5 perguntas para Tati Sadala, do Todas Group

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 4 minutos de leitura

Cofundadora do Todas Group, escola digital de negócios para mulheres, Tati Sadala atuou na Johnson & Johnson e na Coca-Cola por 15 anos. Mãe da Antonia e do Miguel, ela conheceu o atual marido enquanto cursava MBA na IE Business School em Madri. Tati conta que o Todas Group nasceu “neste novo mundo”, junto com seu filho Miguel, de dois anos – mundo este que só lhe permitiu conhecer a sócia pessoalmente depois de seis meses de startup.

Nesta entrevista à Fast Company Brasil, ela conta o que pensa sobre inovação, sustentabilidade e qualidade de vida, e afirma que ser líder não é uma questão de posição hierárquica e sim de atitude, que começa com a capacidade de liderar a si próprio e as pessoas ao redor.  

O que é inovação para você? 

Inovação é a forma de construir e fazer gestão de um negócio e de vida. Não deve ser um departamento, nem uma estratégia. É cultura. É mudar as métricas de sucesso de como são avaliados projetos e planos. Dar incentivos certos para as pessoas é fundamental. Inovação parte de pessoas. É sobre ter diversidade, equidade e inclusão como cultura e forma de negócio, e não como estratégia. Cerca de 12 trilhões de dólares adicionais ao PIB global até 2025 são oportunidades caso mais mulheres subam para posições de liderança, de acordo com um estudo do McKinsey Global Institute

O que o conceito de sustentabilidade representa para você? 

Existe a sustentabilidade do negócio e das pessoas. Falando de negócio, sustentabilidade é ter visão e compromisso para além do curto prazo. Mais que corridas de 100 metros, lembrar que construir e fortalecer negócios é uma maratona. Na minha opinião, não existe sustentabilidade com incentivos individuais e imediatistas. O tempo médio de executivo numa cadeira é de dois a quatro anos, essa pessoa precisa estar comprometida com os próximos 10, 20, 50 anos. Sustentabilidade também é sobre ESG, D&I, sobre qual o posicionamento, missão e legado que cada negócio quer deixar para o mundo. Por fim, é sobre pessoas, 43% das mulheres sintoma de burnout (de acordo com a pesquisa “Women in the Workplace 2021”, feita pela consultoria McKinsey & Company e pela organização LeanIn), enquanto o número de homens também afetados é de 35%. Isso é sustentabilidade, crescimento saudável nos negócios e nas vidas.

Os músculos da tecnologia avançaram exponencialmente na pandemia, porém os músculos emocionais humanos não acompanharam na mesma velocidade

Qual a habilidade mais importante para o líder nos tempos atuais? 

Adaptabilidade. Poucos anos atrás, líder de sucesso era aquela pessoa que entregava resultados, fazia planos de negócios de três a cinco anos robustos, liderava entregas previsíveis da equipe. O mundo vem mudando muito e muito rápido. Primeiro, hoje ser líder não é uma questão de posição hierárquica, todos podem ser líderes, é uma questão de atitude que começa com a capacidade de liderar a si próprio e as pessoas ao seu redor. Habilidades como alta performance emocional e velocidade de aprendizado passaram a ser essenciais. Com toda mudança no mundo, a digitalização e a constante evolução nos formatos de trabalho, testar, errar e aprender rápido virou mantra não apenas em startups da nova economia como também em grandes organizações da economia real. Os músculos da tecnologia avançaram exponencialmente na pandemia, porém os músculos emocionais humanos não acompanharam na mesma velocidade. Essa habilidade de se adaptar ao novo mundo com tantas mudanças será determinante para o líder pós pandemia.

O que é qualidade de vida para você? 

É estar bem consigo mesmo. No Todas Group, temos um assessment que é Raio-x do bem-estar, que analisa cinco categorias: padrão de vida, confiança e saúde mental, relacionamentos, situação no trabalho e saúde física. A qualidade de vida, assim como o bem-estar, é subjetivo e individual. Portanto, não existe fórmula única, o importante é cada pessoa buscar sua coerência entre o que é importante para si dentro de cada uma dessas categorias e o que está conseguindo colocar em prática. Alinhamento ou desalinhamento desse bem-estar impacta níveis de produtividade e satisfação no trabalho. Para empregadores, colaboradores com maior bem-estar impactam diretamente e positivamente turnover, passivos trabalhistas, absenteísmo e economias em custos relacionados ao burnout. Por fim, acredito que gerenciar a qualidade de vida é chave para ter sucesso. 

Qual o conselho mais importante que você já recebeu?

O conselho mais importante que recebi e impactou diretamente minha decisão de empreender foi de um professor na Singularity, universidade da NASA, que disse: “Não tenha medo de fracassar, tenha medo de ter sucesso em coisas que não importam verdadeiramente para você”. Naquele momento entendi que não era mais sobre a minha carreira acelerada, era sobre as carreiras de todas as mulheres. Havia acabado de ser impactada pelo dado de gap de gênero no mercado de trabalho que custará 134 anos para fechar segundo WEC, e decidi ter uma papel ativo nessa grande missão. O outro é um conselho constante da minha mãe, Gloria Sadala, psicóloga que sempre me disse “minha filha, corra atrás da sua felicidade”. Felicidade não é fotografia, é um filme em movimento. Gera produtividade e alavanca performance. Esses dois conselhos juntos empoderam qualquer pessoa.

 


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais