Opinião: chats públicos com a IA da Meta são um desastre anunciado
O novo feed social muda de privado para público o status das conversas que o usuário tem com o aplicativo de IA da Meta
Desde que o ChatGPT deu início à revolução da IA generativa, em novembro de 2022, interagir com inteligência artificial tem parecido como uma espécie de "confessionário digital" – uma coisa particular, íntima e protegida do escrutínio público (a menos que você opte por compartilhar).
Isso está prestes a mudar drasticamente com o lançamento de recursos sociais no aplicativo independente de IA da Meta, o Meta AI, disponibilizado na semana passada.
Aquelas perguntas silenciosas – “o que é essa erupção na pele?” ou “como digo à minha esposa que não a amo mais?” – podem em breve se tornar visíveis para qualquer pessoa que estiver rolando o feed da aba Discover do aplicativo.
Se a sociedade ainda está tentando entender como lidar com a inteligência artificial, as mudanças da Meta AI correm o risco de causar ainda mais confusão nesse cenário.
Para usuários experientes em tecnologia, a transição do privado para o público pode ser algo administrável – eles ao menos estarão cientes de que isso está acontecendo.
Mas a maioria das pessoas não acompanha cada mudança de política das big techs e pode nem suspeitar que aquilo que antes parecia uma conversa privada com a IA agora pode virar assunto público, pronto para virar motivo de escárnio. A Meta não respondeu ao pedido de comentário da Fast Company.
A IA rapidamente se transformou em um híbrido de motor de busca e confidente digital. Lembra da vergonha de postar por engano uma mensagem privada em público? Agora imagine isso acontecendo em escala massiva, com milhões de pessoas expondo, sem saber, perguntas e experiências profundamente pessoais.
Essa preocupação não é apenas hipotética. Postagens de usuários do Meta AI já estão aparecendo no feed social do aplicativo, incluindo consultas feitas por voz, como a pergunta de uma usuária sobre ácido fólico – que também revelou sua idade e o fato de ela estar na pós-menopausa.
O feed Discover está se desenhando como um desastre de privacidade em câmera lenta, à medida que os usuários compartilham sem querer fragmentos não filtrados de suas vidas – bem diferente da imagem cuidadosamente construída e lustrada à qual nos acostumamos nas redes sociais.
