Riot celebra os 10 anos de LOL no Brasil em semestre glorioso

Crédito: Divulgação

Ana Beatriz Camargo 6 minutos de leitura

O segundo semestre deste ano tem sido mais do que especial para a Riot Games. Em agosto, a gigante iniciou as celebrações dos 10 anos de League of Legends (LOL) no Brasil – data que marca não só a chegada do servidor do jogo ao Brasil, mas também a instalação de um escritório da empresa aqui e o início do Campeonato Brasileiro de League (CBLOL).

Para comemorar, a Riot desenvolveu uma série de iniciativas conectadas entre si pelo fio condutor da campanha, cujo mote é agradecer à comunidade brasileira pelo apoio. Dentre os desdobramentos, foi lançado um vídeo com jargões, episódios marcantes da década e os principais memes que surgiram dentro do jogo.

Quatro cidades ganharam grafites em meio à arquitetura local para celebrar esse momento. São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Fortaleza foram as escolhidas. Cada obra homenageia os personagens – ou "campeões", na linguagem do game – de LOL mais utilizados pelos jogadores daquela região.

As obras também escondem easter eggs (surpresas), como os Summoner names – uma espécie de nickname no jogo – de alguns jogadores que estão ativos no servidor desde 2012, bem como suas conquistas e os personagens com os quais mais jogaram.

Na capital paulista, o local escolhido foi o cruzamento das avenidas 23 de Maio e Brigadeiro Luís Antônio. O desenho é assinado pelo artista Bruno Mota, reconhecido na cena paulista de grafite e ilustração, com um trabalho fortemente influenciado pela estética urbana e pela cultura pop e oriental.

No grafite aparecem os campeões Yasuo e Yone, os mais utilizados pelos jogadores de LOL em São Paulo.

Três missões dentro do jogo também foram criadas como parte da campanha de comemoração desta primeira década de Brasil. Como recompensas, foram distribuídos ícones e emotes exclusivos e gratuitos para a comunidade brasileira. Depois eles foram disponibilizados para os demais servidores de LOL no mundo, mas mediante pagamento.

Junto com a campanha, a Riot realizou a primeira final presencial do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) pós-pandemia, que garantiu um Ginásio do Ibirapuera com ingressos esgotados para assistir ao embate entre as gigantes paiN e LOUD.

Esta última se consagrou vencedora e garantiu vaga no Worlds 2022, o campeonato mundial de LOL. A final contou também com shows de BNegão, Rincon Sapiência e Katú Mirim, que deram voz à música tema do evento: "A Retomada".

Na semana passada, mais um anúncio que deu o que falar. Uma collab Riot e Havaianas colocou no mercado uma coleção de chinelos LOL. Nos pares aparecem os campeões Jinx, Ekko, Akali e Yasuo.

Pares da coleção de Havaianas em parceira com a Riot lançada no final de setembro (Crédito: Riot Games/ Divulgação)

Para comentar sobre a trajetória brasileira de LOL e o modelo de negócio que a Riot implantou no país, a Fast Company Brasil conversou com Diego Martinez, general manager da Riot, e Lorena Batarse, diretora global para Américas e Oceania.

FC Brasil – Nestes 10 anos, podemos dizer que houve uma mudança de plano de negócios da Riot no Brasil?

Diego Martinez – Há 10 anos, quando lançamos o League, nos colocamos como uma empresa super focada no jogador. Isso significa: trazer um jogo traduzido, com a cultura, as cores brasileiras nos personagens, em tudo. Significa também fazer um player support para dar ao jogador a resposta que ele está precisando, entregar servidores que conectem a base de jogadores com alta qualidade, boa infraestrutura.

Quando falamos em negócio, temos uma empresa que está trazendo um produto, que está localizando e servindo com um bom suporte. Ou seja, em um primeiro momento, é o conceito de game-as-a-service. Mas passamos por uma evolução e vimos uma comunidade apaixonada se criando em torno do jogo – aqui falamos de conteúdo gerado pelo usuário, cosplayers, influenciadores, streamers.

Os jogos sempre serão o nosso negócio principal, mas estamos expandindo isso de outras formas, para o conteúdo.

