Estamos “terceirizando” a nossa inteligência ao usar ferramentas de IA?
As pessoas estão se tornando mais produtivas, mais capazes e, surpreendentemente, até mais inteligentes
Como palestrante sobre o futuro da tecnologia, frequentemente ouço pessoas dizendo que têm medo de que a inteligência artificial possa “nos deixar burros”.
Com ferramentas como o ChatGPT capazes de gerar relatórios em segundos, muitos se perguntam: o que acontece com as partes do cérebro que antes realizavam essas tarefas? Estamos perdendo capacidade mental?
Alguns pais temem pelo futuro de seus filhos, que vão crescer em um mundo dominado pela inteligência artificial. O que deixarão de aprender, já que as máquinas podem fazer tanto por eles?
Embora essas preocupações sejam legítimas, considero muitas delas equivocadas. É verdade que usar IA pode limitar a prática de certas habilidades, mas isso não significa que nossas mentes estejam ficando mais fracas. Pelo contrário, acredito que a tecnologia está nos tornando mais produtivos, mais capazes e, de certa forma, até mais inteligentes.
O QUE JÁ PERDEMOS
A chegada dos computadores mudou o ambiente de trabalho, forçando todos a aprender a usá-los. Durante esse processo, algumas habilidades que antes eram essenciais caíram em desuso.
Na época, quem queria produzir um documento com uma aparência limpa recorria a uma máquina de escrever, e todos sabiam como usá-la – o que envolvia dominar algumas habilidades para realizar várias pequenas tarefas.
Aqueles que já tinham experiência eram capazes de inserir rapidamente uma nova folha de papel, ajustar o espaçamento, modificar a sensibilidade das teclas, trocar fitas de tinta e muito mais, sem nem pensar.
Embora seja verdade que hoje a maioria das pessoas conseguiria lidar com essas tarefas, o fato é que, se fossem colocadas na frente de uma máquina de escrever, levariam muito mais tempo para realizá-las do que um trabalhador de 50 anos atrás.
Perdemos essas habilidades porque os computadores não exigem nenhuma delas. Não é necessário inserir papel em um PC. Ao final de uma linha, não é preciso mover a alavanca de retorno. Os processadores de texto fazem tudo isso por nós – ou tornam essas ações desnecessárias.
Mas isso significa que somos menos inteligentes do que nossos antecessores? Claro que não.
ATROFIA COMO SINAL DE EVOLUÇÃO
A alfabetização digital resultou na perda de habilidades das quais ninguém mais precisava. Agora, estamos vendo o surgimento da alfabetização em IA, que promete ser ainda mais transformadora.
Perder habilidades ultrapassadas é um processo natural. Nos anos 1990, ninguém sentiu falta do corretivo líquido com a chegada dos computadores e a tecla “backspace”.
Ainda assim, é importante reconhecer que essas perdas podem gerar desconforto. Para alguns, a transição pode ser vista como um sinal de obsolescência – tanto em relação às suas habilidades quanto a si próprio.
Embora a IA não esteja tirando empregos, essas ferramentas serão essenciais no mercado de trabalho. Aqueles que as dominarem conseguirão se manter em seus cargos e terão mais chances de avançar na carreira. Por isso, todos temos bons motivos para nos manter atualizados.
O que os líderes podem fazer agora é garantir que suas equipes adquiram novas habilidades tão rápido quanto perdem as antigas. A alfabetização em IA deve ser uma prioridade.
Alguns pais temem pelo futuro de seus filhos, que vão crescer em um mundo dominado pela IA.
O primeiro passo é começar a usar as ferramentas por conta própria e observar como a tecnologia os desafia e o que ela torna possível. Essa ferramenta versátil pode ser personalizada para qualquer organização, mas você só saberá o que ela pode fazer quando testá-la.
Parte da empolgação em torno da inteligência artificial é que os usuários ainda estão descobrindo novas formas de utilizá-la. Experimentar essa tecnologia é uma verdadeira forma de exploração e de descobrir do que somos capazes agora que temos essas novas ferramentas.
Incentive sua equipe a “brincar” com a IA, promovendo sessões colaborativas para explorar ferramentas como o ChatGPT. Assim, você vai criar um ambiente onde a inovação é encorajada e novas habilidades são constantemente desenvolvidas.
