Veteranos do Uber lançam startup para orquestrar milhares de agentes de IA
Com sua nova abordagem, a Invisible pretende transformar a forma como empresas automatizam processos em larga escala

Minh Pham e JJ Ford sempre souberam identificar o momento certo para apostar na tecnologia. Eles entraram no Uber ainda nos primeiros dias da empresa, onde lideraram o desenvolvimento do app.
Quando o então CEO Travis Kalanick foi afastado, em 2017, os dois também decidiram sair. Kalanick logo criou a CloudKitchens – e Ford foi o primeiro nome para quem ele ligou. A primeira ligação de Ford? Para Pham.
Depois de cinco anos na CloudKitchens, a dupla estava pronta para o próximo passo. Ao longo do tempo, reuniram uma equipe de engenharia que provou sua eficiência tanto no boom do Uber quanto nos desafios de infraestrutura da CloudKitchens.
Mas Pham e Ford tinham uma nova ideia: enquanto muitas startups estavam focadas em criar agentes de IA com funções únicas, eles decidiram apostar em algo diferente: coordenar uma verdadeira equipe de agentes trabalhando em conjunto. Em 2023, fundaram a Invisible, com sede na Califórnia.
“Como criar um sistema que permita que uma única pessoa gerencie milhares de agentes?”, provoca Ford. Ele conta que a dupla usou toda a experiência no setor para desenvolver uma solução diferente de tudo o que já tinham visto no mercado.
POR DENTRO DA INVISIBLE
Hoje, a maioria dos agentes de IA executa tarefas isoladas – como pedir comida ou reservar um voo – sem precisar da ajuda de um ser humano. Pham os chama de “assistentes de tarefas”. A proposta da Invisible é empilhar esses agentes, para que sejam capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, de forma coordenada.
“Nossa meta é transformar os agentes de IA em uma força de trabalho elástica, confiável e escalável para empresas”, explica Pham. “Enquanto muitas organizações ainda pensam em usar um único agente da OpenAI ou da Anthropic, nós queremos oferecer uma plataforma que orquestra vários agentes ao mesmo tempo – como se fosse uma equipe inteira trabalhando junta.”

A tecnologia da Invisible segue um modelo hierárquico. Um agente no topo divide a tarefa principal em partes menores, distribui essas subtarefas entre outros agentes e coordena tudo de cima. “Com essa estrutura, vimos que os resultados vão muito além do que qualquer agente sozinho conseguiria entregar”, diz Pham.
Há três meses, a Invisible lançou o A3 – sigla para Action Agent API (ou API de agente de ação). Eles não revelam seu faturamento, mas confirmaram uma rodada de investimento de US$ 7 milhões no ano passado, liderada pela Quiet Capital.
FORÇA DE TRABALHO FORMADA POR AGENTES DE IA
O A3 funciona com base nos processos já estabelecidos em cada empresa. O Uber, por exemplo, conta com centenas de milhares de “playbooks” – manuais detalhados de operação. Depois de ser treinado com esse material, o A3 permite que a empresa aumente ou reduza seu time de agentes conforme a necessidade.
Pham cita como exemplo o processo de verificação de legitimidade e crédito “conheça seu cliente” (ou KYC, na sigla em inglês) – uma etapa de compliance cara e demorada, que normalmente exige coleta de dados e checagens manuais. “Conseguimos automatizar tudo isso com a empresa em poucos dias”, afirma.
A proposta da Invisible é fazer com que os agentes consigam realizar várias tarefas ao mesmo tempo, de forma coordenada.
O modelo de cobrança da Invisible também reflete essa lógica de força de trabalho. Em vez de oferecer planos por assinatura, como é comum no setor, a startup cobra US$ 0,10 por ação realizada. Segundo Pham, isso equivale a cerca de US$ 12 por hora – similar ao custo de um funcionário – e tende a ficar mais barato conforme a IA evolui.
“Queremos que as empresas enxerguem os agentes como uma força de trabalho. Para isso, tivemos que criar um novo modelo de precificação”, explica. Ford acrescenta: “esse modelo, baseado em ações, permite que as empresas montem um time em minutos, escalem quando necessário e reduzam quando for preciso.”
As implicações de uma força de trabalho composta por agentes de IA são enormes – e potencialmente transformadoras. Mas, seja você fã da ideia ou não, os agentes de IA estão ganhando força. E a aposta da Invisible é que eles serão ainda mais poderosos quando atuarem em conjunto.