3 fatores que estão atrasando a adoção massiva dos carros elétricos

Com a atenção voltada para questões negativas, como acidentes e congestionamentos, quando a autonomia de nível 4 e 5 se tornará realidade?

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Hwee Yng Yeo 4 minutos de leitura

A indústria automotiva está passando por uma revolução com a chegada dos carros elétricos e cada vez mais autônomos. Mas grande parte da atenção está voltada para questões negativas, como acidentes e congestionamentos, que resultam em inúmeras investigações e ações judiciais. Isso tem levantado dúvidas sobre quando e se a autonomia de nível 4 e 5 se tornará realidade.

Embora os veículos autônomos (VAs) tenham o potencial de tornar a direção mais segura, reduzindo o número de acidentes, lesões e mortes, o índice anual de mobilidade da J.D. Power indica que a aceitação por parte dos consumidores ainda é baixa.

Conquistar a confiança do público é fundamental, mas também é algo extremamente complexo e não permite margem para erros. Além deste desafio, o ecossistema envolvido na construção e desenvolvimento de VAs é mais complicado e disperso do que na indústria automotiva tradicional.

A autonomia total dos veículos continuará estagnada até que a confiança seja estabelecida tanto dentro da indústria quanto na sociedade. Será necessário superar as diversas preocupações relacionadas à segurança, mas existem algumas áreas-chave que estão impedindo esse progresso.

1. Desafios relacionados aos dados de navegação e segurnaça

Os veículos atuais são equipados com uma variedade de sensores e redes internas, e os dados coletados estão ajudando a torná-los mais previsíveis. Ao mesmo tempo, as soluções digitais permitem realizar simulações para avaliar seu desempenho em cenários realistas, criando um ambiente no qual os carros autônomos podem tomar decisões precisas, previsíveis e seguras em tempo real.

A busca pela autonomia total é complexa e enfrenta desafios de segurança. É difícil prever quando se tornará realidade.

No entanto, para alcançar a autonomia total, é necessário que a indústria trabalhe em conjunto para criar uma estrutura de compartilhamento de dados que ofereça suporte a modelagens mais inteligentes. Só assim será possível lidar com as questões de segurança relacionadas aos VAs.

À medida que mais softwares são incorporados, o número de vulnerabilidades que hackers podem – e vão – explorar aumenta. Portanto, garantir que todas as possíveis brechas sejam identificadas e eliminadas durante a fase de design é fundamental para proporcionar uma experiência de direção autônoma segura.

2. O panorama regulatório

A implementação de regulamentações é essencial para acelerar a adoção em massa dos veículos autônomos. Com 94% dos acidentes de trânsito sendo causados por erro humano, existe uma oportunidade para a legislação abrir caminho para uma era de direção mais segura.

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No entanto, todo o ecossistema deve estar sujeito a essas diretrizes para gerar confiança. O avanço dos carros autônomos requer colaboração e a implementação de diversos padrões. Com padrões globais e requisitos regulatórios, as preocupações de segurança diminuem e isso ajudará a conquistar a confiança do público.

3. O paradoxo tecnológico

A tecnologia está em todos os lugares e sua complexidade é parte tanto do problema quanto da solução. Os carros equipados com softwares são fundamentais para avançarmos para a autonomia total. Eles geram vastos fluxos de dados que podem auxiliar no desenvolvimento, melhorando a tomada de decisões.

À medida que os softwares inteligentes se tornam cada vez mais comuns nos sistemas de assistência ao motorista, há menos erros humanos e veículos mais seguros são criados.

No entanto, é necessário mais tecnologia para testar se o desempenho dos VAs corresponde exatamente ao esperado e se atende aos padrões de segurança em todos os cenários possíveis – desde a condução em estradas cobertas de neve até a resposta a uma criança atravessando a rua. Isso não é uma tarefa fácil.

A autonomia total dos veículos continuará estagnada até que a confiança seja estabelecida tanto dentro da indústria quanto na sociedade.

Simulações combinadas com tecnologias inovadoras, como inteligência artificial, machine learning e realidade virtual, são essenciais, pois permitem avaliar cada componente e sistema, abrangendo tanto hardware quanto software.

Isso garantirá que os padrões de segurança e qualidade sejam atendidos antes de um carro entrar em produção. Além de economizar tempo e dinheiro, essa é a única maneira realista de testar e avaliar cada modelo em uma infinidade de ambientes e situações em que o veículo pode se encontrar.

Os riscos envolvidos exigem um esforço conjunto para superá-los e o nível de colaboração vai determinar a velocidade da adoção. A busca pela autonomia total é complexa e enfrenta desafios de segurança, portanto, é difícil prever quando se tornará realidade.

No entanto, os avanços em software indicam que até o final desta década haverá uma ideia mais clara de quando teremos um futuro autônomo seguro.


SOBRE O AUTOR

Hwee Yng Yeo é gerente de soluções automotivas e de energia na Keysight Technologies. saiba mais