efeitos de luz e reflexo de forma altamente realista em jogos e traz muito mais realismo — como conhecemos hoje e outras novidades como Reflex e DLSS.

EVENTOS ONLINE

A E3 também será digital novamente em 2022 (Crédito: ESA)

Outro setor que foi afetado pela pandemia foi o dos eventos, e isso não seria diferente com os games. Boa parte deles foram cancelados em 2020 e retornaram em 2021 de forma totalmente online, inclusive o mais importante evento da indústria gamer, a Electronic Entertainment Expo ou E3. E mesmo com o retorno presencial de alguns desses eventos no final de 2021, a variante Ômicron fez com que outros eventos, que planejavam retornar de forma presencial em 2022, repensarem seu formato para este ano, tal qual a própria E3, como anunciado pelo seu organizador, a ESA.

Além deles, Summer Game Fest, Gamescom, Tokyo Game Show, The Game Awards — o Oscar dos games — e até a nossa feira nacional, a Brasil Game Show, foram no formato digital em 2021, entretanto a maioria delas tem (ou tinha) planos para retornar ao presencial em 2022. 

O(S) METAVERSO(S)

O Facebook não apenas anunciou seu metaverso, como mudou o nome da empresa inspirando-se nele (Crédito: Meta)

Um dos assuntos mais falados em 2021 foi o metaverso. Ou melhor, os metaversos. Essas realidades digitais propostas por tantas empresas prometem ser esses mundos virtuais imersivos, que já foram discutidos em diversas obras de ficção científica, normalmente mostrando seus protagonistas em busca de uma forma de escapismo de suas rotinas estressantes ou enfadonhas. O assunto ganhou muito mais fôlego quando, em outubro de 2021, o Facebook se rebatizou como Meta e seu fundador, Mark Zuckerberg, projetou um bilhão de pessoas — em todo o mundo — para se juntarem à sua versão do metaverso até o final da década de 2020. Junto com sua Meta, ele comprometeu pelo menos US$ 10 bilhões só no ano passado para tornar isso uma realidade. A questão é que ele não é o único.

Aproximadamente 160 empresas mencionaram o metaverso em suas declarações de lucros em 2021. De acordo com a empresa de pesquisa financeira Sentieo, 93 delas surgiram após a mudança da marca do Facebook, como reportado pelo Business Insider. “É muito parecido com quando a ‘internet das coisas’ estava surgindo pela primeira vez, e a frase começou a estar na boca de todos”, diz Nick Kelly, que pesquisa design de interação na Queensland University of Technology, na Austrália.

Se darão certo ou se algum desses metaversos permanecerão, isso só o futuro nos dirá. E não vamos esquecer que já tivemos um metaverso que durou um bom tempo como o mais popular de sua época, o Second Life. Seu criador, Philip Rosedale, inclusive lançou dúvidas sobre os planos da Meta de criar seu próprio metaverso. “Não é para todos e talvez nunca seja para todos”, afirmou.

JOGOS COM NFTS

Axie Infinity é um dos jogos com NFTs mais populares da atualidade (Crédito: Meta)

Jogos NFTs viraram febre entre usuários que desejam adquirir itens digitais exclusivos por meio da tecnologia blockchain e das criptomoedas, se transformando em uma mistura de game e investimento. Eles se diferenciam de jogos tradicionais por terem elementos colecionáveis, em que muitos enxergam a possibilidade de investimento, para lucrar com algumas de suas peças, quando essa for considerada rara entre os jogadores.

Como fazer seu investimento crescer, e o quanto de tempo levará, depende da mecânica de gameplay de cada jogo. Axie Infinite é um dos jogos NFT mais populares do momento e — para começar a jogá-lo — é preciso pagar US$ 1.200, equivalente ao mínimo de três axies (monstrinhos colecionáveis do game). Cada axie usado por iniciantes é vendido por US$ 400.

Por isso, recomendamos ler sobre o jogo NFT do qual você quer participar, para ver se o custo-benefício e tempo investido é válido para você. Contudo, o futuro promete, pois diversas são as empresas que buscam ter jogos com NFTs em um futuro próximo, como algumas das maiores companhias de games do mundo, como a Ubisoft, Square Enix e Konami.

Se 2021 trouxe tantas novidades, o que esperar de 2022? Algumas vertentes desse mercado que já existiam, como torneios de esports, ações publicitárias com games e outros exemplos continuam de vento em poupa e, certamente, continuaremos de olhos, ouvidos e joysticks (teclados e mouses) prontos para ver o que um novo ano nos trará.


SOBRE O AUTOR

Jeancarlos Mota é co-publisher de games da Fast Company Brasil, editor-chefe do IGN Brasil e apaixonado por games e esportes. saiba mais