Além do código: IA pode administrar até a estrutura de suporte aos softwares

CEO da Antimetal diz que manter sistemas em nuvem se tornou um desafio ainda maior do que programar

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Steven Melendez 3 minutos de leitura

Ferramentas de programação com inteligência artificial têm facilitado como nunca a vida dos desenvolvedores na hora de escrever códigos. Mas manter a infraestrutura por trás desses sistemas continua sendo um grande desafio – e exige um alto nível de conhecimento técnico sobre sistemas de nuvem e sobre a forma como cada empresa os utiliza.

Mas uma startup chamada Antimetal quer mudar isso, usando IA para ajudar engenheiros a resolver problemas de infraestrutura da mesma forma que as ferramentas atuais ajudam na programação.

“Nosso sistema reúne os dados disponíveis, cria uma narrativa completa do que aconteceu e por quê – e, com base nisso, sugere ações práticas a serem tomadas”, explica Shreyas Iyer, cofundador e CTO da Antimetal.

Fundada há cerca de dois anos e meio, a empresa começou com a proposta de ajudar outras companhias a otimizar os gastos com a Amazon Web Services (AWS) – uma plataforma amplamente usada por startups e grandes empresas para rodar softwares na nuvem, mas também famosa pela dificuldade na hora de reduzir custos.

Eventos inesperados – como um pico de acessos a um app ou um simples erro de configuração – podem fazer os gastos dispararem rapidamente. O software da Antimetal consegue identificar automaticamente formas de reduzir os custos mensais e também alerta os engenheiros sempre que detecta um aumento fora do padrão, antes que o problema se torne um rombo financeiro.

Mas, segundo Matthew Parkhurst, cofundador e CEO da startup, o foco em economia foi apenas o ponto de partida. A ideia é criar uma plataforma mais ampla, voltada para a gestão inteligente da infraestrutura. “O custo ainda é uma preocupação importante para nós”, diz Parkhurst. “Mas agora estamos ampliando nossa atuação para uma abordagem mais completa de gestão.”

Após levantar US$ 20 milhões em uma rodada Série A, a Antimetal começou a testar uma nova tecnologia (ainda em fase beta) que ajuda engenheiros a resolver problemas de infraestrutura em tempo real. A IA não só sugere soluções como também automatiza algumas tarefas – como reverter uma alteração de código ou reiniciar um sistema.

hoje, manter um sistema no ar se tornou um desafio maior do que programá-lo.

O sistema também se conecta a diversas ferramentas e plataformas, incluindo repositórios como GitHub, ferramentas de monitoramento e serviços de nuvem como AWS, Google Cloud, Microsoft Azure e Oracle Cloud. Isso permite reunir os dados necessários para sugerir correções com precisão.

Além disso, a IA consulta o histórico de chamados da empresa para entender como falhas semelhantes foram resolvidas no passado. “Estamos nos conectando praticamente a todos os pontos da infraestrutura – do sistema de observabilidade à nuvem, passando pelo suporte técnico e pelo código-fonte”, explica Iyer.

PREVENÇÃO AUTOMÁTICA DE ERROS DE PROGRAMAÇÃO

A nova plataforma, prevista para ser lançada ainda este ano, foi projetada para aprender como cada empresa lida com seus próprios desafios e quais soluções funcionam melhor em cada contexto.

Na maioria dos casos, os clientes começam oferecendo apenas acesso de leitura – ou seja, a IA faz análises e recomenda ações, mas não executa mudanças. Com o tempo, é possível liberar permissões específicas, como permitir que o sistema reverta automaticamente uma configuração com erro.

“Não queremos começar automatizando tudo de uma vez”, diz Iyer. “A ideia é construir um processo gradual, no qual a IA começa ajudando nos momentos críticos e, aos poucos, automatiza tarefas.”

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O próximo passo da Antimetal é ajudar no lançamento de novos softwares. A meta é permitir que o sistema antecipe possíveis problemas e prepare a infraestrutura necessária para garantir que tudo funcione bem desde o primeiro dia, afirma Iyer.

No início, o modelo de cobrança da plataforma era baseado em uma porcentagem dos gastos com AWS. Agora, com a chegada de novos recursos baseados em IA, a cobrança deve passar a ser feita com base no uso, mas os detalhes ainda estão sendo ajustados durante a fase beta.

Parkhurst acredita que a demanda por esse tipo de solução só tende a crescer – até porque, hoje, manter um sistema no ar se tornou um desafio maior do que programá-lo.

Escrever códigos já não é o principal problema”, afirma. “O grande desafio agora é manter tudo funcionando – é isso que realmente impede muitas organizações de lançar um produto ou escalar uma empresa.”


SOBRE O AUTOR

Steven Melendez é jornalista independente e vive em Nova Orleans. saiba mais