IA pode eliminar muito mais empregos do que se imagina; entenda o porquê
Levantamento aponta que empresas podem estar omitindo dados de uma situação específica causada pela IA

A Inteligência Artificial segue remodelando o mercado de trabalho, automatizando tarefas e substituindo profissionais, especialmente em funções repetitivas ou baseadas em dados. Embora empresas e desenvolvedores promovam o potencial da tecnologia para gerar novos empregos, os dados apontam para uma realidade mais preocupante.
Segundo a Inc. Magazine, uma pesquisa da consultoria de recursos humanos Challenger, Gray & Christmas revelou que o número de demissões atribuídas à IA pode estar sendo subnotificado.
A empresa analisou dados públicos, documentos governamentais e declarações corporativas. Apesar de a automação ter contribuído para cerca de 20.000 cortes de empregos nos EUA no primeiro semestre do ano, apenas 75 foram oficialmente atribuídos à substituição por IA.
Empresas evitam admitir cortes causados por IA
O vice-presidente sênior Andy Challenger afirmou que as empresas utilizam com frequência o termo “atualização tecnológica” para justificar demissões, o que pode encobrir a real influência da IA nas reduções de pessoal.
Isso acontece especialmente em organizações preocupadas com sua imagem pública, como Apple ou Meta, que preferem evitar associações negativas com a substituição de trabalhadores por tecnologia.
O relatório apontou que, dos mais de 744 mil cortes de empregos nos EUA no período analisado, quase 287 mil ocorreram por motivos relacionados a mudanças lideradas pelo Federal Reserve (DOGE), enquanto 154 mil foram atribuídos a “condições econômicas e de mercado”.
Nesse cenário, os 75 cortes diretamente ligados à IA parecem insignificantes, o que reforça a tese de que muitas demissões estão sendo classificadas sob outros rótulos.
Grandes empresas de tecnologia, como Microsoft e Google, já admitiram que a IA escreve mais de 30% do código usado internamente. Líderes como Andy Jassy, da Amazon, também preveem cortes de pessoal impulsionados pela adoção da tecnologia. Ainda assim, nem mesmo especialistas conseguem estimar com precisão o impacto da IA no mercado de trabalho global.
A falta de consenso entre líderes empresariais e a escassez de dados transparentes indicam que muitas empresas preferem não admitir publicamente o papel da IA nas demissões. Ao fazer isso, evitam o risco reputacional associado a uma aposta que pode ser vista, futuramente, como precipitada.
Com o uso crescente de Inteligência Artificial, a tendência é que mais funções sejam impactadas, ainda que o discurso corporativo continue evitando vincular diretamente as demissões à nova tecnologia.