Houve um momento de reflexão sobre como ajudar essa comunidade dando mais ressonância para esse conteúdo. Entramos então em uma fase na qual não apenas entregamos um jogo de qualidade, mas damos suporte à comunidade com eventos e com um programa de desenvolvimento de influenciadores. Na Academia de Piltover oferecemos treinamento e ferramentas para que o influenciador crie conteúdo para conversar com o público, levando junto a nossa marca.

Temos eventos, influenciadores e diversas ações dentro dos games que vão engajando a comunidade cada vez mais. Quando vemos a transição do game-as-a-service para um modelo de disseminação de conteúdo, nos colocamos como uma empresa que tem condição de ajudar a gerar conteúdo, uma empresa que entrega entretenimento. Os jogos sempre serão o nosso negócio principal, mas estamos expandindo isso de outras formas, para o conteúdo.

FC Brasil – Entre os servidores mundiais, o Brasil é um dos que mais tem jogadores. Como os brasileiros se diferenciam dos demais?

Lorena Batarse Existem denominadores comuns que unem os jogadores de LOL: eles têm espírito de comunidade,

Os brasileiros jogam duas vezes mais do que a média mundial.

amam competição – e cada região tem suas devidas proporções. Mas o diferencial do Brasil é o nível de paixão. O que acontece no CBLOL pode ser comparado com a paixão dos brasileiros pelo futebol.
Diego Podemos dizer que os brasileiros são o que chamamos, no ecossistema Riot, de superfãs. Eles jogam duas vezes mais do que a média mundial.

FC Brasil – Existe um critério obrigatório para as marcas com as quais a Riot se associa?

Diego  Elas têm que amar servir o público tanto quanto a Riot. É um trabalho a quatro mãos. Percebendo que a missão é a mesma de amar e servir, temos que garantir que essa marca representa alta qualidade. Quando fazemos uma parceria, não queremos apenas fazer algo comercial. Por meio delas, estamos contando uma história para nosso jogador, estamos dando a ele a chance de continuar construindo uma história, mas na forma de merchandising, de um produto físico.

Um exemplo é Chilli Beans, marca com a qual temos uma parceria ativa. Começamos com Arcane, em 2021. Fizemos óculos de sol para celebrar personagens da animação e tivemos um retorno muito bacana da comunidade, que pode comprar óculos inspirados nas suas personagens preferidas.

Para nós, é trazer marcas que permitam justamente isso: continuar contando e conectando histórias. Não adianta fazer algo muito específico para determinada região. Queremos algo que agrade a todo mundo, em todo o território nacional, que agrada o jogador de Manaus e de Porto Alegre ao mesmo tempo.

FC Brasil – Arcane é uma das maiores empreitadas da Riot no mundo do entretenimento, certo?  O que ficou de legado?
Diego
Arcane inaugura este capítulo novo, da empresa como entretenimento. Sabemos que temos essa capacidade, que só é reforçada cada vez mais pela paixão da comunidade. Sim, queremos trazer mais produtos que orbitam esse grande nome e mais coisas de entretenimento, como música, licenciamento, colaborações. 

FC Brasil – Mas com grandes poderes… vêm grandes responsabilidades. Como vocês encaram a responsabilidade de manter um ambiente seguro, sem preconceitos, dentro do LOL no Brasil? 

Lorena Essa questão tem dois componentes. Um é a equipe que trabalha na Central de Player Dynamics, focada exclusivamente em desenvolver sistemas e ferramentas que possam impactar positivamente jogos já existentes e aqueles em fase de teste. O objetivo é tornar os jogos cada vez mais seguros, inclusivos e justos. Acabamos de lançar um report com dados bem interessantes sobre as atualizações que temos feito com esse objetivo. O segundo componente é o humano, lidar com as pessoas reais, que é o mais difícil. Sabemos que nosso trabalho nunca estará 100% concluído nesse assunto. Criar um ambiente mais seguro é prioridade para a Riot.


SOBRE A AUTORA

Ana Beatriz Camargo é jornalista, heavy user de redes sociais e escreve sobre o mundo dos games. saiba mais