Rooms, um mix de Animal Crossing com Roblox – só que mais viciante

A premissa é simples: construir e explorar salas 3D. Porém, é incrivelmente fascinante

Crédito: Rooms

Mark Wilson 4 minutos de leitura

Estou há apenas 25 segundos testando o Rooms, e já percebi o quão envolvente é. O aplicativo para iOS, ainda não lançado, traz salas adoráveis com estética 8-bit. Uma por vez. Em um momento, você pode estar em uma cafeteria moderna, no outro, em um restaurante de comida japonesa ou mergulhando em um recife de coral... na primeira fila de uma palestra do TED, sentado em uma pizzaria ou cercado por canos e blocos que parecem tirados diretamente de uma fase de Mario Bros.

Com um simples movimento do polegar, sempre há uma nova sala para descobrir. Às vezes, é apenas um ambiente bonitinho. Outras, é um escape room, onde é preciso tocar em objetos para encontrar uma chave ou botão que revele a saída (talvez para outra sala logo atrás da porta).

De vez em quando, é uma surpresa: você pode encontrar uma daquelas máquinas videntes famosas nos anos 1980, que prometem revelar a resposta para qualquer pergunta. Em outros momentos, é uma reviravolta completa, como um sequenciador musical que permite criar batidas no aplicativo.

O Rooms é o primeiro app lançado pela startup Things – fundada por Jason Toff, um veterano do Vine, Twitter, Google e Facebook/ Meta, conhecido por desenvolver aplicativos experimentais de realidade virtual, jogos e criação de mídia dentro de grandes empresas.

As pessoas adoram construir ambientes em jogos como The Sims ou Animal Crossing. No entanto, jogos de criação como o Dreams podem ser tão complexos a ponto de se tornarem exaustivos.

Toff gostou da ideia de usar portas como hiperlinks metafóricos. Assim como sites têm links para outras páginas, ele imaginou salas levando os usuários a outras salas. Sua equipe passou nove meses desenvolvendo um construtor online (e mais três trabalhando na versão iOS do aplicativo).

Mesmo sem conhecimento técnico, qualquer um pode arrastar milhares de objetos pré-prontos para a posição que desejar e tocar neles para abrir um painel completo de personalização.

Mas, para quem entende de programação, é possível criar qualquer coisa que imaginar. Se preferir construir algo do zero, sem problema: o app permite importar imagens e texturas, além de ter um editor de voxels (pixels 3D) para construir objetos.

A grande sacada do Rooms é que não é preciso criar uma sala para se divertir no aplicativo, assim como não é necessário tuitar para usar o Twitter/ X. Ele tem aquela fluidez irresistível de deslizar o dedo para ver algo novo, o que torna o app difícil largar.

No momento, as criações são bastante simples. São basicamente salas com alguns objetos que você pode tocar para ativá-los (como fazer torradas em uma torradeira miniatura ou acender uma lâmpada). Mas há todo um mercado de jogadores que apreciam essas interfaces tranquilas e, sem dúvida, existe um público para isso na base de usuários do Rooms.

No entanto, é evidente que a comunidade ainda está testando o aplicativo para descobrir o que ele pode oferecer. Isso é compreensível. A versão pré-lançamento conta com apenas alguns milhares de usuários. Mal estamos vendo o que o público criativo poderia fazer de verdade.

Toff menciona outras funções e ferramentas que planeja incluir no Rooms: uma câmera que permitirá que os usuários criem minifilmes de seus espaços, movendo-a pelo ambiente; e uma integração com IA generativa, para que pessoas comuns criem interações ricas.

Com o lançamento de plataformas de realidade mista, como o Vision Pro, da Apple, Toff imagina que as pessoas poderão explorar as salas de forma totalmente imersiva em uma escala 1:1. E, caso os usuários prefiram construir uma sala sem recorrer a um computador, ele sugere que a criação poderia ser bastante divertida, mesmo que simplificada, em dispositivos móveis.

No entanto, ainda não está claro como o Rooms irá gerar receita. Por enquanto, Toff argumenta que, com escala suficiente, existem muitas opções de monetização.

A grande sacada do Rooms é que não é preciso criar uma sala para se divertir no aplicativo.

Mas, antes de tudo, o Rooms precisa chegar ao mercado. É possível testar a versão beta para desktop aqui. Já a versão para iOS está disponível apenas por convite. De acordo com Toff, o aplicativo móvel ainda precisa de mais alguns meses de trabalho antes de seu lançamento oficial.

Como alguém que não se interessou muito pelo Roblox, mas ainda não consegue parar de ver o feed do Instagram, acredito que o Rooms tem um potencial incrível como um fluxo contínuo de experiências 3D divertidas – algo como uma TV a cabo ou TikTok para conteúdo interativo e envolvente.

Mas isso dependerá do nível de criatividade que os usuários investirem em suas salas e da habilidade da equipe de desenvolvimento em realizar uma boa curadoria.


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais