IA versus automação: como tirar o máximo proveito de cada uma

Hoje, no ambiente de trabalho, as duas tecnologias se complementam. O segredo está em saber quando usá-las

homem com laptop no lugar da cabeça
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Aytekin Tank 3 minutos de leitura

Imagine dois estagiários. Um deles segue à risca todas as instruções: compila pesquisas, agenda publicações nas redes sociais e organiza compromissos na agenda.

O outro também faz tudo isso, mas vai além: encontra fontes extras de informação, sugere melhorias no fluxo de trabalho nas redes e propõe horários ideais para reuniões com base nos padrões anteriores de comportamento.

Esses dois perfis, com funções semelhantes mas capacidades distintas, ilustram bem a diferença entre automação e inteligência artificial. Ambas libertam os usuários de tarefas repetitivas, mas apenas uma – graças à sua autonomia – está mudando a forma como interagimos com a tecnologia.

Sou um grande defensor da automação. Mas automação, por si só, não é uma novidade. Mais de 100 anos atrás, Henry Ford revolucionou a indústria ao criar a linha de montagem móvel, reduzindo o tempo de produção do Modelo T de 12 horas para apenas 90 minutos. Era uma automação mecânica – um sistema criado para otimizar tarefas repetitivas.

No século 21, uma revolução similar chegou ao trabalho intelectual. Se você analisar sua rotina diária, provavelmente vai encontrar várias tarefas que poderiam ser automatizadas com as ferramentas certas.

Às vezes, usar IA é como utilizar um cortador a laser para um trabalho que uma tesoura resolveria.

Pense, por exemplo, em uma repórter cobrindo notícias de última hora: em vez de checar manualmente atualizações a cada 30 minutos, ela configura alertas do Google para receber novidades em tempo real.

Já a inteligência artificial faz mais do que apenas seguir instruções: ela raciocina, se adapta e toma decisões. E agora, com os agentes de IA, essa capacidade foi ampliada. Eles agem de forma autônoma, analisam situações complexas e operam sem a necessidade de intervenção humana.

Gosto da analogia usada pela Google em um estudo recente: agentes são como chefs – selecionam os ingredientes, planejam o prato e fazem ajustes ao longo do preparo. Já a automação seria como um cozinheiro de linha – altamente eficiente, mas segue instruções sem inovar. A IA e a automação se complementam. O segredo é saber quando usar cada uma.

APROVEITANDO O MELHOR DE CADA UMA

Ferramentas de automação são ideais para tarefas repetitivas e baseadas em regras claras. Por exemplo, você pode programar um sistema para mover automaticamente qualquer e-mail com a palavra “X” para uma pasta específica ou sinalizar falhas de segurança a serem analisadas por um profissional. A automação é perfeita para tarefas que precisam ser realizadas de forma consistente e sem desvios.

Já a inteligência artificial é ideal para atividades que exigem raciocínio e adaptação. Imagine, por exemplo, um agente de IA que não apenas transcreve suas reuniões, mas também gera resumos personalizados, cria listas de tarefas e redige e-mails de follow-up – tudo adaptado à sua função dentro da empresa.

Enquanto executa as tarefas, o agente avalia o contexto e ajusta suas ações em tempo real. A grande vantagem é que você pode personalizar o agente de IA conforme suas necessidades específicas.

Crédito: Freepik

No meu caso, por exemplo, criei um agente para me ajudar a gerenciar minha caixa de e-mail: ele filtra spams, destaca mensagens urgentes e arquiva o que pode ser lido depois. Assim, consigo checar o e-mail apenas duas ou três vezes por dia, sabendo que não perderei nada importante, e direciono minha energia para trabalhos mais estratégicos.

Mas será que inteligência artificial é sempre a melhor escolha? Nem sempre. Às vezes, usar IA é como utilizar um cortador a laser para um trabalho que uma tesoura resolveria. Muitas vezes, uma automação simples já basta e traz o melhor custo-benefício.

O primeiro passo é mapear seus fluxos de trabalho e identificar quais tarefas você deseja delegar: as que exigem apenas execução ou as que pedem avaliação e adaptação?

Agentes de IA são como chefs, a automação seria como um cozinheiro de linha.

Automação e IA são duas faces da mesma moeda: ajudam a liberar seu tempo para se concentrar no que realmente importa – criatividade, estratégia e inovação.

Além disso, ao eliminar o trabalho repetitivo, essas tecnologias também ajudam a prevenir o burnout, um problema cada vez mais frequente em uma cultura obcecada por produtividade.

O segredo está em saber quando usar cada uma. A automação aumenta a eficiência, ao passo que a IA eleva seu poder de análise e decisão. Juntas, elas não só economizam tempo, mas transformam nossa forma de trabalhar.


SOBRE O AUTOR

Aytekin Tank é fundador e CEO da Jotform, solução SaaS de formulários online. saiba mais