Cúpula de inteligência artificial em Paris anuncia IA de interesse público
A Current AI, uma parceria público-privada, pretende arrecadar US$ 2,5 bilhões para democratizar o desenvolvimento da tecnologia

As mentes mais brilhantes do mundo no campo da IA estão reunidas em Paris para a Cúpula de Inteligência Artificial (AI Action Summit), que começou nesta segunda-feira (dia 10). O evento se concentra em discussões e debates sobre o futuro da tecnologia.
Na cúpula, que reúne grandes players como Google, Microsoft e OpenAI, foi anunciado o lançamento de uma parceria público-privada global chamada Current AI, para apoiar iniciativas de grande escala que atendam ao interesse público.
A Current AI é um investimento inicial de US$ 400 milhões do governo francês, da AI Collaborative e de outros governos, além de parceiros da indústria e instituições filantrópicas, como Google, Fundação John D. e Catherine T. MacArthur, Fundação Patrick J. McGovern e Salesforce. A parceria tem como objetivo arrecadar um total de US$ 2,5 bilhões nos próximos cinco anos.
A ideia é que a Current AI amplie o acesso a dados públicos e privados de alta qualidade, incentive o investimento em ferramentas e infraestrutura de código aberto para tornar a IA mais transparente e segura e promova o desenvolvimento de sistemas para medir o impacto social e ambiental da IA.
As principais áreas de foco incluem saúde, diversidade linguística, ciência e questões como confiança, segurança e auditoria de IA. As iniciativas da Current AI vão se concentrar em três áreas principais:
• Dados: expandir o acesso a conjuntos de dados de alto valor e relevância local em áreas-chave como mídia, saúde e educação.
• Abertura: promover padrões e ferramentas abertas para garantir que as tecnologias de IA permaneçam acessíveis, adaptáveis e inclusivas.
• Responsabilidade: estabelecer estruturas robustas para garantir transparência, auditoria e engajamento público, assegurando que os sistemas de IA atendam ao interesse público.
Antes da Cúpula de Inteligência Artificial, os governos de 10 países já haviam se comprometido a apoiar a parceria e promover o uso da IA no interesse público.
QUAIS OS OBJETIVOS DA CÚPULA DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?
A Cúpula de Inteligência Artificial acontece em um momento de rápida evolução no setor. Embora a ministra francesa de IA e Assuntos Digitais, Clara Chappaz, queira manter o debate focado em três objetivos principais do encontro (abordando questões sociais e culturais, econômicas e diplomáticas), há muito mais acontecendo no momento.
Desde o Projeto Stargate – um plano dos EUA de US$ 500 bilhões para tentar dominar o desenvolvimento da IA e conter a ascensão da China no setor – até parcerias entre Japão e OpenAI para fornecer plataformas e modelos proprietários, há muita movimentação ocorrendo além dos comunicados oficiais e conferências.
Antes da cúpula, os governos de 10 países já haviam se comprometido a apoiar a iniciativa Current AI.
E isso sem mencionar o impacto revolucionário da chegada da DeepSeek e da capacidade de seu modelo R1 de transformar a economia da IA generativa.
Em Pequim, o porta-voz do ministério das relações exteriores da China, Guo Jiakun, expressou oposição a qualquer tentativa de restringir o acesso a ferramentas de IA. O lançamento da DeepSeek gerou pedidos no Congresso dos EUA para limitar seu uso por questões de segurança.
"Nos opomos à criação de barreiras ideológicas e à ampliação excessiva dos conceitos de segurança nacional, bem como à politização das questões econômicas e comerciais", disse Guo. Ele acrescentou que a China defende uma IA de código aberto e promove a acessibilidade da tecnologia para compartilhar seus benefícios com todos os países.
IMPULSIONANDO OS AVANÇOS DA IA
Nick Reiners, analista de geotecnologia do Eurasia Group, destacou a oportunidade de moldar a governança da IA em uma nova direção, "afastando-se da concentração de poder em poucas empresas privadas e construindo uma IA voltada para o interesse público". Mas há dúvidas sobre se os Estados Unidos apoiarão tais iniciativas.
"Há muitas questões complicadas a serem resolvidas", disse Demis Hassabis, vencedor do Prêmio Nobel e fundador do laboratório de pesquisa DeepMind, do Google. "Mas talvez ainda mais complicadas sejam as questões geopolíticas, como a regulamentação."
Os organizadores franceses esperam que a cúpula impulsione grandes anúncios de investimentos na Europa, posicionando a região como um competidor viável em uma indústria cada vez mais moldada pela crescente rivalidade entre EUA e China.
Com informações de Chris Stokel-Walker e da Associated Press