Governo Trump incentiva o financiamento e reduz a regulamentação para IA

Oracle, SoftBank e OpenAI vão se associar para formar uma nova empresa, com o objetivo de expandir a infraestrutura de IA nos Estados Unidos

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Mark Sullivan 3 minutos de leitura

A gigante do software Oracle e o SoftBank Group do Japão viram um crescimento percentual de dois dígitos no preço de suas ações nesta quarta-feira (dia 22). A valorização veio na esteira do anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump de que as empresas farão parte de uma joint venture destinada a investir centenas de bilhões de dólares em infraestrutura de IA.

Oracle, SoftBank e OpenAI vão se associar para formar uma nova empresa, que se chamará Stargate, com investimento inicial de US$ 100 bilhões. O objetivo é criar e expandir a infraestrutura de inteligência artificial nos Estados Unidos – o plano é investir até US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos.

"Essa infraestrutura vai garantir a liderança dos EUA em IA, criar centenas de milhares de empregos e gerar enormes benefícios econômicos para o mundo inteiro", disse a OpenAI em um comunicado no seu site.

A notícia, anunciada no primeiro dia do segundo mandato de Trump, indica que a inteligência artificial será uma prioridade para a nova administração.

Já nas primeiras horas de seu governo, Trump revogou uma ordem executiva de 2023 sobre IA. Na ausência de ação do Congresso, a ordem executiva do então presidente Joe Biden foi um primeiro esforço do governo federal para abordar os ​​riscos sociais e de segurança nacional apresentados por essa tecnologia.

Com base na Lei de Produção de Defesa dos EUA, a ordem executiva obrigava os desenvolvedores dos maiores sistemas de IA a enviar dados de testes de segurança ao governo antes que os modelos fossem lançados. É mais provável que, agora, o governo abra mão de sua função de supervisão.

O QUE DETERMINAVA A ORDEM REVOGADA

Além dos relatórios de testes de segurança, a ordem executiva de Biden determinava que as agências do governo estudassem e desenvolvessem planos para implementar IA em suas próprias operações. Muitas das 50 agências abordadas no documento estavam bem avançadas em suas próprias iniciativas e projetos de IA no final do mandato de Biden.

A ordem executiva também orientava o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST, na sigla em inglês) a criar uma estrutura que as empresas pudessem usar para identificar e corrigir falhas (como viés) em modelos de IA. Esse trabalho está bem avançado e provavelmente continuará, diz uma fonte de Washington.

A revogação dessa ordem executiva não chegou a ser surpresa. Ao longo de toda a campanha eleitoral, Trump prometeu fazer isso depois de ouvir vários grupos do setor. Eles alegavam que cumprir a determinação custaria caro e poderia fazer com que as empresas de IA tivessem que divulgar segredos comerciais.

A nova empresa, que se chamará Stargate, terá investimento inicial de US$ 100 bilhões, podendo chegar a US$ 500 bilhões.

A administração Trump também tem sido receptiva às vozes daqueles que consideram que os EUA estão ficando atrás da China no campo da pesquisa de IA, o que poderia representar uma ameaça à segurança nacional.

Ainda no ano passado, articuladores da campanha de Trump se reuniram com líderes da indústria de tecnologia norte-americana para dar garantias de que não havia intenção de impor restrições e requisitos a pesquisadores e desenvolvedores de IA.

O governo está tentando também outros caminhos para dar vantagem às empresas dos EUA sobre seus concorrentes chineses em termos de infraestrutura de IA. O Departamento de Comércio emitiu, na semana passada, novas restrições à exportação de chips de IA e tecnologias relacionadas para outros países.

Também na semana passada, o então presidente Biden emitiu uma ordem executiva solicitando que os departamentos de Defesa e Energia cedessem terrenos federais para a construção de instalações de geração de energia para os data centers que alimentam serviços e pesquisas de IA. Essa ordem não estava entre as medidas que Trump revogou.

Com informações de Christopher Zara


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais