Por dentro do anunciado investimento de US$ 500 bi da Apple em IA

A fabricante do iPhone planeja investir bilhões em novas instalações de produção, pesquisa e desenvolvimento e em aprendizado de máquina

Crédito: DesignRage/ Getty Images/ Pngtree

Grace Snelling 3 minutos de leitura

A Apple anunciou seu maior compromisso de investimento até o momento: impressionantes US$ 500 bilhões, que serão direcionados para produção, engenharia e esforços em inteligência artificial nos Estados Unidos ao longo dos próximos quatro anos.

A grande notícia surge poucos dias depois que o CEO da Apple, Tim Cook, se encontrou com o presidente Donald Trump para discutir as práticas de fabricação da gigante da tecnologia e as iniciativas tarifárias do governo.

No início de fevereiro, a administração Trump instituiu uma tarifa de 10% sobre todas as importações chinesas e propôs tarifas ainda maiores sobre produtos vindos do México – dois países que são fornecedores-chave da Apple por meio de sua parceira, a Foxconn Technology Group.

Após a reunião entre Cook e Trump na semana passada, o presidente declarou que a Apple planejava fechar fábricas no México e transferir parte da produção para os EUA, afirmando: "eles não querem estar sujeitos às tarifas."

"Cook vai começar a construir", disse Trump a repórteres sobre os planos de investimento da Apple em IA e outras áreas nos EUA. "Números muito grandes – vocês precisam falar com ele. Imagino que eles anunciarão isso em algum momento."

Para onde vai o dinheiro?

De acordo com um comunicado da Apple, os US$ 500 bilhões serão distribuídos entre alguns projetos principais e diversas iniciativas menores.

Para começar, a empresa pretende construir servidores nos EUA por meio de uma nova instalação de 23 mil metros quadrados. A fábrica será localizada em Houston, no Texas, com inauguração prevista para 2026. Em Detroit, a Apple vai abrir a Academia de Produção Apple, uma iniciativa de educação tecnológica.

mão robótica segura uma maçã com molduras de celulares ao fundo
Crédito: koya79/ iStock

"Engenheiros da Apple, junto com especialistas de universidades de ponta, como a de Michigan, vão auxiliar pequenas e médias empresas na implementação de IA e técnicas de produção inteligente", afirma o comunicado.

Além disso, a empresa vai usar parte do investimento para dobrar o tamanho de seu Fundo de Produção Avançada, um programa criado para gerar empregos no setor produtivo do país. Como parte dessa expansão, a empresa deve firmar um compromisso multibilionário para produzir chips avançados nas instalações da TSMC, no Arizona.

Investimento da Apple em IA e aprendizado de máquina

Outro setor que vai se beneficiar da iniciativa é a equipe de pesquisa e desenvolvimento (P&D) dos EUA, responsável por lançamentos de produtos como o recente iPhone 16E. O plano inclui mais investimento da Apple em IA.

Nos próximos quatro anos, a Apple pretende contratar cerca de 20 mil funcionários, a "grande maioria" deles focada em P&D, engenharia de silício, desenvolvimento de software, inteligência artificial e aprendizado de máquina – áreas que, provavelmente, vão moldar os futuros produtos da empresa.

Por que a Apple está fazendo isso agora?

À medida que Trump continua pressionando por tarifas mais altas, os custos de fabricar no exterior estão aumentando para a Apple, especialmente porque a China é seu maior centro de produção.

Enquanto isso, Cook – assim como muitos CEOs de tecnologia durante o segundo mandato de Trump – parece empenhado em manter uma relação próxima com o presidente, o que inclui doações para sua campanha e visitas ao seu resort na Flórida.

Durante o primeiro mandato de Trump, Cook usou essa relação para garantir isenções tarifárias para o iPhone. Agora, ao que tudo indica, esse investimento sem precedentes faz parte da estratégia para guiar a Apple em um cenário político que incentiva a produção em território norte-americano e penaliza a produção no exterior.


SOBRE A AUTORA

Grace Snelling é colaboradora da Fast Company e escreve sobre design de produto, branding, publicidade e temas relacionados à geração Z. saiba mais