5 motivos para termos esperança sobre o combate às mudanças climáticas

O ano passado foi o mais quente já registrado, mas marcou também o ponto de virada na tecnologia climática

Crédito: Cup of Couple/ Pexels

Adele Peters 4 minutos de leitura

As mudanças climáticas estão ficando cada vez mais difíceis de ignorar. O Amazonas enfrentou, pelo segundo ano consecutivo, a pior seca de todos os tempos. O Rio Grande do Sul foi devastado por uma enchente histórica. As emissões de gases do efeito estufa continuam crescendo.

Mas também é verdade que as soluções climáticas estão sendo implementadas mais rápido do que nunca. Levou décadas, por exemplo, para o mundo instalar 760 gigawatts de energia solar até 2020. Em 2024, o mundo instalou outros 593 gigawatts, quebrando um recorde estabelecido no ano anterior.

Ou seja, há motivos para ter esperança. Aqui estão cinco tendências que mostram caminhos a serem percorridos na direção certa:

1. Novas soluções climáticas estão se tornando realidade

Algumas indústrias são especialmente difíceis de descarbonizar – por exemplo, o transporte marítimo, já que não é fácil fazer com que navios de carga sejam movidos por baterias elétricas. Mas novas soluções estão se provando com sucesso e ganhando escala. Por exemplo, o maior navio de carga do mundo movido pela força do vento fez sua primeira viagem cruzando o Atlântico em 2024.

Fábrica de combustível verde da Infinium, no Texas (Crédito: Infinium/ Divulgação)

A Infinium, empresa que produz combustível a partir de CO2 e hidrogênio verde – que pode ser usado em aviões, navios e caminhões –, iniciou a produção em escala comercial em 2024. A Twelve, outra empresa pioneira em combustível à base de CO2, espera iniciar a produção em escala comercial em 2025 e fará parceria com a Alaska Airlines para abastecer um voo comercial.

2. Projetos de energia limpa estão crescendo nos EUA

Desde que a Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês) foi aprovada, há dois anos, impulsionando novos investimentos em tecnologia climática, mais de 140 novos projetos de energia limpa – de grandes fábricas de baterias a instalações para produção de veículos elétricos – foram construídos nos EUA, de acordo com levantamento do Clean Economy Tracker. Outros 93 estão em construção e 293 estão em planejamento.

Expansão da fábrica de carros elétricos da Ford em Ohio, nos EUA (Crédito: Rudolph Libbe Group/ Ford)

O presidente eleito Donald Trump quer que o Congresso norte-americano revogue o IRA, embora os empregos que as novas fábricas de energia limpa estão trazendo possam ajudar a mantê-lo em vigor. Mesmo que os incentivos do IRA sejam retirados, o apoio estatal e outros investimentos podem manter o crescimento do setor. Algumas soluções já são mais econômicas para os clientes, mesmo sem incentivos.

3. Veículos elétricos estão ficando mais acessíveis

Na China, onde mais da metade das vendas de carros novos são (supostamente) veículos elétricos ou híbridos, a maioria dos carros elétricos é mais barata do que seus equivalentes a gasolina, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Isso sem subsídios.

Embora as tarifas na União Europeia e nos Estados Unidos limitem a venda de carros chineses baratos, os fabricantes da China estão exportando veículos elétricos a preços acessíveis para outros mercados, incluindo o brasileiro.

Cerimônia de lançamento da pedra fundamental da fábrica da BYD na Bahia (Crédito: Joá Souza/ Governo da Bahia)

No Brasil, já são vendidos carros elétricos da JAC Motors, GWM, Chery (sob a marca CAOA Chery), Xiaomi e BYD. Esta última está adaptando as instalações da antiga fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, para produzir os veículos em território nacional.

Os preços das baterias caíram 20% em 2024, o que também vai ajudar a reduzir o custo dos elétricos. Além disso, novas opções acessíveis vão chegar ao mercado em 2025.

4. A energia solar quebrou novos recordes

Os EUA instalaram um recorde de 32 gigawatts de energia solar em 2024 (o suficiente para abastecer até 32 milhões de lares) e a China, 260 gigawatts. No Brasil até outubro do ano passado, foram instalados 8,87 gigawatts de energia renovável, sendo 5,3 gigawatts de enrgia solar, de acordo com a Secretaria Nacional de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia.

Complexo solar em Janaúba, Minas Gerais (Crédito: Elera/ Divulgação)

A energia solar também está crescendo em lugares menos esperados, como o Paquistão, onde fazendas, fábricas e proprietários instalaram 17 gigawatts de energia solar ao longo do ano para ajudar a combater o aumento do custo da energia movida a combustíveis fósseis.

Em âmbito global, as instalações de energia solar podem atingir 593 gigawatts este ano – 29% a mais do que 2023, que já foi um ano recorde. Embora o crescimento deva desacelerar nos EUA em 2025 devido a tarifas e potenciais políticas do governo Trump, o crescimento global vem se mostrando muito mais rápido do que o esperado.

5. As comunidades estão se tornando mais resilientes

Este foi o ano mais quente já registrado – e incrivelmente destrutivo, de incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal a enchentes no Rio Grande do Sul, além de furacões devastadores no Caribe e nos EUA.

Enchente atinge o centro de Porto Alegre (Crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini)

As cidades não estão nem perto de estarem preparadas. Ainda assim, algumas comunidades estão começando a fazer mudanças que podem ajudar.

Um bairro construído recentemente na Flórida foi projetado para sobreviver a furacões e manter a energia ligada. Em Paris, para ajudar a lidar com o calor e as chuvas extremas, a cidade está "despavimentando" algumas áreas para adicionar mais espaços verdes.

Com informações da redação da Fast Company Brasil


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais