Estudo do MIT revela como o uso do ChatGPT pode afetar o aprendizado
Os resultados sugerem que o uso da Inteligência Artificial não pode comprometer o desenvolvimento humano

O uso prolongado de ferramentas baseadas em Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT, gera impactos negativos sobre a capacidade de aprendizagem e a atividade cerebral das pessoas.
A conclusão é do estudo “Seu cérebro no ChatGPT: acúmulo de dívida cognitiva ao usar um assistente de IA para redação de ensaios”, conduzido pelo MIT Media Lab e divulgado em junho de 2025.
Os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, analisaram como diferentes formas de apoio digital influenciam o desempenho cognitivo, linguístico e comportamental dos usuários.
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Como o estudo foi conduzido?
Durante quatro meses, o grupo de pesquisa acompanhou 54 voluntários divididos em três grupos. Um deles utilizou exclusivamente o ChatGPT para escrever textos; outro recorreu apenas a mecanismos de busca, como o Google; e o terceiro produziu as redações sem apoio tecnológico.
Os resultados mostram que os participantes que dependeram da IA tiveram desempenho inferior em todos os aspectos avaliados, com menor engajamento neural e linguístico.
Conectividade neural reduzida
Durante as atividades, os pesquisadores também registraram a atividade cerebral dos voluntários por meio de exames de eletroencefalografia (EEG).
O levantamento apontou que quem escreveu sem auxílio digital apresentou redes cerebrais mais fortes e distribuídas. Já os usuários de buscadores tiveram atividade moderada, enquanto os que recorreram ao ChatGPT exibiram conectividade neural reduzida, indicando menor esforço cognitivo.
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Na etapa seguinte, parte dos participantes mudou de grupo. Aqueles que migraram do ChatGPT para a escrita independente apresentaram dificuldade de readaptação e conectividade cerebral ainda mais baixa.
O estudo classificou esse resultado como possível sinal de dependência cognitiva. O levantamento também observou menor identificação dos usuários de IA com os textos produzidos, sugerindo redução no senso de autoria.
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Qual o risco para a autonomia intelectual?
O MIT alerta para os possíveis impactos do uso contínuo de grandes modelos de linguagem (LLMs) em ambientes educacionais e profissionais.
Segundo os pesquisadores, a exposição prolongada à IA pode enfraquecer a capacidade de aprendizado ativo e a autonomia intelectual, especialmente entre estudantes e jovens profissionais.
Nesse cenário, os autores recomendam que novas pesquisas aprofundem os efeitos cognitivos e comportamentais do uso de IA na educação.
As conclusões do estudo reforçam o debate em expansão entre especialistas sobre até que ponto o uso de modelos de IA, como o ChatGPT, pode apoiar o aprendizado sem comprometer o desenvolvimento de habilidades humanas essenciais, como pensar, criar e refletir de forma independente.
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