Stentrode: chip cerebral permite controlar aparelhos com a mente; entenda como funciona
A principal diferença entre os sistemas da Synchron e da Neuralink, de Elon Musk, está no método de implantação

A startup Synchron, sediada em Nova York, desenvolveu um chip cerebral menos invasivo que já foi implantado em dez pacientes nos Estados Unidos e na Austrália. O dispositivo, chamado Stentrode, é inserido pela veia jugular e estabelece uma ponte entre o cérebro e aparelhos eletrônicos.
De acordo com relatório publicado sobre os testes desenvolvidos pela companhia, a tecnologia permite que pessoas com paralisia controlem celulares, computadores e assistentes de voz apenas com o pensamento e sem necessidade de cirurgia no crânio.
O Stentrode é implantado por meio de um cateter que percorre a veia jugular até o córtex motor, região do cérebro responsável pelos movimentos voluntários.
Após isso, um segundo componente é posicionado abaixo da clavícula para captar os sinais cerebrais e transmiti-los por infravermelho a um receptor externo, instalado no peito do paciente.
Esse receptor envia os dados a uma unidade que os converte em comandos digitais. O procedimento dura cerca de três horas e, após a recuperação, o paciente inicia o uso do sistema.
Durante a fase de treinamento, o chip aprende a identificar os padrões de pensamento do usuário. A pessoa é orientada a imaginar ações simples, como fechar a mão, repetidamente.
Mesmo sem movimento físico, o cérebro continua emitindo sinais correspondentes. Um software com Inteligência Artificial interpreta esses sinais e os transforma em comandos digitais, permitindo que o paciente controle dispositivos apenas com o pensamento.
A principal diferença entre os sistemas da Synchron e da Neuralink, de Elon Musk, está no método de implantação.
Enquanto a Neuralink exige cirurgia invasiva com abertura do crânio e inserção direta no cérebro, a Synchron utiliza os vasos sanguíneos, o que reduz os riscos e permite que o procedimento seja realizado por cardiologistas, sem necessidade de neurocirurgiões especializados.
Chips no celular
Apesar de ter menos eletrodos e alcance mais limitado que o da concorrente, o chip da Synchron já se mostrou compatível com diversos dispositivos populares. A empresa realizou testes bem-sucedidos com iPhones, iPads, assistentes de voz e o headset Apple Vision Pro.
Também lançou um recurso com tecnologia da OpenAI que atua como chatbot para facilitar a comunicação por texto. O próximo passo é eliminar os fios, com uma versão sem conexão física em desenvolvimento.
Atualmente, seis pacientes nos Estados Unidos e quatro na Austrália utilizam o chip. A empresa planeja iniciar um novo ensaio clínico em 2026 com 30 a 50 participantes. A etapa será fundamental para obter a aprovação da FDA, agência reguladora dos EUA, e permitir que o dispositivo seja coberto por planos de saúde.