7 erros fundamentais para empresas com metas de sustentabilidade

Muitas empresas têm metas climáticas, mas poucas estão no caminho certo para alcançá-las

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Mike Stopka 4 minutos de leitura

Recentemente, em uma conferência em Londres, o CEO da Rolls Royce criticou empresas de aviação por não cumprirem as metas climáticas, porém, seu comentário não gerou muito alarde. Este também foi o caso de um novo relatório sobre remuneração de executivos, que revelou que as empresas que mais emitem carbono não incentivam seus CEOs a melhorar o desempenho climático.

Além disso, uma análise mostra que um número crescente de empresas vem emitindo SLBs, ou títulos vinculados à sustentabilidade, associados a metas climáticas “fracas, irrelevantes ou mesmo já alcançadas”.

O fato é que cada vez mais empresas estão passando a adotar metas de sustentabilidade, mas não estão no caminho certo para alcançá-las ou seus executivos acreditam que não as alcançarão. Além disso, os países que se reuniram na COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas no Egito, estão sendo acusados de minar o Acordo de Paris, apenas sete anos após sua assinatura.

Metas são importantes, mas apenas se forem capazes de promover uma mudança real. Por que isso é tão difícil?

o fracasso das metas geralmente ocorre porque grandes corporações não conseguem identificar as barreiras que as impedem de atingi-las.

Um dos motivos são as empresas mal-intencionadas que fazem greenwashing e reportam progressos falsos ou enganosos. Em minha experiência trabalhando com mais de 50 empresas nos últimos 15 anos, muitas delas no ranking Fortune 500, aprendi algumas lições que podem ajudar as organizações a serem bem-sucedidas.

Uma das mais importantes é que o fracasso das metas geralmente ocorre porque as grandes corporações não conseguem identificar as barreiras que as impedem de atingi-las. Essas barreiras variam muito, de limitações tecnológicas à falta de experiência em sustentabilidade na equipe e supervisão ineficaz.

Por exemplo, uma empresa que está enfrentando dificuldades em atingir a meta de desperdício zero. Em vez de identificar a principal causa, ela pula etapas e encomenda novas lixeiras ou contrata mais transporte de lixo, geralmente de forma bem-intencionada, mas não estratégica. Torce para que dê certo, mas é como dirigir sem um mapa e esperar chegar ao destino sem desperdiçar combustível.

Essa abordagem não funciona, já que mesmo as maiores empresas não têm orçamento ilimitado e o planeta não pode esperar.

VENCENDO BARREIRAS

Empresas bem-sucedidas, por outro lado, adotam uma abordagem essencialista, primeiro analisando e identificando as principais causas da estagnação do progresso. Isso permite que concentrem as habilidades e recursos necessários nas verdadeiras causas que as impedem de atingir as metas. Essa abordagem é essencial para uma boa gestão organizacional.

Mas, tendo visto dezenas de grandes empresas falhando em aplicá-la, é importante lembrar:

- Identifique a barreira (antes de iniciar as ações).

- Identifique soluções específicas e conjuntos de habilidades (destinados apenas a essa barreira).

- Mantenha o foco e supere essa barreira (antes de passar para a próxima).

Por exemplo, se você tem uma meta de energia renovável e sabe que sua barreira é a falta de conhecimento da equipe, a abordagem seria diferente do que se faltassem dados precisos sobre o uso de energia. Na primeira, a sugestão seria contratar um especialista em energia; já na segunda, seria adquirir um software de rastreamento de dados e infraestrutura.

empresas mal-intencionadas fazem greenwashing e reportam progressos falsos ou enganosos.

Em muitos casos, as empresas não contribuem para que as equipes utilizem recursos de forma efetiva. Acabam desperdiçando dinheiro e tempo, ou mesmo trabalhando para resolver problemas completamente errados. Mas como identificamos a principal barreira para saber onde focar?

A experiência revela sete barreiras (ou principais causas) que impedem as organizações de alcançarem metas de sustentabilidade ambiental e social:

1) Falta de estrutura de prestação de contas;

2) Falta de clareza sobre o que significa o sucesso da sustentabilidade e como ele está relacionado ao propósito da empresa;

3) Falta de compreensão do atual desempenho de sustentabilidade;

4) Falta de experiência e educação em sustentabilidade;

5) Incapacidade de mudar a maneira como a empresa é conduzida (para um caminho mais incerto, porém mais sustentável);

6) Incapacidade de traduzir estratégia em ação;

7) Incapacidade de comunicar o valor comercial da sustentabilidade.

Até que as empresas identifiquem a barreira que as impede de atingir suas metas de sustentabilidade, elas não serão capazes de implementar soluções direcionadas e fazer progressos significativos.

Uma empresa global de tecnologia, por exemplo, tinha 25 iniciativas independentes de sustentabilidade ao mesmo tempo, muitas das quais eram duplicadas e conflitantes. Nesse caso, sua principal barreira era a primeira das sete: falta de estrutura de prestação de contas. Ela precisava de uma liderança mais forte para supervisionar todos os projetos em andamento, para identificar esforços ineficazes e duplicados.

Adotar uma abordagem que prioriza as barreiras permitiu que os líderes definissem uma estrutura de relatórios e expectativas de responsabilidade que eliminassem o desperdício de tempo dos funcionários, custos adicionais e iniciativas redundantes ou ineficazes.

Para qualquer empresa que esteja com dificuldade em atingir metas de sustentabilidade ou reduzir emissões, priorizar as barreiras é uma forma de encontrar o caminho certo.

Kirsten Melling, Isabelle Kavanaugh, Kathleen Hetrick e Isaac Smith, todos da Buro Happold, contribuíram para este artigo.


SOBRE O AUTOR

Mike Stopka é diretor da Buro Happold, consultoria estratégica de sustentabilidade que ajuda empresas em todo o mundo a reduzir a lacu... saiba mais