Animais realmente têm emoções? Estudo com IA revela

Pesquisas em vários países indicam que a Inteligência Artificial pode abrir caminho para compreender melhor emoções de animais

Rebanho de vacas
A IA consegue mostrar quando um animal está em sofrimento, cabe à sociedade decidir como usar essa informação. Créditos:Freepik.

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

Pesquisadores avançam no uso de Inteligência Artificial para identificar sinais de emoções em animais de diferentes espécies. A tecnologia promete impactos no bem-estar, na pecuária e até na conservação da vida selvagem.

Um estudo realizado por Stavros Ntalampiras, da Universidade de Milão, publicado na revista Scientific Reports, apresentou um modelo de aprendizado profundo capaz de reconhecer tons emocionais em sete espécies de animais como porcos, cabras e vacas.

O sistema analisa características comuns nos sons, como tom, faixa de frequência e qualidade tonal. A pesquisa mostrou que chamadas negativas tendem a ter frequências médias e altas, enquanto as positivas aparecem de forma mais equilibrada no espectro.

Leia mais: IA pode ajudar humanos a “falar” com seus pets, diz novo estudo.

Diferenças entre espécies

Nos porcos, os chamados agudos mostraram maior relevância. Já em ovelhas e cavalos, as frequências médias se destacaram. O resultado indica que, apesar de alguns marcadores emocionais serem compartilhados, cada espécie expressa emoções de forma particular.

A descoberta pode oferecer alertas precoces a agricultores sobre estresse em rebanhos, apoiar conservacionistas no monitoramento remoto de animais selvagens e ajudar tratadores de zoológicos a identificar sinais sutis de mudanças no bem-estar.

Outras pesquisas em andamento

Projetos semelhantes já estudam baleias, cães e abelhas. Nos cetáceos, sequências de cliques chamadas codas estão sendo mapeadas com auxílio de aprendizado de máquina. Em cães, expressões faciais, vocalizações e movimentos da cauda são analisados para indicar estados emocionais.

No Insight Centre for Data Analytics, na Dublin City University, cientistas desenvolvem uma coleira equipada com sensores para cães de assistência. O dispositivo identifica comportamentos que antecipam convulsões em pessoas com epilepsia.

Com abelhas, algoritmos decodificam em tempo real as danças em formato de oito, que indicam fontes de alimento. A visão computacional ajuda a interpretar como pequenas variações de movimento alteram a mensagem recebida por outras abelhas.

Leia também: Quer ver seu pet como humano? Descubra como o ChatGPT faz isso de graça.

Embora esses sistemas representem avanços, ainda há riscos de simplificação. Sons classificados como positivos ou negativos podem não refletir a complexidade dos estados emocionais. Especialistas defendem modelos que combinem sinais acústicos, visuais e fisiológicos para maior precisão.

O uso da Inteligência Artificial também levanta questões éticas e ambientais. O consumo de energia e o impacto em ecossistemas frágeis devem ser considerados nas pesquisas.

Você pode se interessar também:

O futuro do diálogo com os animais

A evolução dessa tecnologia coloca em debate a responsabilidade humana diante do que é descoberto. Se a IA consegue mostrar quando um animal está em sofrimento, cabe à sociedade decidir como usar essa informação: para cuidado e proteção ou para exploração.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais