Estes são os verdadeiros vencedores do “plano de ação de IA” de Trump

O plano de ação inclui três decretos, agrada grandes empresas de tecnologia e elimina diretrizes da era Biden

Nota de dólar com rosto do Trump e mão de robô segurando ela
O debate sobre o papel do governo no desenvolvimento da IA continuará a moldar as decisões políticas e econômicas dos próximos anos. Créditos:Pixabay/Canva

Guynever Maropo 3 minutos de leitura

A cúpula de Inteligência Artificial promovida por Donald Trump em Washington, nesta semana, reuniu nomes de peso do setor tecnológico. O presidente subiu ao palco ao som de “God Bless the USA” e declarou que os Estados Unidos devem voltar a ser um país onde os inovadores sejam recompensados com sinal verde, e não sufocados por burocracias que impedem seu avanço.

Segundo o The Guardian, a mensagem é clara, o foco federal na regulação tecnológica perdeu força. Trump afirmou que acompanha o tema há anos e declarou ter sido vítima de regulamentações. Os verdadeiros vencedores do "plano de ação de IA" de Trump? Empresas de tecnologia.

Durante o discurso, referiu-se à plateia como “o grupo dos inteligentes... o poder cerebral”. Entre os presentes estavam o CEO da Nvidia, Jensen Huang, o diretor de tecnologia da Palantir, Shyam Sankar, além de líderes de capital de risco e bilionários do setor.

O evento, chamado “Vencendo a Corrida da IA”, foi organizado pelo Hill and Valley Forum e pelo podcast Silicon Valley All-in, liderado por David Sacks, que ocupa cargos na Casa Branca voltados à IA e criptomoedas. A conferência serviu de palco para o anúncio do “plano de ação da IA” do governo Trump, que visa afrouxar restrições ao desenvolvimento e à implantação da tecnologia.

Três decretos executivos formam o núcleo do plano. O objetivo é transformar os EUA em uma “potência exportadora de IA” e reverter diretrizes estabelecidas pela administração Biden, que impôs salvaguardas para o desenvolvimento seguro da tecnologia.

Uma das ordens exige que empresas que recebem financiamento federal mantenham seus modelos de IA livres de “dogmas ideológicos como DEI”, sigla para diversidade, equidade e inclusão. As outras duas priorizam a desregulamentação: uma incentiva a exportação de IA para o exterior e a outra flexibiliza regras ambientais, facilitando a construção de data centers que consomem alta quantidade de energia.

Setor tecnológico investe pesado em lobby para influenciar decisões

O estreitamento da relação entre o setor de tecnologia e o governo Trump teve apoio financeiro direto. CEOs da Alphabet, Meta, Amazon e Apple contribuíram para o fundo de posse presidencial e participaram de reuniões com o presidente em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida.

Sam Altman, da OpenAI, e Jensen Huang, da Nvidia, também se aproximaram do presidente. Huang prometeu investir US$ 500 bilhões em infraestrutura de IA nos Estados Unidos nos próximos quatro anos.

De acordo com a organização sem fins lucrativos Issue One, grandes empresas de tecnologia continuam investindo milhões para influenciar a legislação federal. Em relatório divulgado na terça-feira, a entidade revelou que o setor gastou US$ 36 milhões em lobby apenas em 2025, uma média de US$ 320 mil por dia durante o período de sessões do Congresso.

A Meta liderou os gastos, com US$ 13,8 milhões, e contratou 86 lobistas. A Nvidia aumentou seus investimentos em 388% em relação ao ano anterior, enquanto a OpenAI registrou crescimento de 44%.

Antes do anúncio oficial do plano, mais de 100 organizações, incluindo entidades sindicais, ambientais, acadêmicas e de direitos civil, lançaram um manifesto intitulado “Plano de Ação de IA do Povo”. O documento criticou o domínio de monopólios tecnológicos e advertiu sobre os riscos da adoção irresponsável da tecnologia.

O manifesto alertou para os impactos da IA na liberdade individual, igualdade social, saúde dos trabalhadores, meio ambiente e democracia, destacando que as grandes empresas não devem escrever as regras que moldarão o futuro da sociedade.

Apesar das críticas, empresas como Microsoft, IBM, Dell, Meta, Palantir, Nvidia, Anthropic e xAI elogiaram as ordens executivas. James Czerniawski, do Consumer Choice Center, classificou o plano como uma “visão ousada” e comparou positivamente a estratégia à abordagem regulatória da administração anterior.

O debate sobre o papel do governo no desenvolvimento da IA continuará a moldar as decisões políticas e econômicas dos próximos anos, com Donald Trump colocando a desregulamentação como pilar de sua estratégia nacional.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais