7 promessas das empresas de IA que ficaram pelo caminho em 2024
As empresas de IA anunciaram muitas novidades em 2024, tornando difícil distinguir a propaganda exagerada da realidade
Seja para arrecadar dinheiro, agradar acionistas ou gerar publicidade positiva, as maiores empresas de inteligência artificial têm o hábito de anunciar avanços que estão longe de estar prontos para serem lançados.
O termo da indústria para isso é "vaporware". Como em português, "vapor" significa vapor. Assim, um vaporware seria algo que "desaparece no ar", como o vapor d'água. No caso em questão, seriam produtos que chegam muito mais tarde do que o previsto – ou nem chegam.
As empresas de IA lançaram muito vaporware em 2024, tornando difícil distinguir a propaganda exagerada da realidade. Agora que o ano chegou ao fim, vamos conferir os maiores produtos e promessas de IA que ainda não se concretizaram.
1. A reformulação da IA generativa da Alexa
Em setembro de 2023, a Amazon anunciou uma "Alexa mais inteligente e mais conversacional" alimentada por grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês). Segundo a empresa, essa versão futura não só permitiria conversas mais naturais, mas entenderia sinais não verbais, como linguagem corporal e contato visual, usando as câmeras integradas em alguns modelos do dispositivos Echo.
Mais de um ano depois, o "futuro da Alexa" está no limbo. Um relatório da Bloomberg de outubro passado apontou que os responsáveis pelos testes beta estavam descontentes com a nova versão. Além de dar respostas "engessadas" e longas, ela não estaria funcionando com as integrações de casas inteligentes que já estão no mercado.
A agência de notícias Reuters também relatou problemas com os modelos de linguagem internos da Amazon, levando a empresa a buscar ajuda do modelo de linguagem Claude, da Anthropic. Tendo descartado os planos de estrear a nova Alexa no final de 2024, a Amazon está, supostamente, planejando agora o lançamento em 2025.
2. GPT-5 da OpenAI
Para sermos justos, a OpenAI nunca disse oficialmente que lançaria o GPT-5 no em 2024. Mas o CEO, Sam Altman, confirmou no final de 2023 que a empresa havia começado a trabalhar nele.
Em março, o Business Insider citou fontes não identificadas ao afirmar que o novo modelo de linguagem grande chegaria por volta do meio do ano, citando um CEO que o classificou como "materialmente melhor" após supostamente ver uma demonstração.
Mas, em meados do ano, Altman já estava moderando as expectativas, dizendo que "ainda havia muito trabalho a fazer" no GPT-5. Em outubro, o executivo disse a um grupo no Reddit para não esperar o novo modelo em 2024. Em vez disso, a empresa lançou o GPT-o1, que afirma poder processar consultas de forma mais completa – mas também é mais caro e muito mais lento.
3. Claude 3.5 Opus
A OpenAI não está sozinha no adiamento de novos LLMs. Ainda em outubro, a página de documentação do modelo da Anthropic prometia um lançamento em 2024 para o Claude 3.5 Opus, uma nova versão de seu maior modelo de linguagem. Agora, a página não faz menção alguma ao Opus.
Dario Amodei, cofundador e CEO da Anthropic, disse no podcast do cientista da computação Lex Fridman que "o plano ainda é ter um Claude 3.5 Opus", mas não forneceu nenhum cronograma.
Embora existam especulações sobre a Anthropic usar apenas o 3.5 Opus para alimentar seus modelos mais baratos com dados sintéticos, isso também pode ser outro sinal de menor retorno financeiro para modelos de ponta.
4. Contexto pessoal da Apple Intelligence
Se consultarmos o primeiro comunicado à imprensa da Apple Intelligence, em junho passado, vamos notar um grande foco no "contexto pessoal". A expressão aparece três vezes nos dois primeiros parágrafos do texto, sugerindo uma versão da Siri que pode extrair informações de e-mails, textos, notas e muito mais.
"Nossa abordagem única combina IA generativa com o contexto pessoal do usuário para proporcionar inteligência realmente útil", proclamou o CEO, Tim Cook, na época.
Embora a Apple Intelligence tenha chegado em outubro, o contexto pessoal ainda está faltando. A empresa optou por escalonar seus lançamentos de recursos de IA no ano seguinte, e os "poderes contextuais" da Siri não foram incluídos em 2024. Ainda não está claro exatamente quando esses recursos chegarão.
5. Raciocínio em várias etapas na Pesquisa Google
Durante sua conferência I/O, em maio, o Google disse que em breve traria "recursos de raciocínio em várias etapas" para as visões gerais de IA da Pesquisa, permitindo que os usuários fizessem perguntas complexas com nuances e ressalvas.
Por exemplo, você poderia perguntar "encontre os melhores estúdios de ioga ou pilates da cidade e me mostre detalhes sobre suas ofertas iniciais e tempo de caminhada a partir de casa", e a IA Gemini reuniria todas essas respostas em uma série de caixas de informações.
O Google agora diz que esses recursos terão que esperar pela versão Gemini 2.0 das visões gerais de IA, que acabaram de entrar em testes limitados. Espera-se que o raciocínio em várias etapas nos resultados da pesquisa esteja disponível para todos ainda no início deste ano.
6. Projeto Astra do Google
A maior revelação da conferência I/O relacionada à IA do Google foi o Projeto Astra, protótipo de um aplicativo que pode identificar o que você está vendo em tempo real, responder a perguntas sobre aquilo e lembrar os pontos chave do que você está falando em uma conversa de 10 minutos.
Em outras palavras, seria uma versão utilizável do vídeo de demonstração do Gemini AI de 2023 (que, na verdade, foi encenado, não era de verdade).
Só que ainda não dá para usá-lo hoje. Embora o Google tenha planejado lançar algo como o Astra em 2024, ele empurrou o prazo para 2025. A empresa está trabalhando com a Samsung em um headset de realidade aumentada e promoveu sessões de demonstração para a imprensa, mais ainda não há informações sobre preço ou data de lançamento.
7. Robôs domésticos de IA da Samsung e da LG
A feira comercial CES do ano passado foi um ótimo local para conferir desespero dos fornecedores de eletrônicos para se posicionarem como líderes em IA. Os casos em questão são a Samsung e a LG, que mostraram robôs domésticos inteligentes com recursos de IA.
Um vídeo de demonstração do Ballie, da Samsung, por exemplo, mostrou o robô alertando seu dono, por mensagem de texto, que o cachorro estava fazendo bagunça, respondendo às instruções para dar um lanche ao cão e tocar para ele seu vídeo favorito.
A LG prometeu recursos semelhantes para seu agente de IA para casa inteligente, o Zero Labor Home, promovendo sua capacidade de "entender o contexto e as intenções, bem como de se comunicar ativamente com os usuários".
Como muitos outros vaporwares da CES, nenhum dos dois se materializou como produtos reais que você pode comprar. Mas não chega a ser surpresa: a Samsung vem falando sobre alguma versão do Ballie há quase cinco anos.